Celebração dos 80 anos de Bob Marley na Xaymaca Reggae homenagem à sua trajetória e ao legado imortal que deixou para a música e para a cultura mundial.
No próximo domingo (9), o programa Xaymaca Reggae da Educativa FM 104.7 celebrará os 80 anos de nascimento do Robert Nesta Marley, mundialmente conhecido como Bob Marley, o “Rei Mundial do Reggae”. O programa vai ao ar todos os domingos das 20h às 24h, neste a programação será especial em tributo à Bob Marley.
A celebração dos 80 anos de Bob Marley na Xaymaca Reggae será uma grande homenagem à sua trajetória e ao legado imortal que ele deixou para a música e para a cultura mundial. Seu espírito vive na sua mensagem, nas suas canções e na inspiração que continua a proporcionar a milhões de pessoas ao redor do planeta.
Legado que transcede ano após ano, Bob Marley cantou, encantou e não foi esquecido, sua história inspira fã no mundo todo. Nascido em 6 de fevereiro de 1945, na cidadezinha de Nine Mile, no vilarejo de Saint Ann, Bob Marley viveu a infância no interior antes de se mudar para a periferia da capital Kingston. Como tantos jovens pretos que buscam melhores condições de vida, Marley enfrentou adversidades e lutou para conquistar uma trajetória digna, que o levaria a se tornar um dos maiores ícones da música mundial.
“Sobreviver e lutar” poderia ser o lema de qualquer jovem da periferia espalhado pelo mundo. Poucas oportunidades e condições de vida complicadas são realidades comuns para quem veio de lá. Essa também foi a história de Robert Nesta Marley, ou simplesmente Bob Marley.
Infância de Bob Marley
Criado pela mãe, Cedella Booker, com ajuda dos familiares maternos, Bob Marley teve contato com a música desde cedo. Seu pai, Norval Marley, era um capitão britânico de cerca de 60 anos quando conheceu Cedella que tinha 16 anos. Os pais do cantor se conheceram em St. Ann Parish, Jamaica, e se casaram em 1945, na época em que Bob nasceu. Eles deram as boas-vindas ao filho, cujo nome completo: Robert Nesta Marley, em 6 de fevereiro de 1945.
O casamento de Booker e Norval durou pouco, e eles se separaram logo após o nascimento de Bob, a separação foi desaprovado pela família britânica de Norval, e devido em grande parte ao status de Norval como um gerente de plantação branco de meia-idade e à identidade de Booker como um adolescente preta ele acabou se afastando e teve pouco contato com Bob.

Uma característica marcante da infância de Marley foi sua pele mais clara, herdada da ascendência paterna inglesa. Em sua comunidade, ele era chamado de “Garoto Vermelho” pelos moradores de Saint Ann. Criado no campo, Bob ajudava nos afazeres rurais, como ordenhar o rebanho e cultivar hortas. Nos momentos de folga, aprendia sobre música com parentes mais velhos, dando os primeiros passos rumo ao destino que o aguardava.
Mudança para Trenchtown
Trenchtown, uma comunidade composta por favelas no subúrbio de Kingston, foi palco de momentos determinantes na vida de Bob Marley. Sua primeira passagem pelo local ocorreu quando tinha apenas 5 anos, mudando-se para estudar. Foi também nessa época que teve seu último encontro com o pai. Entretanto, a adaptação foi difícil, e Bob acabou abandonando a escola, retornando para Saint Ann.
No final dos anos 1950, já com 12 anos, Bob voltou para Trenchtown, onde a família buscava se estabilizar. Apesar das dificuldades financeiras, o bairro era rico culturalmente e inspirou diversas canções que ele comporia mais tarde. Foi nesse ambiente vibrante que Marley começou a trilhar seu caminho na música, participando de ensaios e explorando as influências musicais que estavam moldando a juventude jamaicana.
