André Salineiro faz na Educativa 104.7 FM balanço sobre ações recentes da Câmara de Campo Grande, incluindo temas em discussão
![André Salineiro abordou questões de habitação, saúde e transporte durante entrevista ao Bom Dia Campo Grande. (Foto: Pedro Amaral/Fertel)](http://www.portaldaeducativa.ms.gov.br/wp-content/uploads/2019/09/bom-dia-campo-grande-entrevista-andre-salineiro-17-de-setembro-2019-f-pedro-amaral-01-e1568730285341.jpeg)
A proposta para se reocupar o Centro da Capital a partir da antiga sede do Hotel Campo Grande, que pode ser convertido em um projeto de moradia populares financiado com recursos federais, segue dividindo a população e a classe política do município. Com a possibilidade de serem aplicados quase R$ 45 milhões no projeto que resultará em 117 apartamentos, a um custo individual de R$ 388 mil (contra R$ 65,5 mil da média dos projetos habitacionais públicos), o vereador André Salineiro pede que a população siga acompanhando os trâmites da proposta, apesar de considerar que ela sairá do papel.
Salineiro participou nesta terça-feira (17) do Bom Dia Campo Grande. Em entrevista à Educativa 104.7 FM, falou também sobre sua atuação na Câmara Municipal da Capital abordando questões como ampliação nos atendimentos em serviços de saúde e a proposta para abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o contrato de concessão dos serviços de transporte coletivo para o Consórcio Guaicurus.
Confira, abaixo, os tópicos abordados na entrevista concedida a Maristela Cantadori:
Hotel Campo Grande
Salineiro foi questionado sobre o alerta feito em plenário sobre o projeto de habitação popular, a ser financiado pelo Retrofit, uma linha específica do governo federal para reforma e readequação de espaços urbanos com fins habitacionais. Embora tenha destacado o fato de se tratar de verba carimbada, isto é, reservada em Brasília para este fim, o vereador também colocou em xeque a destinação de grandes quantias para o projeto.
“Não é porque é dinheiro público federal que pode se usar de qualquer forma. É dinheiro nosso. Há um deficit de moradias populares em Campo Grande que precisa ser trabalhado por políticas públicas. Até hoje, na Câmara, votamos a favor de iniciativas do Executivo para que esse deficit seja amenizado. Contudo, a questão do Hotel Campo Grande deve ser ponderada, pois é um montante milionário. Devemos saber se compensa fazer toda a estrutura e esse projeto no Centro de Campo Grande pensando na qualidade de vida da população que vai habitar ali”, destacou.
A questão, prosseguiu Salineiro, passa pela atual condição física do prédio, que está fechado há quase duas décadas e teria de passar por restauração em sistemas elétrico e hidráulico. “Isso aí justifica o montante de R$ 32 milhões para reforma e de R$ 13 milhões para desapropriação. Somando, o custo estimado é de R$ 45 milhões e pode aumentar”, afirmou. Segundo o vereador, caso a Emha (Agência Municipal de Habitação) apresente justificativas ponderáveis que condigam com o cenário atual da cidade, a proposta pode receber mais apoios –inclusive o do edil.
Ele alertou, porém, que a proposta não passará mais pela Câmara Municipal, onde foi discutida em audiência. “Foi justamente por isso que chamamos o Executivo para mostrar suas justificativas. Algumas foram apresentadas, outras, não. Mas é um projeto de livre iniciativa do prefeito, que pode ou não buscar as verbas”, afirmou. Salineiro acredita que “dificilmente” o projeto não irá adiante e, por isso, a população deve ficar atenta.
“Principalmente em relação ao Estudo de Impacto de Vizinhança. É um projeto de magnitude muito grande, que vai impactar as pessoas que vão viver ali, as que já moram, os comércios e a população em geral. Por que não trazer um estudo mais aprofundado? Acho que esse projeto merece”.
![“Não é porque é dinheiro público federal que pode se usar de qualquer forma. É dinheiro nosso. Há um deficit de moradias populares em Campo Grande que precisa ser trabalhado por políticas públicas”, afirmou vereador. (Foto: Pedro Amaral/Fertel)](http://www.portaldaeducativa.ms.gov.br/wp-content/uploads/2019/09/bom-dia-campo-grande-entrevista-andre-salineiro-17-de-setembro-2019-f-pedro-amaral-02-e1568730304147.jpeg)
Demora na Saúde
A realização de audiência pública na Câmara para discutir problemas antigos na Saúde da cidade, como a demora para atendimentos e a falta de materiais e medicamentos também foi abordada na entrevista. André Salineiro rebateu a alegação de que a origem das dificuldades é apenas a falta de dinheiro. “É uma desculpa que temos: falta recurso. Sempre faltou e sempre vai faltar, nunca será suficiente. O que precisamos, hoje, é o que pode ser feito por gestão”, opinou.
Ele citou enquete realizada na internet, na qual, entre 1.145 participações, a falta de médicos e a demora nos atendimentos (inclusive para exames e cirúrgicos) foram apontadas como líderes de reclamações.
