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10 de dezembro de 2024 - 19:55

De carro, casal parte da Capital e conquista o “Fim do Mundo”

Chegada do casal em Ushuaia aconteceu no dia 30 de dezembro, possibilitando comemorar a chegada do ano novo na Argentina

Mais de mil fotos, 14 mil quilômetros rodados de carro, uma noite que ainda era dia! Esse foi o sonho realizado do suboficial da reserva da Base Aérea de Campo Grande, Janio Wanilton de Oliveira, 54 anos, ao lado da esposa, a arquiteta e servidora pública Maria Moura, 50 anos. Estou falando de uma viagem da Capital até Ushuaia, na Argentina, a bordo de uma Pajero Sport 4×4 2010, totalmente adaptada para o casal e montada por ele.

Muita informação? Calma, você ainda não viu nada. Afivele bem o cinto de segurança, firme os olhos no horizonte e viaje com esse casal até um dos destinos mais lindos da Capital da província da Terra do Fogo, da patagônia Argentina e Cordilheira dos Andes

Um sonho realizado em mais de 14 mil quilômetros rodados

Oito meses até a realização do sonho de uma vida inteira. “O carro era para fazer pequenos passeios, nas proximidades, mas ir até o Ushuaia era um sonho. E aí a Maria entrou na minha vida”, conta o militar estradeiro.

Para convencer a esposa, que nunca tinha sequer acampado, várias adaptações foram feitas no Mitsubishi Pajero, tudo pelo conforto. “Para mulher, tudo é diferente né, demanda mais adequações”, explicou.

Adaptações da Capixaba, que brilhou pelas estradas geladas da Argentina

“A princípio pensamos em uma barraca de teto, mas o valor era alto demais, ficaria inviável e eu tive que subornar ela”, contou entre risos. “Não, brincadeira! Não foi suborno, foi um acordo”, continuou.

Nesse momento da entrevista, Maria é enfática. “Eu gosto de aviões e nós fizemos um acordo. As viagens seriam, uma de carro e uma de avião”. Apesar da afirmativa parecer de fato um descontentamento, engana-se quem entendeu dessa forma. De acordo com ela, foi a viagem mais linda que já fez na vida e, se pudesse, faria tudo outra vez.

“Eu nunca tinha acampado em toda a minha vida, foi uma experiência muito diferente e até o dia da saída, eu ainda estava assim, ansiosa, sabe. Mas pensei, como eu vou saber se vou curtir se eu não for? Sou parceira, falei, vamos!”, relatou Maria.

Wanilton explica que o carro utilizado na viagem, não se enquadra na categoria motor home, são segmentos diferentes. “É um Overland”, são veículos preferencialmente 4×4, adaptados para viagens e com alguns recursos que possibilitam ir onde um motorhome não vai. “O importante era dormir dentro do carro para reduzir os custos da viagem, onde 60% do valor total gasto seria em combustível e alternando algumas noites em algum hotel”. Esse era o acordo para ela embarcar na expedição, explicou. O valor alto da barraca de teto, que seria pouco usada ao longo dos anos, foi convertido em mais espaço no interior da Pajero de forma a sobrar dinheiro para pagar as diárias extras dos hotéis ou pousadas.

Para garantir o conforto na hora de dormir, o “professor pardal”, como brinca Maria, reduziu a altura dos armários, para poder fazer a cama sobre eles e fez um bom isolamento térmico no carro para enfrentar as noites e dias frios daquela região, além de cobertura com isolante térmico para os vidros, onde é mais difícil isolar o frio externo e conter o calor interior.

Wanilton e Maria traçaram todo o planejamento, desde o caminho percorrido, entrando de um lado do país e saindo do outro para garantir que todos os locais possíveis fossem visitados nesta viagem que durou 26 dias, até a previsão de panes mecânicas ou algo do tipo. “Estávamos sozinhos, não era uma expedição real onde você sai com dois ou três carros. Por isso fui redundante em tudo o que fiz e carreguei. Se o carro quebrasse comigo, a Maria só precisaria me ajudar com uma coisinha ou outra”, relatou.

Parada em camping argentino, um dos locais onde fizeram pouso

E foi ele mesmo quem montou toda a estrutura. “As ideias hoje estão todas no youtube, as pessoas compartilham. Se você quiser fazer uma cirurgia no coração, pode pegar tudo lá”, brincou. “Tínhamos banho quente no carro. Adaptei o sistema de refrigeração do motor para aquecer a água da nossa caixa d’agua (50 litros), durante o deslocamento. Um pouco de conhecimento e vontade se faz tudo”.

“Escolhemos ir pela Ruta 3 que corre ao longo do litoral do Atlântico, no sentido sul e voltaríamos pela Ruta 40, sentido norte, que margeia ora perto ora longe da Cordilheira dos Andes. Não seria possível chegar mais perto porque nosso trajeto só iria ser feito em território Argentino. As fronteiras nessa época ainda estavam fechadas por causa da pandemia”, relatou.

O start da viagem aconteceu na véspera do Natal. O casal seguiu entrando na Argentina por Foz do Iguaçu e tendo os primeiros 750 quilômetros percorridos pernoitando em Puerto Iguaçu. “No dia seguinte rodaríamos mais os 700 quilômetros planejados e fizemos o primeiro pernoite em um posto YPF, onde passamos a nossa noite de natal. Cozinhamos, bebemos, fizemos amigos. E assim foi, rodando entre 600 a 700 quilômetros por dia e alternando as dormidas entre hotéis e o próprio veículo, em postos de combustíveis, campings, onde é bastante comum os estradeiros pararem para o descanso.

