Coronel BM Fábio Catarinelli, comandante da Defesa Civil Estadual, explicou na Educativa 104.7 FM efeitos do ato anunciado na quarta-feira (11)

Publicado na edição desta quinta-feira (12) do Diário Oficial do Estado, o decreto que reconhece a situação de emergência em Mato Grosso do Sul em virtude do alto número de queimadas urbanas e, principalmente, rurais, visa a garantir auxílio técnico e logístico para o combate aos focos de calor que se multiplicaram nos últimos dias. O coronel Fábio Catarinelli, coordenador da Defesa Civil de Mato Grosso do Sul, concedeu entrevista ao Bom Dia Campo Grande desta quinta para explicar a importância da medida, bem como as ações realizadas até aqui para enfrentar a crise ambiental.
O programa trouxe reportagem com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, que no dia anterior anunciou a decisão do governador Reinaldo Azambuja em baixar o decreto de situação de emergência. Segundo ele, os até 300 focos de calor diários em um período seco e de alto calor influenciaram a ação.
“Essas queimadas, hoje, tem um impacto ambiental conhecido: mais de um milhão de hectares já atingidos por incêndios. A previsão de nos próximos dias não termos chuva e haver umidade baixa, com um cenário que não é adequado, tornou necessária a situação de emergência. Enviamos o pedido ao Ministério da Integração para termos apoio com aeronaves. O primeiro pedido foi feito às 7h”, contou o secretário, interessado no suporte por meio de equipamentos do Exército no combate às chamas.
Verruck também salientou o aumento, entre julho e agosto, de 300% no número de focos de calor. Ele ressaltou resoluções do governo estadual que proíbem queimadas, controladas ou não, entre 1º de agosto e o fim de setembro. “Neste momento, ninguém pode fazer qualquer tipo de incêndio, seja urbano ou rural. É importante que as pessoas fiquem alertas e comuniquem os focos de incêndio. Quanto mais cedo soubermos, mais fácil para as equipes trabalharem”.
Entre as situações mais complexas no momento está o incêndio na Fazenda Caiman, em Miranda, e outras propriedades entre Bodoquena e Porto Murtinho. Maurício Saito, presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), também participou da coletiva, onde informou que o setor rural do Estado também sente o problema ambiental que, com o tempo seco, deve atrasar a cultura de soja, que deeria começar em 15 de setembro.
O Cemtec-MS (Centro de Monitoramento do Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos do Estado) também advertiu que um anticiclone no centro do Brasil impede a formação de chuvas. A massa de ar seco seria atípica em condições normais, contrastando com 2018, que teve chuvas acima da média.
Defesa Civil
Em estúdio, o coronel Catarinelli salientou que, diante do grande número dos focos de calor e da ausência de condições naturais para o surgimento de incêndios, as queimadas que atingem o Estado foram provocadas. “Em 90% dos casos, as causas de um incêndio florestal são humanas. A natural é a queda do raio, que acontece, mas com a quantidade de focos de calor no período que vivemos não dá para considerar isso. A causa realmente é humana”, sentenciou na Educativa 104.7 FM.
O comandante da Defesa Civil fez um apelo para que a população se envolva no combate ao problema, simplesmente não utilizando o fogo para limpeza de áreas e alertando órgãos como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) e Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) sobre quem adotar a prática ilegal.

Catarinelli lembrou que a queimada controlada, em períodos do ano diferentes de agosto e setembro (e até outubro no Pantanal), são liberadas como técnica para limpeza de áreas de pasto. Mas, ainda assim, deve seguir regras, como a autorização dada por órgão ambiental, observância a horários e condições climáticas como o vento, implantação de aceiros e talhões e presença de pessoas para efetuar o controle.
“Mas esse não é o caso de agora, onde temos um cenário de proibição”, advertiu. “Não se deve usar o fogo porque ele causa não só efeito em relação ao meio ambiente, mas também na produção rural e na saúde pública”, afirmou o coordenador da Defesa Civil, citando a fumaça que, nesta quinta-feira, cobre praticamente todo o Estado.
Catarinelli também explicou que o PrevFogo e o Ibama mantêm cerca de 100 brigadistas realizando combates em áreas de reservas ambientais e indígenas, enquanto o Corpo de Bombeiros, que já trabalha com uma escala diferenciada para atender aos incêndios –planejada no início do ano justamente pelo histórico de queimadas no terceiro trimestre de cada ano e que, além desses atendimentos, também deve dar conta das outras demandas diárias enviadas à corporação.
O coordenador ainda destacou o caráter “desgastante” dos incêndios, tanto para a saúde da população em geral como para o trabalho de quem atua no combate às chamas, que envolve ainda problemas como a logística para levar equipamentos e água a regiões remotas. E reforçou o apelo para que a população não use o fogo como meio de limpeza de áreas.
Sintonize – Com produção de Rose Rodrigues e Alisson Ishy e apresentação de Maristela Cantadori e Anderson Barão, o Bom Dia Campo Grande permite a você começar o seu dia sempre bem informado, por meio de um noticiário completo, blocos temáticos e entrevistas sobre assuntos variados. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30, na Educativa 104.7 FM e pelo Portal da Educativa. Os ouvintes podem participar enviando perguntas, sugestões e comentários pelo WhatsApp (67) 99333-1047 ou pelo e-mail reporter104fm@gmail.com.