Que elas roubam a cena e garantem o encanto dos turistas nos atrativos turísticos de Bonito (MS), isso todo mundo já sabe. A certeza de sucesso é tão grande, que as famosas sucuris já viraram protagonistas em um episódio de uma série do Netflix, que retrata o trabalho de fotógrafos renomados em busca das melhores imagens em áreas raramente fotografadas.
Dessa vez, o centro das atenções é uma cobra de aproximadamente 7 metros de comprimento, que habita os arredores do Ecko Parque Porto da Ilha, recentemente tombado como unidade de conservação com o pomposo nome de Monumento Natural do Rio Formoso e ganhou Plano de Manejo.
O local, antes conhecido como Ilha do Padre, é um dos atrativos mais antigos de Bonito e o primeiro monumento natural no Estado, sendo também o único nesta categoria de propriedade privada com gestão compartilhada pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).
E é justamente nessa unidade de conservação que a serpente foi filmada por um dos funcionários do local. O responsável pelo sistema de gestão do Parque, Rogério Alves, explicou que a presença das cobras é normal e que a sucuri filmada é uma fêmea, que está em fase de troca de pele. “Dentro do parque nós temos uma área pantanosa propicia para procriação dessa espécie, que acontece entre maio e setembro. Só que durante este período também temos o inverno, onde a água acaba ficando muito gelada e faz com que elas saiam para tomar sol” destaca.
Ainda segundo Rogério, a cobra é frequentemente avistada pelos turistas durante o passeio de bote, que já é tradicional no atrativo, sendo praticado há 25 anos. “Todo mundo fica fascinado com ela. Pode observar e contemplar sua beleza, mas eles não têm acesso a ela, porque as sucuris ficam na área de conservação, onde não é permitida a entrada de ninguém”, explica.
As cobras também estão sendo objeto de estudo, monitoradas por uma bióloga que observa o comportamento da espécie, com o objetivo de fazer um levantamento sobre a população existente. “Nós já sabemos que existem outras, mas ainda não podemos precisar quantas. Apesar de territorialistas, elas geralmente ocupam uma área pequena, entre 300 e 600 metros e não tem grande movimentação. Apenas em período de acasalamento, quando os machos vêm a procura da fêmea”, acrescenta.
A gigante também não é a única a dar as caras pelos atrativos de Bonito. Desde o início deste ano as sucuris têm se sentido a vontade entre os humanos. A primeira foi a fêmea de aproximadamente 3 metros, que tinha como habitat o Balneário Municipal de Bonito.
O animal estava em uma das curvas do Rio Formoso, no mesmo local onde outra sucuri foi filmada no ano passado. Nas imagens, ela aparece saindo da mata as margens do rio e se escondendo em um buraco entre as pedras do degrau de acesso.
Dois meses depois, em março, um episódio lamentável envolvendo a cobra também ganhou destaque. Um rapaz, que foi identificado pelos policiais como sendo morador de Bonito, invadiu o espaço isolado, chegou muito próximo da cobra e tentou tocá-la. Assustada, como qualquer animal em situação de vulnerabilidade, ela reagiu e mordeu a mão do indivíduo.
Após muita polêmica, acabou-se concluindo que o homem, como sempre, estava errado em relação ao animal. Depois disso, a cobra continuou sendo protegida e prestigiando os visitantes com aparições.
“Eu acho que essa aparição frequente delas funciona como um termômetro, ou seja, nossa preocupação em não invadir o espaço delas e não tentar de forma alguma intervir, domesticar ou coisa do tipo, gera segurança e faz com que elas não tenham medo de estar visíveis”, finaliza Rogério.
