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10 de dezembro de 2024 - 20:12

Em Bonito guavira é especiaria e já tem até essência extraída com aroma único

A Capital do Turismo de Mato Grosso do Sul completa 69 anos na segunda-feira, 2 de outubro, e a guavira, aquela frutinha verde, com sabor docinho, ‘que dá em qualquer lugar’, está inteiramente ligada a essa história. Basta você perguntar para qualquer bonitense, de ‘mamando a caducando’, o que é guavira, que ele já te da uma aula detalhada e ainda mostra onde você pode achá-la.

A fruta está tão presente na vida dos moradores, que já ganhou até festival na cidade e é componente de dezenas de pratos e bebidas, seja no picolé da sorveteria da esquina, ou no drinque daquele barzinho badalado.

E a quem diga que tem muito ‘marmanjo’ na cidade, que é filho da guavira. “Hoje nem tanto, mas até um tempo atrás, os casais iam para os guavirais e nove meses depois nascia à criança, filho da guavira”, conta um veterano da cidade.

Atualmente, produtores e chefes de cozinha têm estudado formas de utilizar a fruta por mais tempo, já que a guavira só floresce uma vez por ano, entre novembro e dezembro. A chefe Letícia Krause, idealizadora do projeto ‘Cata Guavira’, festival gastronômico que tem a fruta como ingrediente principal, apresentou durante audiência pública para debater a importância da preservação dos guavirais, um pozinho extraído da fruta, que pode ser utilizado como especiaria na culinária durante todo o ano e também, uma essência recém extraída, que possui o aroma adocicado da guavira e pode ser explorada de diferentes maneiras.

“Quem vem a Bonito quer levar um pedacinho daqui embora. Um cheiro, um sabor, uma experiência. Eu acredito que a essência da guavira pode ser explorada para fabricação de aromatizantes, sabonetes e até mesmo como cosmético, porque além de muita cheirosa, possui diversos benefícios a saúde”, destaca Letícia.

Benefícios esses, que foram confirmados pelos pesquisadores da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural). A engenheira agrônoma, Ana Cristina Araujo Ajalla destacou, por exemplo, que a guavira pertence à mesma família da acerola, goiaba e pitanga e que possui cinco vezes mais vitamina C que a laranja. “Ela pode ser utilizada inclusive, como complemento no tratamento de tuberculose”, acrescenta.

O problema, porém, é que além da sazonalidade, os guavirais estão desaparecendo e a produção controlada demora a dar resultado. “Desde 2007 a Agraer está cultivando guavira e já tivemos muitos progressos, no sentido de aumentar a qualidade de produção, com frutos maiores e até mesmo uma safra maior. Só que ainda não conseguimos fazer com que floresça mais de uma vez por ano, por exemplo. Isso sem falar também, no tempo que leva para fazermos as mudas. Para ter uma ideia, vai mais de um ano para podermos levar a muda para o campo e depois disso, são pelo menos mais dois para florescer”, detalha Ana.

As discussões sobre a importância de se preservar os guavirais nativos e também em desenvolver técnicas de cultivo controlado fazem parte do projeto de lei que quer tornar a guavira fruta símbolo de Mato Grosso do Sul. De autoria do deputado Renato Câmara, o projeto segue em tramitação na Assembleia Legislativa, sob analise da Comissão de Turismo, Industria e Comércio.

Audiência pública foi realizada na cidade para debater importância da preservação da fruta (Foto: Jabuty)

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