Na década de 1960, o ritmo SKA tomou conta da ilha, combinando influências do soul e do R&B norte-americanos com a interpretação local jamaicana. O estilo se tornou uma poderosa expressão musical para os jovens da periferia, oferecendo um vislumbre de esperança e uma fuga para aqueles que viviam sem muitas perspectivas em Trenchtown. Esse cenário efervescente seria o berço do talento que mais tarde revolucionaria a música e levaria a mensagem do Reggae para o mundo.

Início dos The Wailers
Após deixar sua terra natal em busca de uma vida melhor na periferia de Kingston, Bob Marley encontrou na música sua grande paixão e vocação. Oriundo de uma família humilde, ele não via muitas oportunidades de crescimento em outras áreas, dedicando-se por completo à sua arte.
Guiado pelo filho de seu padrasto, Bunny Wailer, Bob começou a estudar música enquanto ainda frequentava a escola. Com o tempo, sua paixão pela música se intensificou a ponto de ele abandonar os estudos formais para se dedicar inteiramente à carreira musical.

A virada em sua trajetória aconteceu quando conheceu Desmond Dekker, um colega de trabalho na metalurgia que já havia gravado uma música. Bob foi obrigado por sua mãe a trabalhar como soldador, pois ela temia que ele se tornasse um “rude boy”, termo usado para descrever jovens delinquentes em Trenchtown. No entanto, o contato com Dekker serviu como incentivo para Bob seguir sua vocação musical.
Pouco tempo depois, aos 16 anos, Bob gravou sua primeira música, “Judge Not”, em 1962. Esse primeiro passo foi fundamental para que ele reunisse os talentos que dariam origem ao grupo The Wailers: Peter Tosh, Bunny Wailer e ele próprio.
Embora Bob Marley não fosse um instrumentista virtuoso, sua genialidade e carisma foram determinantes para o sucesso do grupo. Desde o início dos The Wailers até sua carreira solo, Marley sempre esteve cercado por músicos excepcionais. Seu talento para compor, sua voz marcante e sua capacidade de transmitir mensagens poderosas fizeram dele um dos maiores nomes da música mundial.
União da Raça Preta e o Rastafari
Aos 18 anos, Bob Marley encontrou no movimento Rastafari um propósito ainda mais profundo para sua vida e sua música. O Rastafarianismo surgiu na Jamaica nos anos 1920, como um movimento de resistência dos descendentes de africanos escravizados, pregando a união da raça negra, a vida simples e o retorno à África. Jah Rastafari é a divindade suprema desse movimento, guiando e instruindo seus seguidores no caminho da retidão.
Ao adotar essa filosofia, Bob Marley incorporou diversos aspectos da cultura rasta ao seu dia a dia. Passou a seguir uma alimentação natural baseada no consumo de frutas e vegetais, evitando carne e álcool. Além disso, adotou os icônicos dreadlocks, que se tornaram sua marca registrada e um símbolo de resistência e espiritualidade.
Os princípios do Rastafari ecoam fortemente nas músicas de Bob Marley, trazendo mensagens de esperança, resistência e revolução. Canções como “One Love” expressam essa visão de mundo, promovendo a paz, a união e o amor universal, enquanto outras, como “Get Up, Stand Up”, reforçam a luta contra a opressão e a busca pela justiça.
Carreira
Após dois anos de ensaios intensos, em 1964 os The Wailers emplacaram um grande sucesso nas jukeboxes jamaicanas: o single “Simmer Down”. A música atingiu o primeiro lugar nas paradas locais, consolidando a popularidade do grupo na Jamaica.

Embora tivessem alcançado reconhecimento nacional, dificuldades financeiras e a instabilidade econômica do país comprometeram a continuidade da banda. Com a separação temporária do grupo, Bob Marley decidiu tentar uma nova vida nos Estados Unidos, onde sua mãe havia se estabelecido. A mudança, no entanto, tinha um propósito estratégico: ele queria garantir meios para sustentar seu sonho maior que era viver de música.
