A vida da cantora sul-mato-grossense, Delinha, vai ser retratada em um musical que estreia dia 16 em Campo Grande e para falar sobre esse assunto o Rádio Livre desta terça-feira (10) entrevistou os protagonistas desta história: Délio e Delinha representados pelos atores Flávia Laís Alarcom e Samir Henrique, além do filho do casal, João Paulo Pompeu, radialista e apresentador do programa Só Modão, também pela 104 FM.
“Durante todo o musical a gente vai contar a vida e a infância da Delinha pelo olhar materno da dona Chiruca, [apelido de dona Jerônima], que era a mãe da Delinha e que também viveu esse sonho com ela”, contou Flávia. Segundo ela, toda a história se passa desde a vinda de Delinha com a mãe do distrito de Vista Alegre, em Maracaju, até Campo Grande, com o intuito de realizar o sonho de fazer da filha uma cantora.
“A história também relata o encontro dela com o Délio, o casamento, o início da carreira e todos os momentos marcantes da vida da Delinha, vamos levar ao palco em duas horas de musical”, contou Flávia.
Para o filho da cantora, João Paulo, ter a oportunidade de acompanhar essa história sendo contada, principalmente pelo olhar de sua avó, é muito importante. “Quando o Fernandes [Fernandes Ferreira, produtor e idealizador do musical] me procurou, eu fiquei muito feliz porque ele colocou minha avó como narradora e eu falei, ‘cara, minha avó tem um papel tão importante na vida da minha mãe e simplesmente ela nunca tinha aparecido em lugar nenhum, em matéria de jornal”, contou durante a entrevista.
Ele contou ainda que foi a avó quem trouxe Delinha para Campo Grande e que a levou para cantar na igreja Perpétuo Socorro, no coral das Filhas de Maria. “Ela lavava roupa pra fora pra poder fazer minha mãe estudar, sempre acreditou que ela podia”, relatou.
Flávia lembra que ter sido escolhida por Fernandes para esse papel foi um verdadeiro presente de Natal, isso porque o papel foi entregue dessa forma. “Tenho um presente de Natal pra você”, disse o produtor a ela. Era mês de dezembro, Flavia estava por ali na região central de Campo Grande e foi até o encontro de Fernandes. Ali mesmo no carro, ele entregou-lhe um embrulho. Era a biografia de Delinha, intitulada Por Onde Andei e o convite para representar o papel.
Muito mais do que representar a personagem, para a atriz o papel lhe propiciou contar a história de mulheres muito fortes e que, na década de 50, começaram a fazer história. “Eles foram os primeiros a sair do nosso Estado. Naquela época, para uma mulher sair do seu lugar de origem no interiorzão do País e ir para São Paulo, depois fizeram o caminho de volta, decidiram voltar a viver em Campo Grande e estabeleceram aqui essa carreira, cantando somente músicas autorais. Ela era pioneira em várias maneiras, para além da artista que as pessoas conhecem, das músicas, dos sucessos e composições. A Delinha artista eu já conhecia e já era fã e as pessoas do nosso estado tem essa memória muito latente, tem esse reconhecimento, conhecem as músicas, mas eu me encantei e me encanto todos os dias pela Delinha mulher. A história dela é muito potente, precisa e merece ser contada, as pessoas vão conhecer ainda mais dessa vida e vão se inspirar também”, afirmou.
O principal desafio para ela, foi a questão da passagem de tempo, já que, aos 34 anos, a atriz assume Delinha desde os 19 até os 85, quando faleceu. “Esse processo de envelhecer em cena é um desafio bem grande, o jeito como ela cantava, tentar modular a voz, quando era jovem e depois idosa também”, contou.
Já para o Samir, que nunca tinha feito personagem que existiu realmente, sempre tem uma tensão entre o que vai se contar e narrar. Segundo ele é importante “tentar fugir desse lugar biográfico, preso no sentido histórico, porque tem a carga dramática e a importância das licenças poéticas que a gente toma no meio do caminho de criação, mas ainda assim existe aquela pessoa que teve contato com outras pessoas e para mim o mais legal de todo esse processo desde que fui chamado, foi isso”, pontuou,
Ele conta que, apesar de ter entrado um pouco mais tarde na vida de Delinha, todo o processo de envelhecimento até a morte de Délio também foi um grande desafio para ele, mas o ponto alto foi a quantidade de pessoas trabalhando em cena. O elenco, segundo ele, tem 50 pessoas que vão estar ali, cantando, dançando e interpretando com eles. “Esse processo de muita gente eu nunca tinha feito”, contou.
Delinha: O musical
Através de uma viagem musical o espetáculo coloca no palco 3 atrizes para viver a personagem Delinha em várias fases da sua vida, desde a primeira infância em Vista Alegre, em Maracaju, até seus últimos dias em Campo Grande.
O musical oferece ainda uma visão histórica e cultural do estado que um dia já foi Mato Grosso uno e passou por várias transformações assim como Delinha. Todos os personagens que cruzaram seu caminho estarão no palco conferindo assim um tom histórico ao espetáculo, que será recheado pelos grandes sucessos da dupla Délio e Delinha e também músicas da época do rádio.
As coreografias de chamamé, rasqueado e catira, adaptadas para o estilo musical encherão os olhos do espectador. E o que tocará o coração de todos será a história de Delinha.
A peça estreia dia 16 de outubro com exibição prevista também para os dias 17 e 19 de outubro no teatro Glauce Rocha, em Campo Grande, às 19h45 e os ingressos podem ser adquiridos pelo link .
A entrevista completa com o Délio e Delinha do Musical pode ser acompanhada por meio do canal da Rede E no Youtube. A entrevista foi conduzida pela jornalista Vivianne Nunes e pelo radialista Bernardo Quartin. O Rádio Livre vai ao ar de segunda a sexta-feira das 7h às 8h.
