Psicóloga Giuliana Elisa dos Santos fala à Educativa 104.7 FM sobre os perigos de problema de saúde mental que vai muito além de um quadro de estresse
![Giuliana Elisa dos Santos (à direita) falou ao Bom Dia Campo Grande sobre os riscos da Síndrome de Burnout. (Foto: Pedro Amaral/Fertel)](http://www.portaldaeducativa.ms.gov.br/wp-content/uploads/2019/06/bom-dia-campo-grande-10-de-junho-2019-giuliana-elisa-sindrome-burnout-f-pedro-amaral-02-e1560184512224.jpeg)
Mais de 33 milhões de pessoas são afetadas anualmente pela Síndrome de Burnout, que em maio deste ano foi reconhecida pela OMS(Organização Mundial de Saúde) como uma síndrome crônica. O problema de saúde, marcado por um esgotamento físico e mental, muitas vezes acaba confundido com um “simples” estresse, mas merece atenção especial, conforme destacou no Bom Dia Campo Grande desta segunda-feira (10) a psicóloga Giuliana Elisa dos Santos, professora da Uniderp (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal).
A Síndrome de Burnout é comumente associada ao trabalho, tendo entre seus sintomas uma forte apatia, nervosismo, tontura, falta de apetite e dor de barriga. À Educativa 104.7 FM, a especialista destacou que a doença é um “estresse ‘cronificado’, que leva a algo muito mais sério e provoca mais estragos diante de um ambiente de trabalho onde há desgaste físico e psicológico em todos os níveis da função que se executa”. O problema leva ao afastamento para plena recuperação.
Giuliana alertou para o fato de muitas pessoas encararem os problemas de saúde mental como algo que pode ser controlado e, por isso, não dão a devida atenção. “O que assusta hoje é que as pessoas realmente estão adoecendo e morrendo por conta disso. O Burnout leva, entra outras coisas, à depressão e ao suicídio”, destacou, recomendando a busca de ajuda profissional, como psiquiatras, psicólogos ou atuação multidisciplinar por quem tem o problema.
Segundo a profissional, a Síndrome de Burnout começa com preocupações quanto ao rendimento no trabalho e o resultado de seu esforço, resultando em uma forte autocrítica e cobranças que, depois, evoluem para o quadro no qual a sensação de doença se mistura à falta de motivação.
“Se a pessoa era motivada a trabalhar, apaixonada e identificada com o trabalho, alguém que vestia a camisa, passa a se sentir um tanto estranha no ambiente, como se aquilo não fizesse mais sentido. Como se toda a energia que tinha posto nisso queimasse”, disse, citando um termo que ajudou a batizar a patologia.
A falta de energia logo no início das atividades ou o sofrimento exagerado com o retorno às atividades também ajudam a identificar o quadro. “Tenho colegas de variadas áreas que falam sentir realmente taquicardia quando chega o fim da tarde de domingo e o início da noite, uma sensação de angústia. São sinais que não podemos ignorar”.
Entrega
Giuliana reiterou ao Bom Dia Campo Grande que a Síndrome de Burnout é mais comum a pessoas dedicadas ao trabalho, que se entregam “ao ponto de perderem a noção. Mas tem de parar e respirar. Nosso corpo é fantástico por dar avisos. Quando se está envolvido com o serviço, na loucura toda do dia a dia, não se presta atenção nesses sinais”, disse.
Dores de cabeça e enxaquecas, problemas gastrointestinais e lapsos de memória estão entre os problemas mais comuns. Casos graves costumam trazer, também, situações de pressão alta, cardiopatias e alergias. Insônia e até o “bruxismo” também indicam quadros severos que, em caso extremo, levam o corpo a “parar”.
A solução, reiterou ela, está em observar a qualidade de vida e lembrar que, de acordo com o trabalho, outras pessoas poderão o assumir. “Se tem um ente doente na família você ajuda, dá um jeito, mas diz que não tem dinheiro para se cuidar, viajar ou aproveitar a vida e descansar”, afirmou, defendendo que haja uma maior preocupação em se colocar em primeiro lugar.
Observar o tempo que se desperdiça com distrações que não agregam nada de positivo à saúde, como as redes sociais, é outra solução. “Pense o que pode fazer com o tempo, se uma boa leitura, se é importante a meditação ou simplesmente a natureza ou ficar na cidade, paradinho, olhando para o infinito, não importa”. A pessoa também deve se atentar aos próprios limites e saber os impor, inclusive o trabalho.
“Muitas vezes o problema não é dizer ‘não’, mas a falta de assertividade e dizer o que ocorre. Acaba se adoecendo no trabalho, fica-se mal-humorado, incumbe-se de fazer tanta coisa e a culpa é nossa de não saber falar ‘não’”, afirmou. Tal quadro, alertou a psicóloga, abre caminho para abusos de substâncias como álcool, medicamentos ou drogas.
Por esse motivo, ela recomenda que as empresas também passem a prestar atenção em seus funcionários, de forma a ajudar a identificar e prevenir o problema entre suas equipes. “A questão básica é trabalhar os funcionários nos que eles têm de positivo”, pontuou, citando pontos como a autonomia no exercício de algumas funções e a comunicação como fundamentais.
![Psicóloga indicou sintomas que ajudam a identificar a presença da Síndrome de Burnout. (Foto: Pedro Amaral/Fertel)](http://www.portaldaeducativa.ms.gov.br/wp-content/uploads/2019/06/bom-dia-campo-grande-10-de-junho-2019-giuliana-elisa-sindrome-burnout-f-pedro-amaral-01-e1560184534279.jpeg)
Ela ainda destacou que o problema se faz presente em muitas profissões, destacando, entre elas, o magistério. “Há um número de afastamentos enorme”, contou, relacionando a responsabilidade por se cuidar de até 40 alunos por turma e o excesso de tarefas dentro e fora das salas de aula como responsáveis por essa realidade. “A pressão do tempo de demandas sociais e famílias que deixam o cidadão como professor, pai e mãe sobrecarregam violentamente”, disse recomendando “pé no freio” a esses profissionais.
Em todos os casos, o reordenamento do tempo, de forma a que sobre mais tempo às coisas que lhe dão prazer, aparece como solução para reduzir os efeitos do problema e evitar uma vida no “piloto automático”, frisou Giuliana.
“Permita-se ser humano, acho que é a frase que quero deixar. Permita-se ter um pouco mais de prazer na vida”, complementou, reiterando que, ao se identificar sinais de agressividade e irritação, ansiedade ou surgimento de quadros de saúde antes desconhecidos, que se busque auxílio especializado.
Sintonize – Com produção de Rose Rodrigues e Alisson Ishy e apresentação de Maristela Cantadori e Anderson Barão, o Bom Dia Campo Grande permite a você começar o seu dia sempre bem informado, por meio de um noticiário completo, blocos temáticos e entrevistas sobre assuntos variados. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30, na Educativa 104.7 FM e pelo Portal da Educativa. Os ouvintes podem participar enviando perguntas, sugestões e comentários pelo WhatsApp (67) 99333-1047 ou pelo e-mail bomdiacampogrande2018@gmail.com.
Excelnte artigo! E quem quiser saber se corre risco com a Síndrome de Burnout, aqui tem um teste de auto-diagnostico: https://motivaplan.com/teste-de-burnout/