No Bom Dia Campo Grande, Mariah Barros reforça que medicação é disponibilizada para meninos e meninas; fake news criam obstáculo para garantir proteção contra diferentes tipos de câncer

Com baixa adesão das crianças e adolescentes, a vacina contra o HPV (papiloma vírus humano, responsável por alguns tipos de câncer) é disponibilizada gratuitamente na rede pública brasileira, inclusive nas unidades de saúde de Campo Grande. Focada inicialmente nas meninas de 9 a 14 anos, a imunização, desde 2016, também está disponível para meninos entre 11 e 14. Nos dois casos, porém, a cobertura vacinal preocupa, conforme explicou nesta segunda-feira (24) ao Bom Dia Campo Grande a coordenadoria de Vigilância Epidemiológica da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Mariah Barros.
Nacionalmente, a meta de cobertura vacinal era de 9 milhões de meninos (80% da população masculina entre 11 e 14 anos), porém, só 22% foram completamente imunizados no país com as duas doses –aplicadas em um intervalo de seis meses. A baixa adesão ocorreu também em Mato Grosso do Sul, onde apenas 53% das meninas e 20% dos meninos tomaram a vacina contra o HPV. Para Mariah, resultado da rejeição dos adolescentes à imunização e da proliferação de notícias falsas sobre a vacinação.
“Há certa resistência dos adolescentes em se vacinarem. Quando se é criança, os pais levam, mas com o adolescente é mais difícil. E também há a questão das fake news, as informações desencontradas sobre a vacinação, como a de que a vacina contra o HPV pode estimular a vida sexual precoce dos adolescentes, o que é uma inverdade”, disse a coordenadora na Educativa 104.7 FM.
Mariah Barros reforçou a importância desta vacina, que protege contra alguns tipos de câncer –como de colo de útero, pele, genitais, vulva, orofaringe e anal. São duas doses, seis meses depois deve ser feita a segunda. Segundo ela, a vacinação de meninos é importante porque garantirá que, no futuro, eles não transmitam o HPV.
Quanto à precocidade sexual atribuída à vacina, ela explicou ser tanto um tabu como uma informação desencontrada, já que bebês são vacinados pouco depois de nascer contra outras ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), como a hepatite B.
Desconhecimento
Assim como o desconhecimento quanto aos efeitos da vacina contra o HPV, uma pesquisa recente apresentada em um congresso de oncologia em Chicago (EUA) aponta que apenas 40% dos brasileiros ouvidos em sete grandes cidades conhecem a relação entre o HPV e o câncer, e menos de 10% sabia que a vacina está na rede pública.
“Pais e educadores deveriam conversar mais sobre o assunto ‘vacina’, que é a principal forma de prevenção de doenças. Principalmente com os adolescentes, para deixar clara a necessidade e o porquê de se vacinar”, destacou Mariah, que aponta dificuldades de ordem financeira e técnica –como a falta de equipes para levar a vacinação com frequência às escolas– para que tal ação seja realizada de forma mais intensa com a população jovem.
“Teria de haver um número de recursos humanos enorme para disponibilizar a vacina nas escolas. Há também o controle de qualidade e de temperatura das vacinas, que ficam em uma sala de vacina”, disse. Durante a semana, todas as unidades básicas de saúde da Capital oferecem a imunização, disponível também nos finais de semana nos CRSs (Centros Regionais de Saúde) Aero Rancho, Coophavila II, Nova Bahia e Tiradentes. “Há possibilidade de a pessoa se vacinar ao longo do ano inteiro”.

Embora disponível para crianças e adolescentes, a vacina contra o HPV também pode ser oferecida a pessoas imunodeprimidas até os 26 anos, desde que indicada por um profissional.
Câncer
O HPV causa câncer, conforme explicou Mariah Barros, porque o vírus “causa dano celular”. “Funciona como um precursor, fica latente até o momento em que a doença se manifesta”, disse. A vacina, que não tem efeitos colaterais, ataca justamente os quatro tipos de vírus que são precursores do câncer, pontuou a especialista.
A preocupação em relação aos meninos, como ressaltou a coordenadora, deve-se à falta de uma rotina de exames que é mais comum às mulheres. Mariah ainda advertiu que a imunização não dispensa outras proteções, como o preservativo. “A vacina não previne contra todos os tipos de HPV e não protege contra outras ISTs, então, não se dispensa o uso do preservativo”, explicou.
Dados do Ministério da Saúde apontam que, no Brasil, ocorrem anualmente 16 mil casos de câncer de colo de útero ao ano, com 5 mil mortes de mulheres por conta da doença. Outros tipos da doença associados ao HPV –como o câncer anal e de pênis– também preocupam. Paralelamente, países que conseguiram um índice de cobertura vacinal superior a 80%, como a Austrália, viu o número de mulheres que desenvolvem algum tipo de câncer cervical cair mais de 50%.
“É de extrema importância proteger. O vírus fica latente, em algum momento da vida, pode se manifestar provocando lesões, causando câncer”, disse Mariah, apelando para que pais ou responsáveis verifiquem a situação vacinal dos filhos e os levem às unidades de saúde para vacinação. “A vacina não dá problema, não dá efeito colateral, pode se vacinar com segurança”.
Carteira de Vacinação
Mariah Barros aproveitou a passagem pelo Bom Dia Campo Grande para também chamar a atenção de adultos quanto a necessidade de atualizarem suas carteiras de vacinação –um processo normalmente lembrado para crianças, adolescentes e idosos.

“Na verdade em todas as faixas de idade temos vacina para tomar. Na infância, adolescência, na fase adulta e para a terceira idade”, advertiu. Quem não tiver mais a carteira de vacinação, segundo a coordenadora, pode comparecer a uma unidade de saúde com o seu número de prontuário no sistema (a Carteirinha do SUS). “Se ela foi vacinada em Campo Grande vai constar no nosso sistema, caso um dia precise do acesso”.
A imunização inclui várias vacinas que demandam reforço na fase adulta, além daquelas que, por algum motivo, a pessoa não recebeu. “Temos uma gama de vacinas na rede pública, contra hepatite, HPV, a meningocócica (contra meningite), influenza, tétano, coqueluche, sarampo, difteria… Os adultos também precisam procurar, porque há vacinas tomadas só na infância e outras na fase adulta”, finalizou.
Sintonize – Com produção de Rose Rodrigues e Alisson Ishy e apresentação de Maristela Cantadori e Anderson Barão, o Bom Dia Campo Grande permite a você começar o seu dia sempre bem informado, por meio de um noticiário completo, blocos temáticos e entrevistas sobre assuntos variados. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30, na Educativa 104.7 FM e pelo Portal da Educativa. Os ouvintes podem participar enviando perguntas, sugestões e comentários pelo WhatsApp (67) 99333-1047 ou pelo e-mail bomdiacampogrande2018@gmail.com.