“São dois quesitos que nos levam a crer que são os recursos humanos, a contratação de material humano e otimização deste, é ponto vital. Não apenas a contratação, mas disponibilização. Muitas reclamações não são de faltar médico, mas da forma com a qual atendem, como cumprem a escala, se só cumprem na hora predestinada e outros, conforme denúncias inclusive de servidores internos, que atendem menos do que poderiam”, relatou.
Salineiro apontou, porém, que a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) tem feito ações para amenizar o problema, como um concurso em vigência para contratar 680 médicos e até 4 mil enfermeiros de forma efetiva. “Estão tendo preocupação para suprir a demanda, mas ainda é preciso um sistema de meritocracia e valorização dos profissionais”.
Outra questão defendida pelo vereador é a implementação de ponto eletrônico para o controle de servidores da Saúde, que já foi alvo de tentativas de implementação. “Só não foi realmente implantado de forma eficaz porque, segundo a Sesau, não há um sistema para monitorar e gerir”, afirmou. Agente da Polícia Federal, Salineiro disse que a implantação do sistema de controle também enfrentou resistências no órgão, até ser acatado –e onde, hoje, há um sistema próprio para controle eletrônico de frequência.
![“Estão tendo preocupação para suprir a demanda, mas ainda é preciso um sistema de meritocracia e valorização dos profissionais”, disse Salineiro sobre contratações na Saúde. (Foto: Pedro Amaral/Fertel)](http://www.portaldaeducativa.ms.gov.br/wp-content/uploads/2019/09/bom-dia-campo-grande-entrevista-andre-salineiro-17-de-setembro-2019-f-pedro-amaral-04-e1568730331913.jpeg)
Em outro viés, Salineiro também defendeu um controle mais eficaz da Central de Regulação Municipal, por meio do controle da marcação de consultas, exames, cirurgias. Em meio a estudos sobre tal ponto, após a audiência, ele disse já haver uma lei proposta pelo vereador Carlão em vigor, mas que não é cumprida, e que permitiria às pessoas saberem em que local da fila de espera por procedimentos médicos estão no momento.
“Por isso, às vezes, o trabalho do vereador é inglório: fazemos a lei, que é aprovada, sancionada e não se aplica”, lamentou. Ele afirma que sua primeira proposta aprovada na Câmara, prevendo o controle eletrônico dos estoques de medicamentos do município –apontando locais onde os mesmos faltam ou estão disponíveis–, em 2017, ainda aguarda regulamentação.
CPI do Transporte Coletivo
Durante o Bom Dia Campo Grande, Salineiro também afirmou que já chega a 7, das 10 necessárias, o total de assinaturas para instalação de uma CPI que visa a investigar a concessão do transporte coletivo da Capital. “Tomara que consigamos. Desde o início fui favorável à proposta do vereador Vinicius Siqueira, apontando descumprimento do contrato quanto a qualidade dos ônibus”, afirmou.
![Salineiro reforçou, durante entrevista, apoiar instalação da CPI do Transporte Coletivo. (Foto: Pedro Amaral/Fertel)](http://www.portaldaeducativa.ms.gov.br/wp-content/uploads/2019/09/bom-dia-campo-grande-entrevista-andre-salineiro-17-de-setembro-2019-f-pedro-amaral-03-e1568730312888.jpeg)
O vereador afirma não ver razões para que não seja aberta uma CPI sobre a atuação do Consórcio Guaicurus, uma vez que afirma haver elementos para a apuração.
“Um dos trabalhos do parlamentar, além de criar projetos de lei, é fiscalizar os contratos do Executivo com a iniciativa privada. Este é um que merece fiscalização mais acirrada, por isso é necessária a CPI”, apontou. A apuração é balizada em informações levantadas pelo Ministério Público do Paraná, sugerindo que o consórcio teve acesso ao edital da licitação, influenciando-o, antes de o certame ser aberto.
Terceiro turno e indicações
Finalizando a entrevista, Salineiro abordou a proposta de Terceiro Turno na área da Saúde, a qual afirmou ter sido proposta por ele ao lado de Cida Amaral trazendo de volta uma iniciativa iniciada na gestão do ex-prefeito Alcides Bernal. Rejeitada em uma primeira apresentação, ela foi acatada pela administração de Marquinhos Trad neste ano.
“Fizemos um projeto para transformar isso em política de Estado e não de governo, isto é, independentemente do prefeito que estiver, vai continuar”, explicou o vereador.
Salineiro também deixou um agradecimento a integrantes do Executivo municipal por terem atendido indicações propostas por seu gabinete –mais de 1,3 mil, segundo o próprio vereador. “Não é função do vereador tapar buraco, fazer ronda de segurança, mas podemos fazer indicações para o Executivo e, graças a Deus, nossas demandas têm sido atendidas”.
Sintonize – Com produção de Rose Rodrigues e Alisson Ishy e apresentação de Maristela Cantadori e Anderson Barão, o Bom Dia Campo Grande permite a você começar o seu dia sempre bem informado, por meio de um noticiário completo, blocos temáticos e entrevistas sobre assuntos variados. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30, na Educativa 104.7 FM e pelo Portal da Educativa. Os ouvintes podem participar enviando perguntas, sugestões e comentários pelo WhatsApp (67) 99333-1047 ou pelo e-mail reporter104fm@gmail.com.