Aos 20 anos e já consagrado como um dos principais nomes do Reggae jamaicano, Bob Marley partiu para os EUA. Nessa época, ele já era casado com Rita Anderson. Nascida em 25 de julho de 1946 em Cuba com o nome de Alfarita, Rita Marley cresceu em Trench Town, na Jamaica, após seus pais Cynthia Jarett e Leroy Anderon decidirem se mudar para o país. No entanto, sua experiência nos Estados Unidos não foi como esperado. Após apenas oito meses, Marley decidiu retornar à sua terra natal.
Retorno à Terra Mãe
Em outubro de 1966, Bob Marley voltou para a Jamaica e reorganizou a formação dos The Wailers. A partir de então, começou sua luta para estruturar a banda, passando por diversas gravadoras e produzindo novas músicas.
Nesse período, o movimento Rastafari crescia ainda mais na Jamaica. O retorno de Marley coincidiu com o mergulho definitivo na filosofia Rastafari, o que influenciou profundamente sua música e sua vida. Sua espiritualidade transpareceu de forma marcante em suas composições, e temas sociais e espirituais passaram a ser a essência de seu legado musical.
A partir dali, Bob Marley não apenas transformaria o Reggae, mas também se tornaria uma voz global de resistência, esperança e unidade.
“Projeção”
No ínicio dos anos 70, apesar da aclamação nacional que os Wailers tinham na Jamaica, ainda permaneciam no underground internacional. A virada internacional acontece quando Bob Marley e sua trup conhecem Chris Blackwell, dono da Island Records, gravadora conceituada e independente que tinha, em sua maioria, artistas do rock no seu casting. Chris é procurado por Bob Marley para sanar um problema que acompanhou toda a caminhada dos The Wailers, a falta de grana. O astro do Reggae consegue convencer o dono da gravadora e a Island da o aval para gravação do álbum, que até então, seria o divisor de águas na carreira de Bob Marley e os The Wailers.

O álbum “Catch a Fire” foi lançado em 13 de abril de 1973 e ganhou o mundo e, de quebra, os The Wailers também. Algumas apresentações aovivo pela Europa e Estados Unidos ajudaram ainda mais a consolidar a banda no mundo.
O trabalho de Bob e sua trup ganhou tanta relevância no cenário internacional que grandes astros da música começaram a admirar o trabalho do rei do Reggae. Celebridades importantes como Paul McCartney, Mick Jagger e Eric Clapton são alguns dos nomes, este último chegou a regravar umas das músicas de Bob Marley, alavancando ainda mais os trabalhos de Marley.
Finalmente Bob Marley havia conseguido alcançar a projeção internacional que de certa forma havido ido em busca na sua primeira saída da Jamaica para os EUA.
A serenidade de Bob Marley, aliada as suas letras de protesto, paz e engajamento na vida política ficaram marcadas na história da música com uma acervo de 14 álbuns de estúdio mais quatro álbuns ao vivo sem contar os vários singles e gravações inéditas que foram divulgadas pós-morte do ídolo.
Luta de Bob Marley
Os ideais de Bob Marley sempre foram a essência de suas composições. Cada canção era um grito de libertação, entoado com paixão e convicção. Temas como positividade, justiça social, política e o engrandecimento da raça preta são recorrentes em sua obra. A trilogia final de sua discografia — “Survival”, “Uprising” e “Confrontation” — exemplifica essa luta incessante por liberdade e igualdade.
Lançado em 1979, “Survival” é o álbum mais politizado de Bob Marley. Suas letras abordam as dificuldades enfrentadas pelo continente africano, incluindo guerras, fome e opressão. A faixa “Zimbabwe” tornou-se um verdadeiro hino de libertação, celebrando a independência do país africano.

“Uprising” (1980), seu último álbum lançado em vida, aprofunda-se na espiritualidade Rastafari e na relação entre o divino e a humanidade. “Redemption Song”, uma de suas faixas mais icônicas, reflete sobre a escravidão e a busca pela liberdade, transmitindo uma mensagem atemporal de resistência e esperança:
“Velhos piratas, sim, eles me roubaram Me venderam para os navios mercantes Minutos depois que eles me tiraram Do poço sem fundo Mas minha mão foi fortalecida Pela mão do Todo-Poderoso Nós avançamos nesta geração Triunfantemente”
Por fim, “Confrontation”, lançado postumamente em 1983, reúne gravações inéditas de Bob Marley e sua banda. Sua capa, altamente simbólica, retrata Marley como São Jorge Guerreiro, montado em um cavalo e enfrentando um dragão — uma representação clara da eterna luta contra a Babilônia, sistema opressor denunciado pelos Rastafáris.
