No dia 23 de outubro de 1923, o grupo religioso Conferência Vicentina Nossa Senhora das Vitórias fundou o que hoje é o Asilo São João Bosco com a finalidade de acolher idosos em situação de vulnerabilidade social e econômica. A história da casa de acolhimento, que completa cem anos em 2023 e que se mistura à história da formação de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul, será celebrada por meio de livro e documentário, lançados nesta última quinta-feira (30), em um evento no asilo.
Para falar sobre as comemorações relacionadas à data, o programa Rádio Livre, da Rádio E 104.7 FM, recebeu nesta sexta-feira (01) o presidente do Asilo São João Bosco, Gersino José dos Santos, a escritora Sylvia Cesco e a jornalista e produtora audiovisual Melissa Tomaciro.
O documentário e o livro, intitulados ‘Amorevolezza – Amor Incondicional – O Asilo em seus 100 Anos’, abordam a trajetória da casa de acolhimento ao longo dos seus cem anos, resgatando personagens importantes para a história da instituição e da capital, além de ouvir os atuais moradores da casa e funcionários. Quem está à frente do projeto é a jornalista Melissa Tomaciro, que já chefiou a Secretaria Municipal de Cultura de Campo Grande. Melissa conta que a iniciativa surgiu com a finalidade de preservar a memória da instituição para as gerações posteriores.
“No geral, a rotina vai fazendo com que a história fique para trás, então como é difícil preservar documentos, dar voz e colher depoimentos das pessoas que sabem, que é o depoimento oral, a oralidade da história, nós vamos perdendo”
O projeto foi financiado pela Prefeitura Municipal de Campo Grande, por meio do fundo do Conselho Municipal do Idoso e teve início em abril, com um trabalho minuncioso de levantamento de documentos, dados históricos, bem como entrevistas com os personagens que marcaram a história do asilo.
O livro foi escrito pela professora, autora e compositora campo-grandense Sylvia Cesco, que já presidiu a União Brasileira de Escritores do Mato Grosso do Sul (UBE/MS). A escritora define a obra como uma mescla de crônicas e contos, combinando a história real do asilo com situações ficcionalizadas.
“Não é aquela história técnica, não é uma biografia, são contos e crônicas, porque a crônica é uma narração real e o conto é ficcional, então foram misturados. A gente vê refletida a história de Campo Grande nela”, ressalta a escritora”.
Antes localizado em um espaço na rua 26 de Agosto, com o aumento no número de idosos acolhidos, a instituição passou a funcionar na rua Oceania, no bairro Tiradentes, após a doação de um terreno por parte da Prefeitura Municipal de Campo Grande.
O documentário, por sua vez, mostra a rotina e o dia a dia dos funcionários e moradores atuais do Asilo São João Bosco por meio de depoimentos e conversas, além de revelar quem são os doadores e contribuidores atuais do asilo. Melissa Tamaciro destaca que apesar de contarem a mesma história, o documentário e o livro são diferentes.
“Foi uma necessidade o documentário trazer as pessoas que pudessem também adicionar comentários, adicionar as suas vivências de hoje. O livro já trouxe a crônica, recheada de histórias verdadeiras, mas ela tem essa ficção, de trazer personagens para que a leitura fique gostosa. Mas o documentário era necessário para trazer a rotina de quem está no dia a dia”, explica Melissa.
O presidente do Asilo São João Bosco, Gersino José dos Anjos, relata que o desejo de comemorar o centenário da casa de acolhimento surgiu após uma cobrança de melhorias estruturais na instituição.
“Eu chamei o pessoal do asilo e falei: nós vamos comemorar o aniversário de cem anos do asilo e vamos reformar o espaço. Esse sonho agora começa a ser realizado, é uma mensagem que a gente dá esperança para as pessoas, de que sonhar é bom”
Ao todo, o Asilo São João Bosco já abrigou mais de 1,6 mil idosos. Atualmente a instituição conta 108 colaboradores e oferece aos acolhidos serviços de nutrição, psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, pedagogia e atividades lúdicas, em regime integral.