Campo Grande é hoje uma das cidades mais arborizadas do mundo, uma herança que, segundo o biólogo Rodrigo Nantes, foi deixada em um processo de vinte, trinta anos, quando as árvores foram plantadas, conservadas e mantidas. “Para nós, é um motivo de orgulho ter a cidade tão arborizada, repleta de vida e o reflexo disso para a população é um ambiente mais agradável, mais equilíbrio ecologicamente e que traz um clima diferente na área urbana”. E foi assim que o programa Rádio Livre, da FM 104,7, deu início ao bate papo desta quinta-feira (21), Dia da Árvore.
Esta data em que é celebrado o Dia da Árvore serve para lembrar a importância do meio ambiente e das florestas em geral. A árvore é o maior símbolo da natureza e é fundamental para o funcionamento do planeta.
A Cidade Morena é reconhecida internacionalmente como uma das mais arborizadas do mundo, a capital de Mato Grosso do Sul é certificada como uma “tree city of the world” (cidade árvore do mundo), título criado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Durante a entrevista do dia, o biólogo falou também sobre o privilégio que é viver em Campo Grande e sobre os benefícios que os moradores colhem no clima e também no fluxo de animais dentro dos parques urbanos. Ele lembrou que há um direito constitucional que prevê a garantia a um ambiente ecologicamente equilibrado.
No entanto, o professor também lembra que a falta de consciência ambiental existe, apesar dos avanços. “Ainda temos muitas Áreas e Preservação Permanente em risco ambiental, desmatamento em volta de nascentes e é necessário intervir em um conflito ambiental urbano para que todos tenham acesso e ocupem, de forma mais sustentável, esses espaços”, comentou.
“Eu sou um entusiasta da educação, tenho o olhar sempre positivo do processo e enquanto ser humano, acredito que hoje a humanidade tem mais acesso à informação e consciência sobre o meio ambiente”, explicou o professor. Apesar disso, segundo ele, a falta de algumas informações se reflete em atitudes quando a gente observa a grande quantidade de queimada, lixo nas encostas e resíduos e esgoto nos rios. “Isso é reflexo de falta de consciência ambiental”, que de acordo com ele está longe de alcançar a plenitude,
Ele destaca, neste contexto, as regiões mais carentes como grandes problemas para essa tomada de consciência, em função de grandes problemas sociais enfrentados. “Não cabe jogar tudo nas costas da população, é um problema social”, afirmou.
Durante a entrevista, o biólogo destacou a importância de se cultivar plantas e árvores nativas na região urbana. “Vemos muitas árvores exóticas sendo introduzidas e depois a gente percebe que não são das mais interessantes”, explicou. É o caso da conhecida Ficus, que tem raízes muito profundas e que depois de crescidas acabam estragando calçadas, invadindo esgoto, ou da Sete Copas, com um grande volume de folhas soltas, enfim. Há algumas espécies mais indicadas para as cidades, como é o caso dos oitis, que também existem em grande volume em Campo Grande, os ipês e as frutíferas, como o combaru e o próprio pequi, que também atraem aves e contribuem para o equilíbrio fauna e flora.
Outra questão levantada durante a entrevista diz respeito ao aquecimento global e as altas temperaturas que temos acompanhado pelo País. “As árvores estão diretamente ligadas ao ciclo biogeoquímico da água. Elas transpiram, estão diretamente ligadas ao ciclo da água, ao microclima e ao equilíbrio da temperatura no planeta. Quando você tira uma árvore você muda o ciclo da água daquele lugar, a dinâmica da natureza. Estamos colhendo o que foi semeado nas últimas centenas de anos. Desde a década de 80 o ser humano retira mais recursos do planeta do que é capaz de regenerar”, pontuou.
A entrevista como biólogo está disponível no canal da Rede E no Youtube.