Bob Marley partiu cedo, mas seu legado permanece mais vivo do que nunca. Sua música e sua mensagem continuam a inspirar gerações, reafirmando seu papel como uma das vozes mais poderosas da história da humanidade.
Atentado a Bob Marley
“Porque o guerreiro de fé nunca gela não agrada o injusto, e não amarela”
Em 1976, a Jamaica passava por um momento político bastante instável. Bob Marley já era um dos maiores nomes do país e figurava no topo das paradas de sucesso. Foi então convidado para um show gratuito no evento “Smile Jamaica”, organizado pelo primeiro-ministro Michael Manley. Bob aceitou o convite acreditando estar contribuindo para o bem-estar do povo jamaicano. No entanto, o evento tinha motivações políticas, já que Manley convocaria eleições apenas duas semanas depois, o que fez Marley ser visto como um aliado de sua campanha.

Essa situação gerou tensão entre grupos políticos rivais. Na noite de 3 de dezembro de 1976, dois dias antes do show, homens armados invadiram a casa de Bob Marley e abriram fogo contra ele, sua banda e sua esposa, Rita Marley. Bob foi atingido no braço e no peito, enquanto Rita levou um tiro na cabeça, mas milagrosamente sobreviveu. Apesar da gravidade da situação, ninguém morreu no ataque.
Mesmo ferido e com uma bala alojada no braço, Bob Marley decidiu subir ao palco do “Smile Jamaica”. Mais de 80 mil pessoas aguardavam ansiosamente por sua apresentação. Quando Marley entrou em cena, abriu os botões da camisa e exibiu suas feridas ao público, sendo ovacionado como um verdadeiro guerreiro da paz. Seu gesto simbolizou resistência e compromisso com sua missão de levar mensagens de união e esperança ao mundo.
Esse episódio apenas reforçou seu status como uma figura revolucionária e espiritual. Pouco depois, Bob Marley deixou a Jamaica e se exilou em Londres, onde gravou o icônico álbum “Exodus”, consolidando-se definitivamente como um dos maiores artistas de todos os tempos.
“Paixão pelo Futebol” (Quando o Reggae conheceu o Samba)
O Dia em que Bob Marley Jogou uma Pelada com Caju e Chico Buarque.
Além de ser um ícone da música, Bob Marley também era um grande entusiasta do futebol, esporte que considerava uma paixão paralela à música. Uma de suas façanhas mais memoráveis no mundo esportivo ocorreu durante sua visita ao Brasil, em 1980, quando ele participou de uma pelada no campo particular de Chico Buarque, no Rio de Janeiro. O momento ficou marcado na história como um encontro único entre duas lendas da música e um craque do futebol.
Na ocasião, Bob Marley dividiu o campo com Paulo César Caju, integrante da seleção brasileira tricampeã mundial de 1970, e com o próprio Chico Buarque, anfitrião do evento. A foto que registra o momento mostra Bob Marley ao centro, cercado por Caju e Chico, em um cenário descontraído e cheio de significado. Para Marley, o futebol era mais do que um esporte; era uma expressão de conexão cultural. Ele mesmo afirmou: “O samba e o Reggae são a mesma coisa, têm o mesmo sentimento das raízes africanas”. Essa declaração revela a profunda ligação que ele via entre a música e o esporte, ambos como manifestações de identidade e resistência.
Não era segredo que Bob Marley tinha uma paixão especial por uma “bola de futebol”. Nas horas vagas, ele trocava o violão e as letras pelas chuteiras e os campos. Clive “Busy” Campbell, ex-jogador do Santos e amigo de Marley, contou que eles frequentemente jogavam juntos na residência do astro na Hope Road, em Kingston. Marley via o futebol como uma forma de lazer, mas também como uma demonstração de habilidade e destreza. Ele costumava dizer que amava o futebol porque, para praticá-lo, era preciso ser habilidoso.
