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7 de maio de 2024 - 14:08

Painelistas apresentam agenda para o agronegócio pós-pandemia

Um dos mais importantes carros-chefes da economia nacional e mundial, o agronegócio não escapa aos impactos da pandemia da Covid-19. Mas o pânico do primeiro momento pode esconder novas oportunidades, seja em pesquisa, no campo ou no consumo.

Essa e outras possibilidades foram debatidas na Live “Prospecção de pesquisas futuras para o agronegócio pós Covid-19”, realizada recentemente pelo Programa de Pós-graduação em Administração (PPGAD/UFMS).

As opiniões dos painelistas Eduardo Eugenio Spers (Esalq/USP), José Eustáquio Ribeiro Viera Filho (Ipea/Mapa), Marcos Fava Neves (FEA/USP e Eaesp/FGV), Junior Ruiz Garcia (PPGDE/UFPR) e das professoras do PPGAD Adriana Carvalho Pinto Vieira, Silvia Caleman e Thelma Lucchese Cheung compuseram uma Agenda de pesquisa para o agronegócio pós-pandemia.

Pesquisa
Professor da Faculdade de Administração da USP (FEA/USP) e da Fundação Getúlio Vargas (Eaesp/FGV), Marcos Fava Neves acredita que crises impõem redirecionamentos de ações e os melhores ajustes de foco podem representar oportunidades para um país como o Brasil, tornando-o um importante fornecedor mundial de alimentos.

Frente a essa realidade, cinco temáticas tornam-se prioritárias no desenvolvimento de pesquisas, segundo o pesquisador: ambiental; inclusão sustentável; inovação e P&D, educação e geração de caixa.

“A liderança do Brasil no fornecimento mundial de alimentos e de bioenergia será dependente de investimentos em indicadores de sustentabilidade, expansão racional das áreas de produção, modelos de produção de proteína animal alinhados às questões de meio ambiente, além de investimentos em pesquisas sobre a economia circular, a produção local, a gestão de perdas de alimentos e resíduos, o pagamento por serviços ambientais e os temas que tangenciam a bioeconomia e energia renovável”, diz Marcos.

Olhar para os problemas reais e depois voltar-se para a literatura talvez seja, neste momento de ruptura e mudanças, a melhor forma de se fazer pesquisa. A afirmativa é do Professor da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) Eduardo Eugênio Spers.

“Embora as teorias permaneçam as mesmas, a sua validação e a proposição de novos modelos analíticos alternativos neste novo ambiente do agronegócio permite pensarmos em temas de pesquisa que trazem soluções inovadoras por meio do rigor exigido pelo método científico”, explica.

O professor sugere temas como a dimensão econômica devido ao impacto da pandemia na segurança alimentar (food security), na produção agrícola familiar e no consumo de alimentos por famílias com maior vulnerabilidade financeira; a eficiência da produção das cadeias agroalimentares, principalmente no que se refere à sua capacidade de atender aos novos padrões de sanidade, qualidade, rastreabilidade e segurança dos alimentos (food safety), além da sustentabilidade, que já era um tema relevante antes da pandemia e, por fim; o uso de aprimoradas e novas tecnologias e plataformas que podem permitir uma maior e melhor comunicação à distância, bem como novas e eficientes relações de mercado e coordenação vertical.

Para a professora da Escola de Administração e Negócios (Esan) e coordenadora do PPGAD, Thelma Lucchese Cheung, o estudo sobre as transformações provocadas pelos efeitos da crise nos modos de consumo dos indivíduos evidenciam a necessidade de os pesquisadores tratarem as informações a partir de uma análise multivariada.

“O fenômeno do consumo, estudado a partir dos pontos de vista da antropologia, da sociologia e da psicologia auxiliam uma melhor interpretação dos comportamentos individuais e coletivos em meio à pandemia. As incertezas de ordem econômica, as alterações no núcleo social do domicílio e as novas tarefas domésticas causam desordem cognitiva nos consumidores, gerando ansiedades e mudanças de conduta. Do lado da oferta, interessante é pensar que tanto as cadeias produtivas quanto às indústrias de alimentos, há alguns anos, vêm se esforçando em dar respostas às cobranças da sociedade em relação à quantidade de alimento que deve ser produzida para atender uma demanda crescente”, aponta.

Cadeias mais curtas, inovação quanto à oferta de proteínas alternativas (plant based, algas e insetos comestíveis), maior informação sobre a origem do alimento, sobre as boas práticas de produção, além da possibilidade de rastreamento do caminho percorrido pelo alimento até a chegada ao ponto de venda representam evoluções dos sistemas agroindustriais e respostas às cobranças mencionadas, segundo a professora.

“Contudo, nota-se que os efeitos da crise impactam a procura por alimentos representativos dessas major trends. O sentimento de precaução dos indivíduos prevalece também nas escolhas de alimentos, suscitando debates sobre a noção de risco em meio à pandemia. Mas, quais serão os fatores geradores de confiança pós pandemia? Quais serão os atributos mais competentes em fazer com que consumidores percebam benefícios nos produtos escolhidos? Todas as fichas em conceitos como o one health (integração entre saúde humana, animal e o meio ambiente) e tecnologia de blockchain (transações auditáveis e rastreabilidade ao longo da cadeia)”, afirma.

