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26 de abril de 2024 - 11:13

Diagnóstico precoce, sua garantia de vida

PrIscila Trauer, repórter e editora do Jornal da TVE (RTVE)

 

Não foi no mês de outubro, nem me lembro com precisão o mês que entrei no consultório do meu mastologista pela primeira vez. Tinha 17 anos e talvez você pense que é precoce demais para uma menina procurar um especialista de mamas… Mas no meu caso não foi pela idade, e sim, necessidade.

Foi só preciso um toque no seio (autoexame) para eu descobrir o primeiro nódulo. Só lembro do meu choro em prantos e da minha mãe explicando para o médico que eu desconfiava de um nódulo. Ai vem a timidez misturada com um sentimento de insegurança, medo, vergonha, e turbilhão de sentimentos que uma menina dentro de um consultório esperando o médico examiná-la pudesse sentir!

Chato ou não tive que tolerar, afinal com 17 anos estamos no pico da adolescência e rebeldia. Querendo enfiar a cara dentro de um buraco tive que aguentar a consulta até o fim! Ela não demorou muito, mas foi o suficiente para sair dali com um documento.

Documento para minha mãe, porque para mim era mais uma ficha de encaminhamento para um exame que eu jamais tinha feito: ULTRASSOM de mama. A guia ainda vinha com a orientação: o exame deve ser feito com uma determinada médica (só entendi a orientação depois de dois ultrassons e da demora em conseguir horário com a médica, a mais requisitada e especialista na área).

Depois de três semanas foi a vez do tão temido ultrassom. A vergonha veio à tona novamente, mas tive que encarrar. Ela era mulher e talvez um pouco mais fácil entender e deixá-la examinar meu seio. A surpresa chegou logo depois que tinha deitado na cama:

– Priscila, o médico detectou dois nódulos?

– Não! Por que?

– E que tem outro aqui!

– Oi? O que? Outro? Que outro? Como assim?

Ela só me respondia:

– Calma.

E, eu… só chorava!

Ela não aparentava espanto, muito menos preocupação. Talvez porque médicos são acostumados e precisam ser frios sem esboçar sentimentos aos pacientes, ou talvez, quantas mulheres já não foram diagnosticadas por ela com nódulos no seio!?

Eu era só mais uma!

Com o resultado do exame nas mãos foi a hora de marcar o retorno, um mês após a primeira consulta. Esse até que foi mais tranquilo… Tranquilo só até antes do médico ver o ultrassom e me examinar novamente. E que ele se assustou com o tamanho do nódulo que estava no ultrassom para o que ele “apalpava”. Quando voltei à sala, ele conversava com a minha mãe e eu só chorava… (rsrsrsr)

– Priscila, precisamos marcar com urgência sua cirurgia?

– Como assim, pra quando? Por que?

– O mais rápido possível. É que o nódulo aumentou rápido demais e ele é fibroso, não será possível nem fazer pulsão. Preciso retirar o nódulo e levar para análise para saber se é benigno ou maligno.

– Mas não tem outra solução?

– Não…

O silêncio da sala foi substituído pelo meu choro… E que choro! Ele foi evoluindo para um choro com soluço. Entrei no carro chorando e cheguei em casa chorando de novo. Chorei até o dia de agendar a cirurgia. Ah, e nos exames pré-cirúrgicos eu só lembro que chorei!!

Um dos momentos legais foi o antes da cirurgia. Recebi muitas ligações de apoio e pensei como era amada pelas pessoas. A única coisa que ficou na minha cabeça foi uma reflexão: será que estão achando que eu tenho um câncer e eu vou morrer? Mas o meu pensamento foi tão positivo que, de verdade, estava longe dos meus planos morrer tão cedo e que um câncer não iria me derrubar!

A chegada no hospital foi outro sofrimento, o pior mesmo ou a parte mais hilária de tudo foi quando estava prestes a entrar na mesa de cirurgia. É que antes é preciso tirar toda a roupa e entregar a uma enfermeira que te acompanha até a mesa cirúrgica.

Quando sai da sala com aquele jaleco ridículo e toda embrulhada e aos prantos a enfermeira me disse:

– Calma minha filha, vai dar tudo certo no seu parto!

Fiquei muda… Ou melhor, eu que já estava chorando, só comecei a chorar mais forte e não conseguia responder para ela que eu não estava grávida….

