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28 de abril de 2024 - 10:03

Pesquisa mostra que erosão coloca em risco Bacia hidrográfica do Rio da Prata

Um estudo realizado pelo pesquisador Elias Rodrigues da Cunha, técnico do Laboratório de Geoprocessamento no Campus de Aquidauana (CPAQ) e doutorando em Geografia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), aponta que a bacia hidrográfica do Rio da Prata -com uma área de 1393 km² – corre sérios riscos com erosões que assolam a região.

Ele coordena a pesquisa “Predições do uso e ocupação do solo e seus impactos na erosão do solo no ecótono Cerrado/Mata Atlântica: estudo de caso da bacia hidrográfica do Rio da Prata” e destaca que atividades agropastoris foram as que mais influenciaram na mudança do uso e ocupação do solo, sendo as nascentes, vegetação ciliar dos afluentes e principalmente o banhado as áreas da bacia mais afetadas.

A expansão das áreas de monocultura agrícola na região do banhado sugere um cenário futuro preocupante para bacia do rio Prata; imagem de 21/06/2018. Fonte Instituto do Homem Pantaneiro- IHP.

A pesquisa foi dividida em três etapas: na primeira, foram analisadas as mudanças no uso e ocupação do solo nas últimas três décadas (1986- 2016); a segunda trata da simulação de cenários futuros de uso e ocupação do solo para os anos de 2033, 2050, 2080 e 2100. Por último, ainda em desenvolvimento pelo pesquisador, estão sendo avaliados os cenários futuros de uso e ocupação do solo, de mudanças climáticas e seus os impactos na erosão do solo.

“Além do desmatamento da vegetação nativa, a existência de canais de drenagens artificiais no banhado é um fator alarmante. O objetivo destes canais é drenar o excesso de água dessa região alagada para incorporar essas áreas na produção agrícola. Esse tipo de intervenção compromete todo o ecossistema local, e tem sido um dos fatores que vem causando a turbidez das águas do Rio da Prata, visto que esses canais potencializam o escoamento superficial das águas pluviais aumentando a capacidade da chuva em levar sedimentos para o rio, impacto que tem ocorrido nos últimos anos”, expõe o pesquisador.

As análises apontam que a bacia passou por um rápido processo de degradação no século XXI, em especial pelas demandas de ordem econômica, o que levou a área a perder rapidamente sua integridade ambiental e biótica.

“Os resultados demonstraram que as mudanças no uso e ocupação do solo na bacia do Rio da Prata ao longo das três décadas foram causadas pela expansão da agropecuária. Inicialmente, com a pecuária extensiva, que se desenvolve no Estado desde o início dos anos 70. Essa expansão teve impacto direto na redução da vegetação nativa dos biomas Cerrado e Mata Atlântica (banhado, cerrado, mata ciliar, floresta estacional semidecidual e campos graminosos úmidos). E recentemente, pela agricultura – com destaque para lavouras de milho e soja, que se desenvolvem nas áreas que antes eram ocupadas por pastagens”, afirma.

Foi possível identificar que entre 1986 e 2007, as áreas agrícolas não se expandiram tanto quanto as áreas de pastagem. “No entanto, o crescimento das áreas agrícolas ocorreu exclusivamente nas nascentes e no banhado, que são as áreas mais importante da bacia do Rio Prata, e de maneira mais dinâmica e intensa a partir de 2007. O avanço das monoculturas agrícolas na região do banhado foi influenciado pelas suas características que favorecem as atividades agropastoris como relevo plano e solo com boa aptidão agrícola”, completa Elias.

“O banhado é considerado um dos ecossistemas mais importantes da bacia do rio Prata, pois desempenha um papel ambiental fundamental. Ele é responsável pelo armazenamento de água e filtragem de sedimentos, que associado com o calcário depositado nessa região alagada garantem a transparência e a qualidade da água”, aponta.

O problema é sério: para o pesquisador, com base nos resultados dos cenários futuros se a tendência atual de uso do solo continuar, a estimativa é de que até o ano de 2100 sua área será reduzida pela metade. “E essas mudanças na paisagem alterarão inquestionavelmente todo o ecossistema da bacia. Vale ressaltar que os impactos negativos na vegetação nativa, principalmente no banhado, influenciam diretamente o setor econômico das cidades de Bonito e Jardim, pois a preservação da qualidade ambiental da bacia do rio Prata é essencial para o desenvolvimento de atividades de ecoturismo”, expõe.

Como foi feito

O pesquisador explica que a análise das mudanças no uso e ocupação do solo entre os anos de 1986 e 2016 foi baseada em séries temporais de imagens dos satélites Landsat 5 e 8 e na análise de imagem baseada em objetos (Object-Based Image Analysis -OBIA).

“Em seguida, foi aplicado o estimador de transição markoviana nos mapas de 1999 e 2007 com objetivo de calcular a matriz de probabilidade de transição de uma classe de uso e ocupação do solo para todas as outras classes no ano de 2016”.

A pesquisa prosseguiu com a produção do mapa de probabilidade com 13 fatores naturais e socioeconômicos, definidos a partir da expertise do pesquisador e conhecimento da área de estudo, como canais de drenagem artificiais, focos de incêndio, desmatamento, estradas e etc.

“No módulo CA-Markov usamos como mapa base o ano de 2007 e os dados da probabilidade de transição do período 1999-2007 para simulação do mapa para ano de 2016 (mapa de referência). Além disso, foi empregado o mapa de adequação de transição com objetivo de otimizar o desempenho do modelo CA- Markov. O próximo passo foi a avaliação do mapa simulado para o ano de 2016 originado a partir do mapa de 2007. Para calibrar o modelo foi realizado um total de 30 testes. Por afim, com o modelo CA- Markov calibrado e validado, usando como base o mapa de 2016, foram simulados os cenários futuros de uso e ocupação do solo para os anos de 2033, 2050, 2080 e 2100”, explica Elias.

O que fazer

A conciliação das atividades agrícolas com a conservação ambiental se faz essenciais e imediatistas para reverter essa situação de degradação. “A  cooperação entre os setores governamentais, institutos de pesquisa e iniciativas privadas é crucial para a criação de ações com planejamento e gestão integradas; assim como a criação de uma unidade de conservação em toda região do banhado, para criar o potencial de preservação de seu ecossistema único e de fragmentos de vegetação nativa remanescente do  bioma Cerrado e Mata Atlântica”, afirma o pesquisador.

Elias destaca que a substituição da vegetação nativa pela agricultura, principalmente na área do banhado, também irá afetar as atividades turísticas desenvolvidas na bacia do rio Prata, sempre diretamente relacionadas à alta biodiversidade e qualidade da água, causando impactos na permanência do ecoturismo e na economia das cidades de Bonito e Jardim.

Recentemente, o pesquisador publicou alguns resultados na revista Environmental Monitoring and Assessment – “Mapping LULC types in the Cerrado-Atlantic Forest ecotone region using a Landsat time series and object-based image approach: A case study of the Prata River Basin, Mato Grosso do Sul, Brazil”. https://doi.org/10.1007/s10661-020-8093-9  .Outro artigo está em avaliação na revista Land Use Policy, em que o autor apresenta resultados dos cenários futuros de uso e ocupação do solo.

O projeto de pesquisa tem colaboração de pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS/Aquidauana) e ainda conta o apoio do Laboratório de Manejo e Conservação do Solo e Água e Laboratório de Matéria Orgânica, Microbiologia e Gênese do Solo, (UEMS/Aquidauana).

Com informações de UFMS

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