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10 de dezembro de 2024 - 19:28

Genival Mota: Sobre a brevidade da vida

Genival Mota – Doutorando em Letras na UNESP, campus de São José do Rio Preto. Mestre em Letras.

 

Lúcio Aneu Sêneca, filósofo, nasceu em Córdoba, na Espanha no ano 01 a.C. e faleceu em 65 d.C.; escreveu vários livros. Sêneca defendia a Filosofia como arte da vida. Tive a oportunidade no mês de agosto deste ano, numa tarde, de reler “Sobre a Brevidade da Vida”, deste filósofo que ficou famoso no império Romano no início da era cristã.

“Sobre a Brevidade da Vida” é na verdade uma carta que tem o objetivo de convencer Paulino, que ocupa o cargo de chefe dos depósitos de trigo do Império Romano, a abandonar seu posto e dedicar-se ao estudo da filosofia.

“A vida é suficientemente longa e com generosidade nos foi dada, para a realização das maiores coisas, se a empregarmos bem… Não recebemos uma vida breve, mas a fazemos, nem somos delas carentes, mas esbanjadores… Nossa vida se estende por muito tempo para aquele que sabe dela bem dispor”, afirma Sêneca logo na primeira página do seu texto.

O filósofo deixa claro que para aqueles que não têm um objetivo definido, a vida parece muito breve, porque se envolvem em leviandades. “Alguns não definiram para onde dirigir sua vida, e o destino surpreende-os esgotados e bocejantes”.

Para Sêneca o acumular bens também não prolonga a vida. “Vê aqueles cuja fortuna faz correr a multidão: são sufocados pelos seus bens”. O filósofo observa que não suportamos que invadam nossas propriedades, mas permitimos que se intrometam em nossas vidas, e assim desperdiçamos tempo e desviamos a atenção dos nossos objetivos.

Outro ponto destacado pelo filósofo é a necessidade de reflexão. “Não te envergonhas de reservar para ti apenas as sobras da vida e destinar à meditação somente a idade que já não serve mais para nada? Quão tarde começas a viver, quando já é hora de deixar de fazê-lo”.

Três erros em relação ao tempo quando “lamenta-se a vida passada, queixa-se do presente e desespera-se do futuro”. Sofremos muitas vezes da ânsia do futuro e o tédio do presente. Mas outros se enroscam em muitos afazeres. Sêneca diz que “um homem ocupado não pode fazer nada bem: não pode se dedicar aos estudos liberais, uma vez que seu espírito, ocupado em coisas diversas, não se aprofunda em nada”.

Sêneca afirma com todas as letras que “não há outra coisa que seja mais difícil de aprender, do que aprender a viver”. Viver é uma arte e precisa ser aprendida. “Deve-se aprender a viver por toda a vida, e, por mais que tu talvez te espantes, a vida toda é um aprender a morrer”.

Muitos passam a vida para conseguir determinados cargos ou alcançar altas posições e depois se tornam prisioneiros e não conseguem viver. “Pensaria ter navegado muito, aquele que, tendo se afastado do porto, foi apanhado por violenta tempestade, errou para cá e para lá e ficou a dar voltas, conforme a mudança dos ventos e o capricho dos furacões, sem contudo sair do lugar? Ele não navegou muito, mas foi muito acossado”.

Quando se desperdiça tempo, alerta o filósofo, brinca-se com coisa muito séria. Sêneca defende o ócio criativo. O tempo destinado às artes, a apreciação do belo, a introspecção filosófica. Pensar nas razões da existência. Qual é a verdadeira razão de estarmos neste mundo.

“Se fosse possível apresentar a cada um a conta dos anos futuros, da mesma forma que podemos fazer com os passados, como tremeriam aqueles que vissem restar-lhes poucos anos e como os poupariam! Pois, se é fácil administrar o que, embora curto, é certo, deve-se conservar com muito cuidado o que não se pode saber quando há de acabar… Ninguém devolverá teus anos”. Este é o principal desafio colocado pelo filósofo: valorizar o tempo sem ser escravo dele. “O maior impedimento para viver é a expectativa, a qual tende para o amanhã e faz perder o momento presente”.

“A vida divide-se em três períodos: o que foi, o que é, e o que há de ser. Destes, o que vivemos é breve; o que havemos de viver, duvidoso; o que já vivemos, certo… É próprio de uma mente segura de si e sossegada poder percorrer todas as épocas de sua vida… a reunião de todos os momentos num só torna-lhe longa a vida”.

Sêneca dá uma dica para se começara a aprender a viver. “Podemos afirmar que se dedicam a verdadeiros deveres, somente aqueles que desejam estar cotidianamente na intimidade dos sábios… Nenhum destes forçará tua morte, todos te ensinarão a morrer, nenhum dissipará teus anos, mas te oferecerá os seus… que felicidade, que bela velhice não aguarda o que se dispôs a ser seu cliente”. Ele está defendendo aqui a amizade com os filósofos, através das obras clássicas que eles nos legaram. O passar dos anos, diz o filósofo, só fazem aumentar o valor da sabedoria que ficou registrada pelas artes.

O que fica claro da leitura de “Sobre a Brevidade da Vida”, é que devemos nos afastar da multidão que corre desenfreada e tomarmos tempo para nós mesmos. “A condição mais miserável é a daqueles que regulam seu sono pelo alheio, que caminha segundo as passadas de outro”.

E no final “ter trabalhado tanto por uma inscrição num túmulo”.  Que tal, abrir espaço na sua agenda para a leitura de um clássico?

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