Povos indígenas Xavante, Umutina, Bakairi e Chiquitano, no estado de Mato Grosso, já têm o seu próprio site de vendas, o www.territorioscriativosmt.com.br. O endereço eletrônico é um dos produtos do projeto Territórios Criativos indígenas, fruto de parceria entre o Ministério da Cultura (MinC) e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Por meio do site, são vendidos produtos, como redes, cestos, bolsas, colares, pulseiras e esculturas, e serviços, como apresentações de música e dança e vivências interculturais nas tribos.
Durante um ano, as comunidades indígenas envolvidas puderam debater os caminhos para a sustentabilidade e geração de renda nas aldeias a partir de elementos da própria cultura. Os debates envolveram aspectos negativos e positivos de se gerar renda a partir dos elementos culturais, assim como os direitos dos povos indígenas a seu patrimônio material e imaterial.
Houve ainda um mapeamento das condições de sobrevivência das famílias das quatro etnias participantes residentes nas aldeias onde o projeto foi implementado. Nesse quesito, os números demonstraram que, em sua grande maioria, as famílias sobrevivem das atividades artesanais, da agricultura familiar e do serviço público. Em muitos casos, essas fontes de recursos acabam sendo insuficientes para todos os moradores.
Por meio do projeto, as comunidades refletiram sobre sua forma de organização para a geração de renda e o objetivo de cada uma delas. Foi nítido o reconhecimento de que todos pretendem permanecer em suas terras, porém, isso nem sempre é possível, já que muitas famílias necessitam se deslocar às cidades para encontrar trabalho.
Após as capacitações, os produtos foram definidos, entre eles o site, por meio do qual pessoas em qualquer lugar do mundo podem adquirir os produtos oferecidos pelas comunidades.
Para que o projeto tenha total adesão do público, constatou-se a necessidade de aprimorar dois fatores. O primeiro se relaciona à comunicação e à divulgação do portal. O segundo está ligado ao acesso à internet, ainda precário na maioria das aldeias.
O site foi lançado no Dia do Índio, 19 de abril, no Sesc Arsenal, apoiador da ação na capital mato-grossense, Cuiabá. Na ocasião, além do lançamento do site, o público conheceu de perto os empreendimentos indígenas por meio do evento Aldeia de Vivências.
A coordenadora de Economia da Cultura do projeto Territórios Criativos Indígenas, Naine Terena de Jesus, destaca que o site é um pontapé para se pensar em políticas públicas para geração de renda e incentivo à cultura para essas comunidades. Ela conta que o fato de o MinC ter apoiado a iniciativa foi muito bem avaliado pelos participantes. “Com o site, eles têm a oportunidade de escoar sua produção para o mundo inteiro. Isso é importante porque muitos não têm condições de deixar os lugares onde vivem para comercializar as peças”, observa.
Naine lembra que um dos pontos importantes discutidos na capacitação foi o uso adequado dos símbolos indígenas, pensando-se também em como evitar apropriações indevidas. “Algo interessante aconteceu. Imagens que não eram valorizadas por conta do uso no cotidiano ganharam um novo olhar a partir do momento em que gente de fora começou a se interessar por esse material. O fato contribuiu para melhorar a autoestima dos artesãos e das comunidades”, relata Naine.
(Assessoria de imprensa MinC)