Essa paixão pelo esporte era tão grande que, segundo relatos, um dos pré-requisitos para Bob Marley assinar contratos de turnê era ter um campo e uma bola por perto. Não é difícil encontrar fotos do astro do Reggae se divertindo com uma “pelota”, sempre desfilando seus icônicos dreads e um sorriso no rosto. O futebol era, para ele, uma forma de expressão e conexão, assim como a música.
A pelada com Chico Buarque e Paulo César Caju no Rio de Janeiro simboliza essa fusão entre música, esporte e cultura. Foi um momento em que duas paixões de Bob Marley se encontraram: o Reggae, que ele levou ao mundo e que hoje é reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade, e o futebol, que ele jogava com o coração. Esse episódio, registrado para a posteridade, é mais uma prova de como o legado de Bob Marley vai além da música, permeando também o esporte e a cultura popular, sempre com uma mensagem de união e alegria.

Bob Marley não apenas elevou o Reggae e seus subgêneros, como o Ska, o Rocksteady e o Dub, a um patamar global, mas também os transformou em símbolos de resistência e identidade cultural. Sua contribuição para a música e para a humanidade é um legado que continua vivo, inspirando gerações e reforçando a importância da cultura como ferramenta de transformação.
O futebol esteve presente na vida de Bob Marley do seu nascer até a sua morte. Segundo o seu documentário, a descoberta do câncer, que seria a causa do seu falecimento posteriormente, foi através de um machucado gerado durante uma partida de futebol. Durante o seu sepultamento, uma bola de futebol foi enterrada junto ao seu caixão, simbolizando tudo que o futebol representou na vida do astro.
“Morte de Bob Marley”
Citado no trecho anterior, Bob foi diagnosticado com câncer depois que um machucado no pé, gerado pós uma partida de futebol, não sarava conforme o esperado. O ferimento se deu em uma partida de futebol em Londres em 1977, Bob machucou o dedão do pé direito e, como consequência do ferimento não tratado, a unha do pé caiu. Somente em 1980, quando o ídolo passou mal no palco em uma turnê nos EUA, descobriu-se que na verdade ele tinha uma espécie de câncer de pele, chamado melanoma maligno, que se desenvolveu sob sua unha.

Bob acabava sua turnê pela Europa e havia agenda marcada para uma breve turnê pela América do Norte, somente em 1980, durante sua primeira apresentação, Marley passou mal e ao passar pelos exames foi diagnosticado e descobriu-se que na verdade ele tinha uma espécie de câncer de pele, chamado melanoma maligno, que se desenvolveu sob sua unha.
Foi sugerido a amputação do dedo prejudicado, mas o astro se recusou seguindo os ensinamentos da doutrina Rasta. Os Rastafaris acreditam que o corpo é um templo e ele deve ser preservado e não deve ser modificado. Marley não aceitava o tratamento tradicional do câncer pelos médicos.
O câncer se espalhou pelo cérebro, pulmão e estômago, até que Bob Marley encontra um tratamento alternativo e naturalista de um médico Alemão, depois de oito meses de tratamento não havia mais nada para se fazer.
Em maio de 1981, o médico alemão Josef Issels informou a Bob Marley que não havia mais nada a ser feito. O astro Bob Marley então, decidiu voltar para a Jamaica para passar os últimos dias com a família e amigos. No entanto, ele não conseguiu completar a viagem e morreu em Miami-EUA, menos de 40 horas depois de deixar a Alemanha.

“Os restos mortais de Bob Marley, ícone mundial da música Reggae e símbolo da cultura jamaicana, repousam em um mausoléu na pequena vila de Nine Mile, localizada em Saint Ann, Jamaica. Este lugar, onde Marley nasceu e passou parte de sua infância, tornou-se um local de peregrinação para fãs e admiradores de todo o mundo.
