A concentração aconteceu na Praça Ary Coelho, a partir das 15 horas, mas durante todo o dia o público pôde participar de ações sociais e educativas, atividades culturais com artistas locais, panfletagem de conscientização e realização de testes rápidos para detecção de doenças sexualmente transmissíveis, com o Centro de Testagem e Acolhimento Itinerante da saúde.
Com o tema “Direitos iguais, nem menos, nem mais”, este ano a Parada contou com a presença da cantora Nikki, finalista do programa The Voice Brasil 2015. Os carros alegóricos e os participantes a pé saíram por volta das 17 horas e a primeira parada foi na Avenida Afonso Pena com a rua 14 de Julho. A partir das 18h30 aconteceu o Show da Diversidade, na Praça do Rádio, e a Festa Oficial da Parada foi na Boate SIS Lounge.
Patativa Flower, vestida de mulher maravilha, era só animação. “Venho pela luta de se mostrar que somos iguais. A parada não é só hoje, tem que ser todo dia. E eu venho com essa roupa alegre, para trazer um pouco de alegria”. No dia a dia, Patativa é Lantieri de Souza, professor de artes, e diz que já sentiu o preconceito na pele. “Já senti o preconceito dos alunos, no início, mas expus minha situação para eles e, a partir daí, houve respeito mútuo”.
A maquiadora Karina Medeiros entrou há pouco tempo no “mundo gay”, como ela diz. “No começo tinha um pouco de vergonha, agora vim para ajudar na causa, para contribuir. Graças a Deus nunca sofri agressão verbal nem física. Estou entrando nesse mundo agora, me abrindo publicamente. Tinha receio porque ainda existe muito preconceito. O conselho que eu dou é que as pessoas sejam mais tolerantes, tenham mais educação, pois este é um mundo tão bonito… As pessoas nem conhecem e já estão criticando. As pessoas só querem ser felizes”.
A dona de casa Gislene Buzetti veio com a filha, as netas e uma amiga da neta e disse ter conhecidos gays. “É divertido, animado, vim para descontrair com a família. Não tenho nenhum preconceito, apoio a parada, todo mundo tem o direito de ir, vir, fazer o que quer. O preconceito não é uma coisa legal, não só com homossexuais, deve doer muito, é ruim você se sentir rejeitado numa sociedade. Acho que as pessoas devem abrir o coração, não ter preconceito com ninguém, se aceitando todo mundo melhora um pouquinho”.
A Miss Transex Mato Grosso do Sul 2016, Daniela Lima, não poderia ficar de fora da festa. “Ser miss foi uma realização, tinha o desejo de ganhar o concurso, mas tem outras coisas envolvidas além da beleza, como ganhar visibilidade para a sociedade, para mostrar que você é uma pessoa normal como qualquer outra, trabalha, estuda”. Daniela é estudante de Educação Física e diz que o que vale é o respeito. “Levar o respeito para onde se vai e mostrar para as pessoas é a base para qualquer tipo de relacionamento. Eu vim de borboleta para mostrar que essa transformação é boa, saudável. Buscar informação e respeito é importante para qualquer relação”.
Lorraine Santana, operadora de telemarketing, e Ana Tainá Ramires, estudante, estão juntas há sete meses e dizem que as famílias aceitaram o relacionamento numa boa. “A minha mãe já sabia, foi de boa”, diz Ana. “Para mim não mudou nada, sempre fui a mesma,” afirma Tainá. “As pessoas encaram de uma forma ridícula uma coisa normal. Tem gente que acha estranho, tem preconceito. Estou aqui pelo mesmo motivo que 90% das pessoas que vieram. É uma forma de se sentir em casa porque todo mundo aqui pensa do mesmo jeito. Queremos mais respeito, mais humanismo”.
Para o presidente do Fórum Estadual LGBT, Frank Rossatte, o apoio das pessoas é fundamental. “Quanto mais pessoas estiverem nos apoiando, melhor para combater o preconceito. Todo dia a gente sofre ataque religioso e de todo tipo de preconceito. Nos juntamos uma vez por ano e as pessoas nos criticam. Acabamos de ter uma reunião com o governador, que apoia o evento, e reivindicamos a criação de um órgão LGBT no governo. Também conquistamos 10 vagas no curso de Técnico de Enfermagem. Queremos que o Plano Estadual LGBT seja efetivamente implantado”.
O secretário de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação, Athayde Nery, participou da parada no carro alegórico e quando desceu, para o show da diversidade, estava bastante entusiasmado. “Estamos aqui para lutar contra a intolerância. Onde existe diversidade, existe respeito. O governo buscar construir o diálogo, dar esse apoio, o próprio governador apoia, para combater a violência banal contra essa forma de se viver. Sinto-me muito honrado de estar aqui e construir o amor ao próximo”.
Karina Lima – Assessoria de Imprensa da Fundação de Cultura de MS.