Foi um longo caminho até a chegada da sala cirúrgica, aí consegui conversar meio chorando, meio gaga meio desesperada, meio tudo nessa hora… Que eu estava ali para fazer uma cirurgia e retirar um nódulo no seio. E detalhe, no seio esquerdo!

Fiquei até pensando que ela podia ser meio cega, porque gordinha eu não era, usava até piercing no umbigo….

Depois só lembro que pedi a presença do meu médico e ela tentava me acalmar… Se é que uma pessoa que acha que você está ali para tirar um nódulo e diz “vai dar tudo certo no seu parto” tem alguma credibilidade nessa hora! Mas tudo bem, esperei!!!!

Lembro que meu médico chegou e disse: – calma, já estou aqui e vai dar tudo certo!

Respirei aliviada, mas apreensiva com tudo. Tranquila porque ele era uma calma em pessoa. Foi me explicando todo o procedimento até eu apagar… Apagar de vez e depois acordar novamente meio dopada… Só ouvi ele dizendo: dorme mais um pouco Priscila, já estou quase acabando…

Quando acordei não pude ver meu seio, não tinha coragem nem de encostar… Lembro da dor e também da minha preocupação em saber o resultado da biopsia!

Após um longo período de descanso em um corredor frio e meio sombrio fui levada até o quarto. Minha mãe já estava no corredor, antes mesmo de chegar em meus aposentos, preocupada querendo saber como estava. Mas a presença dela não durou muito tempo. Como estava na enfermaria do SUS não tinha direito a acompanhante. Confesso que foi bem difícil, era a primeira vez que eu iria passar a noite em um hospital, e ainda assim, sozinha. Quanto aos choros, eles não paravam não…

A noite eu não dormi! Fiquei ao lado de uma moça muito simpática e danada… Danada porque também estava sem acompanhante e tinha tomado anestesia geral – que dá muita tontura quando se levanta muito rápido. Lembro que ela me gritou: chama a enfermeira, tô passando mal… Eu só ergui o braço e elas vieram acudir minha “parceira de quarto”.

A minha alta médica não demorou, o pós-cirúrgico foi perfeito. Mas antes disso chegou alguns mimos… Amigas da faculdade deixaram uma lembrança e recados especiais. No retorno para casa só lembro da dor e dos meus gritos pedindo para ir devagar (é que os pontos doem demais com balanço do carro).

 

Pulando a fase da recuperação, da angustia, ansiedade e outros detalhes vou direto até o dia de abrir o resultado do exame. Que dia esse heim! Ele chegou direto para o médico, quando entrei na sala o envelope foi aberto. O silêncio do médico lendo foi o pior minuto da minha vida!

Antes dele falar, deu para eu ler: FIBROADENOMA*. Quando eu li, logo pensei: vou morrer, que coisa é essa??

Aí vem a resposta mais tranquilizadora de todos os tempos: É UM TUMOR BENIGNO. Nossa que alívio, impossível descrever a sensação de ouvir essa palavra tão nítida que ecoava em meus ouvidos. Só lembro da última recomendação médica, ou melhor, dali em diante talvez foi difícil esconder o sorriso no meu rosto e eu praticamente nem consegui lembrar da recomendação, só pensava que não ia precisar de quimioterapia e de tomar medicamentos mais invasivos. Mas tá, a recomendação era o acompanhamento periódicos para saber se outros nódulos iriam surgir.

Bom, hoje, graças a Deus o período de frequência ao mastologista é longo, a cada dois anos. Mas o autoexame é sempre periódico. Por isso, eu apoio a Campanha Outubro Rosa. Visto essa camisa a favor do cuidado da mulher. Cuide-se, e lembre-se que você pode mudar o seu destino com o diagnóstico precoce.

* FIBROADENOMA – Fibroadenoma – Apresenta-se como nódulos de tamanhos variados, firmes e bastante móveis. São característicos da mulher jovem e têm crescimento limitado. Os fibroadenomas, como todos os tumores benignos, têm um comportamento de expansão apenas local, seu tratamento resume-se à remoção do nódulo, e o seu estudo ao microscópio, o que permite o diagnóstico diferencial de certeza com o câncer. (DADOS DO INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER – INCA)

DICAS AUTOEXAME

INSTITUTO BRASILEIRO DE CONTROLE DO CÂNCER – IBCC

No Chuveiro ou Deitada:

Coloque a mão direita atrás da cabeça. Deslize os dedos indicador, médio e anelar da mão esquerda suavemente em movimentos circulares por toda mama direita. Repita o movimento utilizando a mão direta para examinar a mama esquerda.

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