Campo Grande (MS) – Na noite desta quarta-feira (21), o Museu da Imagem e do Som (MIS), unidade da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), abriu as portas para a palestra “Linguiça de Maracaju: aspectos culturais e econômicos para além do município”, com a professora Daniela Garcia Corrêa de Assis. O encontro é parte da programação da 10ª Primavera dos Museus, realizado pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Secretaria de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação (Sectei) e FCMS.
O evento contou com a presença da família Marcondes, fundadora da famosa Linguiça de Maracaju, da superintendente de Economia Criativa, Cláudia Medeiros, do gerente de Patrimônio Cultural da FCMS, Caciano Lima, da coordenadora do MIS, Marinete Pinheiro, além de representantes culturais e gestores da cidade de Macaraju e acadêmicos.
Desde 1998 a cidade de Maracaju está no Livro dos Recordes, o Guinness Book, por ter produzido a maior linguiça contínua do mundo, com 31 metros de comprimento. Tamanha popularidade levou a família a criar novos projetos. “Em 1927 minha avó construiu a casa onde hoje produzimos a linguiça. Depois de tanta história e conquistas alcançadas como a tradicional Festa da Linguiça, nosso próximo passo é construir o Museu da Linguiça”, revela o fundador Gilson Marcondes, de 81 anos.
A origem da Linguiça de Maracaju está ligada à tradição de famílias que colonizaram os campos da serra de Maracaju. “É muito importante sabermos um pouco da história e tradição que a linguiça carrega, trata-se de um bem cultural e está totalmente ligada a nossa cultura”, enfatizou o gerente de Patrimônio Cultural da FCMS, Caciano Lima.
Pouco antes da palestra, Cláudia Medeiros explicou alguns conceitos de Economia Criativa mostrando o quanto a gastronomia faz parte do processo econômico e cultural. “É importante entendermos todos os setores da economia criativa, e a gastronomia é um deles, não menos relevante. Para se tornar uma Economia da Cultura ou Economia Criativa é necessário ter um foco econômico junto a gestão de negócios que se origina do conhecimento e da criatividade focada em produção de bem e serviços para geração de trabalho e renda. A linguiça de Maracaju sem dúvida é um bom exemplo disso”, colocou a superintendente.
Um pouco de história
As principais famílias colonizadoras vieram do triângulo mineiro e trouxeram a tradição da produção da linguiça caseira, que era feita com carne suína inicialmente e foi substituída pela carne de boi, levando em conta a tradição da pecuária bovina que já predominava em nosso estado. “Quando eles vieram de Minas Gerais nos carros de boi já tinham o costume de fazer a linguiça, mas era com porco. Chegando aqui a produção maior era de gado e a produção foi adaptada. Até hoje a receita verdadeira é feita com laranja azeda (conhecida como laranja brava do cerrado) e temperos totalmente naturais”, explicou a professora Daniela Garcia Corrêa de Assis.
Devido à dificuldade de armazenamento e conservação das carnes, as famílias usavam as carnes de primeira, para fazer linguiça e as demais para fazer o charque.
Como toda produção era artesanal, toda a carne era cortada à faca, temperada e depois de embutida era deixada por algum tempo para que secasse e assim pudesse conservar por mais tempo o produto. Iguaria de uma simplicidade ímpar, de sabor único e principalmente por ser um produto de origem 100% sul-mato-grossense atravessou as fronteiras do nosso estado agradando o paladar de todas as gerações e também de pessoas dos mais distantes lugares.
Saiba mais sobre a linguiça de Maracaju
(Texto e fotos: Alexander Onça – Sectei)