Quem vê a agroindústria novinha em folha da família Santos não imagina o caminho percorrido pelo casal Jonas e Rosemar. A inauguração do estabelecimento, na última semana, deixou apenas na lembrança a época em que eles não tinham alternativa senão levar centenas de quilos de mandioca na garupa de uma moto, percorrendo 60 quilômetros na BR-163 para vendê-los em Campo Grande.
Contudo, o sacrifício que tem garantido o sustento da família há 15 anos no Assentamento Sucesso, em Nova Alvorada do Sul, os fez crescer. A pequena plantação de apenas cem ramas deu lugar a cinco hectares da raiz e toda a estrutura necessária para processá-las e vendê-las congeladas.
“Houve vezes em que meu marido levou 200 quilos de mandioca, era muito perigoso. O sonho da agroindústria surgiu a partir do momento em que nós vimos que o produto tinha boa aceitação. Não ficávamos com estoques no freezer, vendíamos tudo. Persistimos e os planos foram mudando, até que conseguimos comprar um carro”, conta Rosemar.
O próximo passo foi dado quando a família procurou a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) e a prefeitura de Nova Alvorada do Sul. As duas instituições deram suporte necessário para a construção da pequena planta e para a legalização junto à vigilância sanitária, que permite aos Santos vender as raízes congeladas até para fora do país, se eles quiserem.
“Quando o produtor rural tem dificuldade para iniciar, não adianta somente sonhar sem ter alguém para ajudá-lo. Essa equipe, formada pela Agraer e Prefeitura, nos estendeu a mão para que pudéssemos atingir os nossos objetivos”, diz a agricultora familiar.
Jonas, por sua vez, afirma que o próximo passo da família será a montagem de uma agroindústria de rapadura, que ele já fabrica artesanalmente na propriedade, além de vender milho em bandejas. “Nós vimos que deu certo, lutamos e conseguimos”, diz o pequeno produtor.
Sonhando Juntos
A inauguração da “Mandioca du Sucesso”, como foi batizado o produto da família Santos, atraiu autoridades e a equipe que ajudou na concretização do projeto. Cinthya Ferreira dos Santos Lage é extensionista do escritório da Agraer em Nova Alvorada do Sul e participou da solenidade.
“Nós, enquanto assistência técnica, vimos a necessidade de regularizar o produto da Rosemar e do Jonas, que é muito bom. Dessa forma, eles poderiam expandir os negócios e crescer. Eles abraçaram a ideia e isso foi o pontapé para que pudéssemos chegar até este momento que celebramos hoje”, afirma a servidora.
Para ela, acompanhar o desfecho de mais uma história de sucesso é um incentivo a mais para continuar com o bom trabalho. “É bastante gratificante ver o projeto se concretizando. É satisfatório observar que a agricultura familiar muda vidas e, através dela, nosso trabalho é visto”.
Cleonice Jacomelli, do escritório da Agraer em Campo Grande, também participou ativamente do processo, deixou sua marca na história do casal Jonas e Rosemar e compartilha da opinião da colega sobre colher os frutos da extensão rural.
“É daqui que vai sair o exemplo para outros produtores. Além disso, mantém a família e a fixa no campo. Nós, enquanto extensionistas, pensamos que os agricultores familiares têm que tirar o sustento do campo, da área de produção. Prestamos esse serviço com muito orgulho. Eu gosto de fazer isso e me sinto realizada quando dá certo”, afirma.
O diretor-presidente da Agraer, Washington Willeman, agradeceu o empenho dos servidores envolvidos no projeto e falou da satisfação em estar no assentamento Sucesso para acompanhar a inauguração.
“Sou servidor de carreira da Agraer, mas fiquei 15 anos cedido ao Incra e quando esse assentamento foi cortado eu era o chefe da Divisão de Cartografia. Acompanhei esse desenvolvimento. Era uma fazenda, um pasto e voltar hoje e ver a família Santos com uma casa confortável, tirando o sustento e inaugurando uma agroindústria, uma história coroada de sucesso”, concluiu.
Texto e fotos: Ricardo Campos Jr. – Agraer