O mausoléu, cercado por uma paisagem serena e montanhosa, reflete a simplicidade e a espiritualidade que marcaram a vida e a obra do artista. Nine Mile não apenas guarda a memória de Bob Marley, mas também preserva o legado de paz, amor e resistência que ele deixou para o mundo”.
Smile Jamaica e One Love Peace Concert: O Legado Pacifista de Bob Marley
Em meio à turbulência política e social que assolava a Jamaica na década de 1970, Bob Marley, ícone do Reggae e mensageiro da paz, decidiu organizar um concerto gratuito para promover a união e a harmonia entre o povo jamaicano. O evento, conhecido como “Smile Jamaica Concert”, foi marcado para 5 de dezembro de 1976, poucos dias antes das eleições gerais no país.
A ideia do show recebeu apoio do então primeiro-ministro e líder do Partido Nacional do Povo (PNP), Michael Manley, que viu na iniciativa uma oportunidade de reduzir as tensões políticas que ameaçavam mergulhar a ilha em um ciclo de violência ainda maior. No entanto, a aproximação do evento gerou suspeitas e acirrou os ânimos entre facções rivais, que associavam Marley a interesses políticos.
Apenas dois dias antes do concerto, em 3 de dezembro, Bob Marley e sua banda sofreram um atentado em sua própria casa, em Kingston. Homens armados invadiram a residência e abriram fogo, ferindo o cantor no braço e no peito, além de atingir sua esposa, Rita Marley, e o empresário Don Taylor. Apesar do susto e dos ferimentos, Marley tomou a decisão de seguir adiante com o show, demonstrando coragem e compromisso com sua mensagem de paz.
Na noite do “Smile Jamaica Concert”, diante de um público de cerca de 80 mil pessoas no National Heroes Park, Marley subiu ao palco e entregou uma performance memorável. Com o braço ainda enfaixado devido ao atentado, ele mostrou ao mundo a força de sua música e sua missão de unir a juventude jamaicana, transcendendo as divisões políticas e sociais. O show foi um marco na história da música e da resistência cultural.
Dois anos depois, em 22 de abril de 1978, Bob Marley voltou a protagonizar outro momento histórico no “One Love Peace Concert”, no Estádio Nacional, onde conseguiu um feito extraordinário: trazer ao palco os líderes dos dois principais partidos políticos jamaicanos, Michael Manley (PNP) e Edward Seaga (JLP), fazendo com que dessem as mãos diante da multidão. Esse gesto simbólico ficou marcado como um dos momentos mais emblemáticos da história política e cultural da Jamaica.

Por seus esforços incansáveis em prol da paz e da unidade, Marley recebeu a Ordem do Mérito da Jamaica, a terceira mais alta honraria do país. Sua música e sua mensagem continuam a inspirar gerações em todo o mundo, reafirmando seu legado como um verdadeiro embaixador da paz e da resistência cultural.
O Legado de Bob Marley: Um Símbolo de Resistência, Esperança e Unidade
Bob Marley não foi apenas um ícone da música; ele foi um mensageiro de paz, um defensor da justiça social e um embaixador da cultura jamaicana para o mundo. Seu legado transcende gerações, continentes e culturas, deixando uma marca indelével na história da música e na luta por um mundo mais justo e igualitário.
Através de suas composições, Bob Marley transformou o Reggae em um veículo poderoso de protesto e positividade. Suas letras, carregadas de mensagens de amor, resistência e conscientização, ecoam até hoje como um chamado à união e à luta contra a opressão. Músicas como “Get Up, Stand Up”, “Redemption Song” e “One Love” tornaram-se hinos universais, inspirando milhões a buscar mudanças e a acreditar em um futuro melhor.
Além de sua música, Bob Marley foi um dos maiores divulgadores da cultura Rastafari, mostrando ao mundo os valores de espiritualidade, respeito à natureza e conexão com as raízes africanas. Ele não apenas elevou o Reggae a um patamar global, mas também colocou a Jamaica no mapa cultural do mundo, revelando a riqueza e a diversidade de sua terra natal.
