O Festival de Inverno de Bonito 2023 trouxe ao público no segundo dia de eventos, no fim da tarde desta quinta (23), o espetáculo Manual de Barro II – Concerto a Céu Aberto para solo de objeto. A peça, que encantou adultos e crianças, foi encenada na Caixa Cênica, no Centro de Bonito.
O diretor do espetáculo, Marcos Moura, explicou que a peça que foi encenada no início desta tarde em Bonito é a continuação do “Manual de Barro I”, que foi feito também sem palavras, pela visão do avô. “Agora, nesta segunda parte, é a visão do neto vendo a morte do avô. Tudo isso permeado pela música de Antônio Porto e as imagens que a gente criou a partir do poema Caderno de Apontamentos, onde ele narra a trajetória da morte do avô e até o momento da partida em que ele deixa para o neto um caderno de apontamentos”.
Marcos Moura e seu companheiro Stepheen Baylon fazem os solos de objetos em cena com os personagens recorrentes da poesia de Manoel, com silêncios, pausas, tudo isso com o trabalho feito como a poesia do Manoel de Barros.
“É um espetáculo para todas as idades e a ideia veio, eu acredito, a partir do momento que você pega uma obra e tira ela do lugar. Eu tirei da literatura e trouxe para o teatro. Eu tenho que dar uma outra roupagem para ela. A poesia falada para mim, eu acho muito natural, comum, ‘transver’ seria eu conseguisse fazer isso sem palavras, então imagina você fazer a poesia de Manoel sem palavras. Eu vejo que eu consegui, vejo que muitas pessoas conseguem ver reentrâncias de Manoel e o próprio Manoel, quando viu o espetáculo I, ele disse: ‘Eu tomei um banho da minha infância’. Então isso para mim me dá carta branca”.
“A partir daí eu só continuei seguindo a trajetória que ele fala nas poesias, que é você procurar ser o que você está procurando fazer, é se jogar, e a partir do momento que você vivencia aquilo, você consegue chegar no ápice da sua criação. Muitas pessoas chegam emocionadas, outras que não conhecem o Manoel procuram saber quem é o poeta por meio das imagens”, diz Marcos Moura.
O artista afirmou estar muito feliz em participar desta edição do Festival de Inverno de Bonito. “Para mim foi uma honra participar do Festival de Bonito, eu já tinha vindo com o primeiro espetáculo para cá e esperava vir também com o segundo e estou aqui, estou muito grato, muito feliz, consegui rever amigos”.
Na plateia, Fernanda Reverdito, da Casa da Memória Raída, disse que teve vontade de assistir à peça porque gosta muito de teatro e quis prestigiar o Festival. “Eu gosto muito de teatro, e estar no Festival de Inverno faz que eu rememore, que eu traga aquelas memórias lá de 20 anos participando dos eventos. Eu estava louca para ver esta peça porque Manoel de Barros é tão importante para nós, que assim que eu fiquei sabendo deste evento eu vim com minha filha para poder assistir este espetáculo”.
Para Fernanda, moradora de Bonito, é muito importante ter um Festival como esse na cidade, para “rever nossas memórias”. “Ter um Festival como este aqui na cidade onde eu moro é mergulhar na nossa história, é reviver nossas memórias e acredito que buscando cada vez mais reviver o que é importante para o nosso Estado, é trazer as nossas origens, é saber da nossa história. Manoel de Barros é importantíssimo para o mundo, então eu acredito que através da poesia de Manoel de Barros a gente possa dizer a importância dele para nós enquanto sul-mato-grossenses”.
Texto: Karina Lima Ascom FIB 2023
Fotos: Marithê do Céu