“Tinha dia que a gente pegava um trajeto muito longo e cansativo, daí parávamos nas pousadas, hotéis. Na verdade, a gente poderia ir de carro e só dormir em hotéis, mas aí quebraria aquela coisa de se fazer uma expedição”, conta o militar. Sem contar que, estando no veículo próprio, o cenário onde se queria passar a noite, ficaria muito mais acessível.

O percurso em determinadas regiões entre Caleta Olivia, província (Estado) de Santa Cruz, dormimos no YPF dessa cidade e a região de Puerto San Julián o vento estava muito forte, é comum nessa região ver veículos tombados ou serem forçados para fora da estrada. “Nesse trecho os ombros ficaram doendo de manter o carro nas infinitas retas com o forte vento lateral tentando nos jogar para fora da estrada. Os milhares de quilômetros foram passando e vendo as paisagens mudarem a cada trecho foi indescritível. Ir de avião só se você tiver pressa, o caminho faz parte da viagem”, disse ele.

O trecho mais cansativo foi atravessar o “paso Chileno”, uma faixa de pouco mais de 230 quilômetros, incluindo o Estreito de Magalhães, que fica em território Chileno. “Quando a gente entra no Chile tem um prazo para sair, é uma espécie de permissão apenas para atravessar o trecho terrestre e a balsa”.  Naquela época da viagem as fronteiras com o Chile estavam fechadas, então era necessário entrar e sair do Chile nas próximas 24 horas. O trecho é entre o Paso Integración Austral até San Sebastián, incluindo travessia da balsa no território Chileno.

Sobre segurança, o casal afirma não ter tido qualquer problema. Segundo eles, a rixa entre argentinos e brasileiros só existe no futebol. “Tirando isso, eles são muito hospitaleiros e adoram os brasileiros”,  contou Maria.

Chegada ao Ushuaia, La Tierra del Fuego ou Ciudad del Fin del Mundo

O destino final, Ushuaia, a Terra do Fogo, ou Cidade do Fim do mundo, como é conhecida, foi alcançado em uma semana, com direito a vídeo, trilha sonora e comemoração registrada em tempo real. “Eu tinha na minha cabeça que a viagem ia começar lá, a gente queria passar o ano novo lá e chegamos dia 30 de dezembro”, conta a arquiteta.

“Na ida, estávamos ansiosos para conhecer os famosos ventos da Patagônia e tudo foi só surpresa. Fizemos todo o roteiro. Fomos por uma porta e voltamos por outra. A ida foi mais basicona, pelo litoral do Atlântico, o asfalto que parecia um tapete. A nossa meta era chegar primeiro em Ushuaia e voltar pelas cidades mais famosas de traccking como a Cordilheira dos Andes, a Patagônia, Bariloche”.

No caminho, foram acompanhando pelo youtube, as paradas do canal Rolê de Carango, de Hildener Alves, que viaja o país inteiro em um chevette 93. Na ocasião, ele estava indo para o mesmo destino e acabaram se encontrando na Tierra Del Fogo. “Chegamos já batendo na janela dele”, conta Maria. “Ele fez um vídeo com a gente no canal dele”. O link: https://youtu.be/ax5QjZwPT3c.

A Capixaba e seu encontro maravilhoso com as geleiras em El Chaltén

Entre as aventuras e a emoção de dar de cara com a geleira de Perito Moreno, o encontro repentino com os ventos que quase arrastavam os veículos da estrada, os Andes, as confusões com as placas de trânsito e as entradas por engano nas “contra manos” argentinas, os cuidados com os guanacos nas estradas, animais muito parecidos com lhamas que atravessam em bando as rodovias com suas imensas pernas e a cor clarinha facilmente confundida coma paisagem semi árida, trechos desertos com estradas que possibilitaram regrar a velocidade média em exatos 100 quilômetros por hora sem avistar uma única pessoa, tudo isso só aumentou a vontade do casal de ir além.

Os dias se seguiram como um sonho no retorno, El Calafate, El chalten, Los Antiguos, Esquel, El Bolson, Bariloche, San Martin de los Andes, Malargue, Mendoza e voltamos para casa.

Maria que nunca havia embarcado em uma aventura como essa, já topou a próxima e agora, a Capixaba, como foi batizada a Overland do casal, se prepara para ficar apenas na memória e nas fotos. É que eles compraram uma Van sprinter 2010, que antes era ambulância, para percorrer distâncias ainda maiores e para isso, dessa vez pretendem ir no inverno patagônico e precisam dar a vez para outros aventureiros.

“Agora estamos fazendo um motorhome de verdade”, contou Wanilton, que já rebaixou a calçada da garagem e aumentou o portão para que a nova parceria de viagem pudesse entrar. A van está em fase de adaptações para garantir uma viagem sem os “perrengues” ou diminuir a chance deles para pegar estrada até a Carretera Austral, no Chile. “Vamos começar do zero e venderemos a Capixaba com dor no coração”, contou.

Reportagem: Viviane Nunes

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