Campo Grande (MS) – Como apoiar os pequenos negócios com soluções que diminuam o impacto negativo da atual crise decorrente da pandemia mundial de Covid-19 em atividades empresariais, em especial, em pequenos negócios? Essa questão moveu um grupo de pesquisadores do curso de Engenharia de Produção, da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng) a propor um projeto no edital de seleção de ideias e projetos para o enfrentamento do coronavírus.
“Essa ideia veio da realidade que os pequenos negócios vivenciam, mesmo antes da atual crise provocada pela pandemia. Muitas dessas empresas já vêm enfrentando problemas financeiros, de estrutura funcional, de profissionalização, já que nascem da união de amigos, da família. Então, parte significativa destes negócios iniciam suas atividades sem planejamento, onde a tomada de decisão é realizada não de forma técnica, mas a partir de experiências anteriores ou intuitivamente. Quando surge um evento atípico como esse, são os primeiros a serem prejudicados, pois toda forma de trabalho foi alterada”, explica a coordenadora da pesquisa Camila da Silva Serra Comineti.
De acordo com a professora, em setembro do ano passado, o setor era responsável por 75% da empregabilidade formal do país. “Quando os pequenos negócios são afetados, a economia é afetada como um todo. Com as medidas de isolamento adotadas, eles foram os primeiros a fecharem as portas. Já soubemos de empresas que vinham enfrentando problemas e com a crise não voltarão às atividades. Outras estão aguardando ou se reinventando, pois as medidas para conter a pandemia transformam toda a rotina. Por isso, pensamos em apresentar propostas para contribuir com a sobrevivência dos pequenos empreendedores”, acrescenta.
Assim, o principal objetivo do grupo é propor soluções acessíveis aos pequenos negócios para que consigam atender a demanda externa, bem como planejar e movimentar internamente suas produções e operações durante, mas também depois da pandemia da Covid-19. “Uma vez controlada a pandemia, acreditamos que nada voltará ao normal, devemos observar uma mudança de comportamento nas pessoas enquanto clientes. A sobrevivência dos pequenos negócios já era algo preocupante. A crise atual contribuiu para aumentar a taxa de mortalidade neste setor. Buscaremos soluções que possam ajudar na sobrevivência dos negócios”, conta.
A pesquisa será realizada em várias etapas. “Iniciamos o trabalho recentemente e nesta, primeira fase, vamos tentar identificar soluções adotadas por empresas, independentemente do porte, ou seja, como elas estão atuando de forma a conseguir atender os clientes. A partir dessa coleta, entramos em outra etapa na qual faremos uma análise qualitativa desses dados”, explica. Paralelamente, será construída uma plataforma on-line para integrar informações e usuários. “Desta forma, todos terão acesso às soluções. Também estamos pensando em um mecanismo de realimentação a fim de identificar se as soluções são viáveis para os negócios”, diz Camila.
“Sob o ponto de vista científico, acreditamos que pode haver um avanço teórico em relação ao estudo dos pequenos negócios, especialmente no aspecto operacional com a construção de ferramentas e técnicas voltadas para esse público. Além disso, as organizações estão mudando sua operação e de forma muito brusca, isso deve fazer com que surja um novo padrão. Neste sentido, a proposta vem ao encontro de uma melhor formação também para os nossos acadêmicos, que vivenciarão essa nova realidade”, destaca a professora.
Além da formação da construção de conhecimento científico e formação dos acadêmicos, o grupo espera também contribuir para o fortalecimento e aumento da sobrevivência dos pequenos negócios e, consequentemente, aumento da empregabilidade. “Acreditamos que ações como o cooperativismo devem ser intensificadas”, avalia. A coordenadora inclusive faz um convite a todos que possuem ou atuam no setor produtivo, seja comércio, indústria ou prestação de serviços, para contribuir com a pesquisa respondendo um questionário disponível aqui. “Gostaria de pedir a ajuda de todos nessa coleta de informações que são valiosas para que possamos entender a realidade e contribuir efetivamente com os pequenos negócios”, finaliza.
Equipe
Também Integram a equipe os pesquisadores da Faeng Tiago Henrique de Abreu Mateus, Francisco Bayardo Mayorquim Horta Barbosa e João Batista Sarmento dos Santos Neto, além dos acadêmicos da Faeng Luciene Satie Shiino, Bruna Benante Camilo e Lucas Jorqueira Fernandes e do curso de Ciências Biológicas do campus de Corumbá Samuel Samuel Heimbach Campos que se candidatou a atuar com voluntário por meio do edital de formação de banco de voluntários.
Texto: Vanessa Amin – UFMS
Imagens: Camila Comineti