Gargalos e políticas públicas
Diretor de Programa na Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho acredita que para combater os efeitos adversos da crise gerada pela pandemia há dois conjuntos de políticas: um amplo e outro específico.

“De forma específica, para minimizar impactos negativos, além do monitoramento das centrais de abastecimento e das diversas regulamentações (transporte, colheita e feiras livres), o Mapa atuou em três tipos de intervenção: prorrogação das operações de crédito (investimento e custeio); criação de linha de crédito especial para pequenos e médios agricultores; e manutenção e expansão de programas (aquisição de alimento, compra com doação simultânea, e merenda escolar).

Quanto à prospecção de pesquisas futuras, José Eustáquio julga ser preciso compreender em que medida o tripé macroeconômico (controle inflacionário, câmbio flutuante e ajuste fiscal) influenciará a dinâmica do setor agropecuário, já que se tem redução dos juros, desvalorização cambial e aumento do gasto público.

Para que o país seja ainda mais competitivo há a necessidade de fortalecer o ecossistema de inovação nos ambientes produtivos do agronegócio. Essa é a aposta da professora do PPGAD/UFMS Adriana Carvalho Pinto Vieira.

“Para isso, dever-se-ia pensar em ações entre agentes do estado as quais integrem a pesquisa de base, empreendedores, atividades de design, capital, logística e marketing. As relações entre universidade-indústria-governo são vistas como estratégicas para incentivar a dinâmica da inovação, com mais duas hélices nesta articulação: sociedade e meio ambiente. Para desenvolver o Triple Helix regional há a necessidade se ter uma organização regional de inovação e iniciadores regionais de inovação. O fortalecimento destes ecossistemas estimula o empreendedorismo e a colaboração pública e privada, de modo a promover a criação, desenvolvimento de produtos e tecnologia e, consequentemente, a geração de maior valor aos produtos do setor”, expõe Adriana.

Grande gargalo do agronegócio, a distribuição mantém-se como um problema a ser solucionado. “Por mais que a sociedade esteja vivendo uma pandemia, os problemas históricos e estruturais do agronegócio, especialmente no setor agropecuário, não foram equacionados, tais como a concentração da produção agropecuária e os problemas logísticos”, diz Junior Ruiz Garcia, do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Econômico (PPGDE/UFPR).

O painelista lembra que o Censo Agropecuário 2017 mostra que 10% dos estabelecimentos responderam por 86.4% do valor total da produção; e que apenas 2% dos estabelecimentos (108 mil) responderam por 71% do valor total da produção.

“Esse cenário indica que importante parcela dos produtores ainda está à margem da dinâmica de mercado. Esse ainda é um enorme desafio a ser enfrentado pela sociedade, portanto, um importante tema de pesquisa e de política pública. Os históricos problemas logísticos representam outro importante desafio para a sociedade. A produção agropecuária é excessivamente dependente de insumos externos, portanto, os problemas logísticos comprometem a sua competitividade. Como o produtor rural é tomador de preço, existem limites para garantir o constante investimento necessários para manter sua competitividade em razão dos problemas históricos. A pandemia exige atenção com o sistema logístico e a agropecuária, porque contribui para disseminar a covid-19”, afirma Junior.
Resiliência
A professora do PPGAD/UFMS Silvia Morales de Q. Caleman (UFMS) afirma que em tempos de covid-19, torna-se oportuno falar sobre resiliência organizacional, seus fatores determinantes, seja sob o aspecto das organizações/ empresas do agronegócio seja no âmbito da coordenação de cadeias produtivas.

“Neste aspecto, o olhar sobre resiliência decorre de um contraponto às falhas organizacionais, aos conflitos que geram ineficiência. Resiliência é a capacidade da organização em reagir positivamente a uma falha organizacional, real ou potencial, promovendo os ajustes necessários na sua estratégia. Discute-se a flexibilidade, a adaptabilidade e a capacidade de desenhar estratégias em ambientes voláteis, incertos”, expõe.

Entre outros fatores a serem investigados, completa Silvia, destaca-se a dimensão da governança, tanto sob a ótica de governança corporativa quanto de governança das cadeias produtivas, que assumem o papel de uma ferramenta que contribui para a minimização das falhas organizacionais e consequentemente para a construção da resiliência em ambientes de incerteza.

“Sob a temática da governança corporativa de empresas rurais, constata-se uma importante interface com a discussão da sucessão geracional da família empresária; ao focar a governança de cadeias produtivas, discutem-se o redesenho de contratos e as novas soluções organizacionais para o encaminhamento das questões relacionadas à segurança do alimento e sustentabilidade; governança em cooperativas é outra face que não deve ser negligenciada: cooperação e ações coletivas estão na essência das estratégias orientadas para a redução das incertezas em momentos de turbulência”, completa.

Texto: Paula Pimenta (com informações da Agenda de pesquisa para o agronegócio pós-pandemia)

FONTE: UFMS

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