Professora da Rede Municipal e poeta, Raquel Medina lança seu primeiro livro de poesia na Capital. “Cidade”, primeira obra da escritora, venceu o I Prêmio Ipê de Literatura e será lançada nesta sexta-feira (22), às 19 horas, na Plataforma Cultural da Estação Ferroviária. A entrada é franca.
“O meu livro foi fecundado pela cidade, por essa atmosfera que configura esse espaço citadino”, Com sutileza na maestria de manejar palavras, arte deliberada aos poetas, a professora e escritora Raquel Medina define a sinopse do seu primeiro livro “Cidade”.
Pantaneira de nascimento e campo-grandense de coração, Raquel Medina conta que, embora “Cidade” não seja autobiográfico, o livro explora muito das suas vivências de infância até a fase adulta, em especial, o modo como enxerga o espaço urbano tão cheio de concreto, bem diferente dos cenários de natureza tão conhecidos de Mato Grosso do Sul.
“Eu penso que o meu livro fala muito de cidade porque grande parte, na parte significativa da minha infância, eu morava na fazenda, meu pai era trabalhador braçal, eu, meus irmãos, meus pais morávamos no campo. Por conta dos estudos, a gente se mudou para Miranda, que se tornou um lugar de morada, mas, principalmente, um local onde você fica porque precisa resolver as situações cotidianas”, lembra Raquel que, de lá para cá, só fez se aproximar ainda mais desse local de concreto: a cidade.
“Adulta, me mudei para Três Lagoas para fazer mestrado e eu morava numa avenida muito barulhenta, dia e noite. Aquele barulho entrava no meu sono, no meu sonho, e ficou no meu poema, e até hoje está, todo esse barulho”, diz Raquel em bom humor para fazer essa analogia da sua relação com a urbanidade. “Depois vim para Campo Grande, por causa do trabalho. Mas, percebo que, ainda, em certos bairros de Campo Grande, quando você precisa resolver alguma coisa, você diz, ‘eu vou me arrumar, amanhã eu vou pra cidade’. Então, é como se a cidade fosse algo sempre longe da gente, mas algo que você sempre precisa, que está sempre em busca, que você deve se preparar para ir, como se fosse algo desafiador, algo a ser enfrentado”.
Com 37 anos, Raquel Medina destaca a relevância do prêmio Ipê de Literatura por dar possibilidade, para escritores como ela, de publicar seu livro. No misto de alegria e ansiedade, como a criança que sempre foi apaixonada pela escrita, Raquel revela que, além da figura da cidade tão presente em sua história, também traz nas páginas outras referências que os aficionados por literatura, talvez, possam se identificar com ela, são a tríade de poetas: Manoel de Barros, Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade.
“Manoel ensina a gente a ver, a rever, a transver e observar as coisas com mais sutileza, as coisas que são rasteiras, as coisas pequenas. Drummond, outro incrível, no meu livro eu dialogo com a poesia dele respondendo alguns de seus escritos, um atrevimento literário de minha parte, e a Cecília por ser essa artista, mulher, que tem sutileza, força e densidade em sua poesia. Três referências que, em Cidade, diretamente ou não, estão ali o tempo todo”.
Como toda cidade que é configurada por elementos tão distintos e que, por vezes, se complementam, não raro nas páginas do livro é comum sentir a presença de Maneco que, na figura de um pássaro, sempre visita as narrativas poéticas da professora. Um animal sem ninho que, nos lares de cimento, busca o seu próprio lugar.
“Manoel ensina a ver a grandeza de um passarinho, por exemplo, em detrimento de um avião. E a imagem do passarinho no fio de alta tensão, que pousa, descansa e esquece esse fio, talvez, buscando o seu lar, inventando o seu lugar na cidade, é algo que me comove”, diz a escritora que se vê nessa imagem, “desse pássaro no cimento, desse pássaro que beberica água ali no meio fio, observando tudo ao seu redor, perdido, apreciando, serelepe, enfim, como se a cidade fosse um grande quintal”.
Aos interessados em conhecer mais do trabalho da professora e escritora, a oportunidade chega com o lançamento da obra na sexta-feira (22), em uma noite de autógrafos e um bate-papo com a autora. O livro também poderá ser adquirido por R$ 30,00.
A publicação de “Cidade” é fruto do Prêmio Ipê de Literatura, promovido pela Sectur – Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande, instituição vinculada à Prefeitura Municipal de Campo Grande. Outras informações sobre o livro e o evento de lançamento acesse o Instagram: @bora_de_poesia.
Reportagem: Lucas Arruda e Raquel Lira
Fotos: Acervo / Arruda Comunicação