Para Trenchtown, a favela onde cresceu e que muitas vezes era vista como um lugar sem esperança, Bob Marley deixou um legado de possibilidade. Ele provou que, mesmo em meio às adversidades, é possível sonhar, criar e transformar. Sua história de superação e sucesso tornou-se um farol de esperança para comunidades marginalizadas ao redor do mundo.
Seus feitos foram amplamente reconhecidos, tanto em vida quanto após sua morte. Em 1976, foi eleito Banda do Ano, consolidando seu lugar no cenário musical internacional. A música “One Love” foi eleita pela BBC como a Música do Milênio, e o álbum “Exodu”s foi nomeado Álbum do Século pela revista Time. Póstumamente, recebeu um Grammy por sua contribuição à música e à cultura, além de ser condecorado com a Ordem ao Mérito Jamaicano e incluído no Hall da Fama do Rock And Roll.
O legado de Bob Marley vai além dos prêmios e honrarias. Ele deixou um exemplo de como a arte pode ser uma ferramenta poderosa para transformar vidas e sociedades. Sua mensagem de amor, unidade e resistência continua a inspirar novas gerações, provando que sua voz e sua música são, de fato, eternas. Bob Marley não foi apenas um artista; ele foi um visionário cujo legado permanece vivo, pulsante e necessário em um mundo que ainda busca por paz e igualdade.
Álbum Vencedor do Grammy 2025, “Bob Marley: One Love – Music Inspired By The Film (Deluxe)”
No ano em que Bob Marley completa 80 anos, seu legado musical continua a ecoar com força e relevância, transcendendo gerações e fronteiras. O álbum “Bob Marley: One Love – Music Inspired By The Film (Deluxe)”, vencedor do Grammy 2025 na categoria Melhor Álbum de Reggae, é uma prova viva de que a mensagem de amor, unidade e resistência de Marley permanece mais atual do que nunca.
Inspirado pelo filme biográfico “One Love”, que narra a vida e a trajetória do ícone jamaicano, o álbum reúne uma coleção poderosa de releituras e interpretações de seus clássicos imortais, feitas por artistas contemporâneos de diversos gêneros e origens. A versão Deluxe traz ainda faixas inéditas, remixes especiais e colaborações surpreendentes, criando uma ponte entre o passado e o presente, e mostrando como a música de Bob Marley continua a inspirar e influenciar novas gerações.
Entre os destaques do álbum, estão versões emocionantes de “Redemption Song”, interpretada por uma estrela global da música africana, e “No Woman, No Cry”, que ganhou novos arranjos em uma colaboração entre artistas do Reggae e do Hip-Hop. A faixa-título, “One Love”, foi reinterpretada por um coro multicultural, simbolizando a universalidade da mensagem de Marley.

O Grammy 2025 reconheceu não apenas a qualidade musical do álbum, mas também seu impacto cultural e sua capacidade de manter viva a chama do Reggae, gênero que é Patrimônio Imaterial da Humanidade. O prêmio é um testemunho do poder duradouro da música de Bob Marley, que continua a tocar corações e mentes em todo o mundo, décadas após seu falecimento.
Legado que Atravessa Gerações
Bob Marley não foi apenas um músico; ele foi um visionário cuja arte transcendeu o tempo e o espaço. Suas canções, que falam de amor, justiça, liberdade e espiritualidade, continuam a ressoar em um mundo que ainda busca por paz e igualdade. O sucesso do álbum “One Love – Music Inspired By The Film (Deluxe)” é um reflexo de como sua mensagem permanece relevante, inspirando artistas e ouvintes de todas as idades.
No ano de seu aniversário de 80 anos, este álbum é mais do que uma homenagem; é uma celebração da vida e da obra de um dos maiores ícones da música mundial. Ele nos lembra que, enquanto houver pessoas lutando por um mundo melhor, a voz de Bob Marley continuará a ser ouvida, guiando-nos com sua mensagem atemporal de “One Love”.
Crétidos: Rasdair da Mata
Imagem para capa / criação e arte Eliane Pain
Fotos: Arquivos