

“Desde 98, quando o pessoal pegou peixe no pasto, o Rio não subia tanto”, conta Eleutério Rodrigues, que mora as margens do Rio Formoso há mais de 50 anos. Segundo ele, só no último final de semana, choveu tanto em Bonito, no interior de Mato Grosso do Sul, que fez o rio subir mais de 3 metros, inundando propriedades, levando decks de atrativos turísticos e fazendo a famosa cachoeira da Ponte do Hermínio desaparecer em meio a tanta água.
Já no hotel que fica ao lado do Balneário Municipal e é margeado pelo Formoso e Formosinho, a chuva fez com o nível dos rios subissem tanto que invadissem boa parte do atrativo, inundando as estradas de acesso aos passeios e tornando impossível distinguir onde terminava um rio e começava o outro.

Segundo o secretário de Meio Ambiente da cidade, Alexandre Ferro, foram registrados mais de 150 mm em menos 36 horas na cidade, tornando praticamente impossível a contenção das águas do rio ou mesmo a obsorção pelo solo, que já estava bastante molhado com a chuva da semana passada, que também foi significativa e causou estragos na região da Serra da Bodoquena. “Talvez tenha sido uma das enchentes mais significativas dos últimos 20 anos”, enfatizou.
O cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul) disse que não tem registros da cheia de 1998, citada pelos moradores como sendo a última de proporção semelhante à deste ano, uma vez que os pluviômetros foram instalados no Estado apenas em 2001. O Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) também foi procurado pela reportagem, mas ainda não respondeu aos questionamentos..

O secretário de Meio Ambiente também comentou sobre o turvamento da água, que é uma polêmica recorrente no município. “Estou buscando apoio político pra implementarmos uma ação de controle de água da chuva. Esse projeto está sendo escrito, mas não existe local que eu tenha ciência que após chuvas de 150 mm as águas não fiquem sujas. Temos vários fatores que contribuem para isso, como a estradas de chão, córregos urbanos, pastagens degradadas e lavouras que não possuem sistema conservacionista. Nossa missão é buscar mecanismos eficientes no combate ao assoreamento e consequente turvamento das águas”, finalizou.
Após dois dias sem chuva, o nível dos rios começou a baixar na cidade e alguns atrativos voltaram a funcionar, mas não há uma previsão de quando as águas devem voltar ao tom cristalino, que faz milhares de turistas visitarem Bonito mensalmente.
Veja imagens da cheia do Rio Formoso em Bonito:



