Wilson Aquino*
Não é uma tarefa fácil, criar filhos. Ainda mais, vitoriosos. Nesses últimos tempos então, de guerras físicas e espirituais intensas, onde o mal avança, invadindo lares, desviando e destruindo pessoas, fragmentando famílias; onde o capitalismo selvagem exige as presenças do pai e da mãe, full time no mercado de trabalho, obrigando-os a deixarem desguarnecido o sagrado lar, não é fácil.
É pura a verdade de que absolutamente ninguém sabe sobre o dia de amanhã. Só Deus. Portanto, não há como afirmar, ou garantir, que qualquer “método” aplicado na educação e formação do filho vá garantir sucesso. Êxito de colocar cidadãos exemplares na sociedade, capazes de cumprirem bem e com honradez seus papeis onde estiverem presentes.
Então, como criar filhos vitoriosos?
Além do sacrifício dos pais de prover uma educação escolar de qualidade, incentivando o filho a ter gosto pela leitura, pelos estudos, participando com eles de suas tarefas diárias e outras medidas nessa linha, usando de muita paciência e sabedoria, a parte mais importante está muito além disso. Ela começa durante o período de gestação, quando os pais começam a falar com o filho, dizendo palavras amáveis e profetizando coisas boas para a vida daquele ser em formação.
Esse procedimento, um ato de amor constante dos pais, deve continuar, sempre, na vida do filho (criança, jovem, adolescente, adulto). No colo, deve ouvir que é um Filho Especial de Deus e que será um homem ou uma mulher de bem, que será forte, que será corajoso, que será justo, bondoso, trabalhador, honesto, talentoso…
Entretanto, lamentavelmente, não é isso o que acontece. Pois é muito comum pais amaldiçoarem os próprios filhos com frases que os acompanham desde pequenos, profetizando negativamente coisas que podem ser perpetuadas, enraizadas no ser. Palavras como: “Esse meu filho não tem jeito!”, “Meu filho é um preguiçoso!”, “Meu filho não presta!”, “Minha filha você parece uma prostituta”, e tantas outras semelhantes.
Quando, por exemplo, não vai bem com as notas escolares ou diante de obstáculos no aprendizado, em vez de incentivá-los, com amor, carinho e paciência, dizem logo o que é mais comum: “Mas você é muito burro hein filho” ou ainda: “Você não aprende mesmo né filho? ”
Dito essas coisas, como não sentenciá-los ao fracasso na vida?
Poucos conseguem se sobressair a essa pesada carga amaldiçoada, imposta dentro do próprio lar, pelos próprios pais!
Poucos “doutrinados” ao fracasso, saem vitoriosos. Quando conseguem, é às custas de um sacrifício muito grande, de dor e sofrimento, quando pouco ou quase nada seria necessário para que tudo fluísse da melhor maneira possível, se fossem abençoados e orientados desde pequeninos a enfrentarem obstáculos, ensinados a superá-los.
Conheci a história de um homem rancoroso que fez fortuna trabalhando duro. Constituiu família e gerava muitos empregos. Entretanto, era um homem amargo, grosseiro, que tinha grande dificuldade de demonstrar amor pelos próprios filhos e esposa. Até que um dia, numa igreja, descobriu a grande e maléfica influência em seu caráter, o deboche de seu pai que o chamava de “mosca morta”, porque tinha dificuldade de processar informações que recebia para poder reagir, mesmo a simples perguntas que lhe eram feitas. Depois que perdoou seu pai, que não mais vivia, passou a ser uma pessoa melhor para a família e a seus empregados.
Pais que amam seus filhos não têm ideia de como essas pequenas e “insignificantes” frases podem fazer a diferença na vida de um indivíduo em formação. Podem bloqueá-lo de seu crescimento e aperfeiçoamento intelectual, profissional, espiritual… Eles não têm ideia de que podem estar condenando o próprio filho ao fracasso ao proferirem essas palavras de maldição no dia a dia da vida dos filhos.
Os consultórios de terapia psicológica estão abarrotados de adultos “travados” por essas maldições concebidas principalmente no lar. Tornam-se assim, sem consciência das causas. Se esforçam para vencer seus “dragões internos”, plantados por uma má educação de pais que proferiram coisas sem medir o peso das próprias palavras.
Deus, na sua infinita sabedoria, sempre nos ensinou e nos advertiu o cuidado que devemos ter com o que falamos, pois quando isso acontece, as palavras não têm volta. Não há como desfazer o que falamos ao vento. Não é à toa que Ele nos deu dois ouvidos, dois olhos, dois canais para respirarmos e apenas uma boca.
São inúmeras passagens da Bíblia Sagrada em que Ele nos adverte sobre o perigo da língua, como em Tiago (3:10) onde diz: “De uma mesma boca procede bênção e maldição”. Assim sendo, o pai que controlar a boca e proferir bênçãos aos filhos, sem amaldiçoá-los e se sacrificar para dar-lhes uma boa formação escolar e profissional, terá chance maior de criar filhos vitoriosos.
(*) Jornalista, Professor, membro SUD