Os próximos dias serão de calor extremo em Mato Grosso do Sul. Uma massa de ar quente pode levar os termômetros a registrarem temperaturas entre 40ºC e 45ºC , enquanto a umidade relativa do ar não deve ultrapassar os 30%. Em Corumbá, as temperaturas podem atingir os 47ºC.
Para falar sobre a previsão do tempo para o mês de novembro, o programa Rádio Livre, da Rádio E 104.7 FM, recebeu nesta quarta-feira (08) o meteorologista Natálio Abrahão, que destacou as principais causas das altas temperaturas no estado e os cuidados que a população pode tomar durante o calor.
Neste ano, o fenômeno do El Niño – que altera significativamente a distribuição de temperaturas na superfície da água no Oceano Pacífico – impactou o território brasileiro. O El Niño faz com que as temperaturas das águas na faixa do Equador aumentem, o que gera um processo de evaporação e de aquecimento entre o oceano e atmosfera. Natálio aponta que o fenômeno tem influenciado na ocorrência de anomalias climáticas no Brasil. “Outubro é historicamente o mês mais quente do ano no Mato Grosso do Sul, com temperaturas muito elevadas, acima dos 37 graus, chegando aos 40. Essas temperaturas são normais quando atingem esses valores próximos de 40 graus, mas o aquecimento global e principalmente o El Niño, estão provocando anomalias, principalmente de temperaturas uma região e chuvas em outra”.
“Há tendência, nós estamos na Primavera, faltando um mês para o início do verão, essas temperaturas vão continuar, e há um detalhe: em 2024 este filme irá se repetir”
O meteorologista ressalta que as mudanças climáticas não afetam apenas o Brasil, mas o mundo inteiro. Na Europa, as temperaturas mais que dobraram em relação à média mundial, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Segundo a Organização, o calor matou 16 mil pessoas no continente. “Para nós, 43 ou 44 graus ainda é suportável, porque nós temos essa característica de altas temperaturas também no hemisfério norte, elas estão se distribuindo em função do aquecimento global, que já é um evento consolidado no mundo”.
“Portanto, quando se fala em aquecimento global, aí você está mexendo com as autoridades, porque as tomadas de decisões em função desse aquecimento devem partir desses setores”
O fenômeno do El Niño, tradicionalmente benéfico para a agricultura, causou deficiência de chuvas no mês de outubro, situação que deve se repetir no mês de novembro. “As chuvas quando vierem, não virão simplesmente para distribuir a água, elas virão acompanhadas de trovoadas fortes, descargas elétricas e rajadas de ventos. Nós não estamos descartando que em algum município do Mato Grosso do Sul, de hoje até final de fevereiro, algo semelhante ao que estamos vendo no sudeste do país”.
Com os recordes de temperatura no Mato Grosso do Sul, o meteorologista alerta para os cuidados com a saúde em função da sensação térmica. “Quando você não tem vento, como acontece na região de Porto Murtinho, nós temos que equacionar o dano que a pessoa sente, então é uma resposta fisiológica. Eu tenho 42 graus, sem vento, com certeza a pessoa está sentindo 50 graus”.
