Músico, ativista e revolucionário faria 75 anos neste sábado; data é marcada com festival na Jamaica. Programa da Educativa 104.7 FM vai ao ar neste domingo (20), às 22h
Peter Tosh foi genuinamente um revolucionário em seus pensamentos e ambições por sua música, com um desejo de mudar o mundo com suas letras. Embora muitos pensassem ser um indivíduo complicado devido à sua personalidade militante com convicções de uma humanidade igualitária, era um homem de muitos talentos. O Xaymaca Reggae deste domingo (20) se rende ao seu som a partir das 22h, na Educativa 104.7 FM.
Tosh lutou por direitos e justiça iguais e nunca vacilou, mesmo em causas polêmicas como a legalização da maconha. Pedidos para que os negros percebessem suas raízes e a igualdade social e racial também compuseram seu repertório. Em “Equal Rights” (1977), ele diz:
“Todo mundo está clamando por paz, ninguém está clamando por justiça, eu não quero paz; Eu preciso de igualdade de direitos e justiça”.
Nascido Winston Hubert McIntosh, em Westmoreland, Jamaica, em 1944, deu-se o apelido de Peter Tosh e, em 1976, adotou seu nome etíope: Wolde Samayat.
Tosh conheceu Robert Nesta Marley e Neville “Bunny Wailer” Livingston em Kingston, e formou o grupo Wailin ‘Wailers (mais tarde “The Wailers”) sob a orientação de Joe Higgs. Tosh, sendo o único com habilidades para tocar instrumentos musicais, além de Higgs, ensinou Bunny e Marley a tocar violão –ele aprendeu em um único dia, apenas assistindo um homem tocar.
Tosh e Bunny deixaram o grupo em 1973, depois de Chris Blackweel ter agendado uma turnê em bares profanos nos Estados Unidos com objetivo de promover a banda, alegando serem mensageiros de Jah Banny Wailer.
Após a desintegração dos The Wailers, a carreira solo de Peter permitiu que ele transmitisse mais mensagens de igualdade e justiça através de sua música edificante. Com um violão na forma de um rifle, cantou sobre suas visões políticas revolucionárias. Tosh se considerava um africano desalojado e se dedicou à liberdade política da África.
“Peter Tosh costumava se apresentar de graça em muitos shows anti-apartheid, às vezes pagando do próprio bolso os músicos da banda e equipe que insistiam em ser pagos. Suas exigências não impediriam Tosh de dar sua energia e talentos à causa da liberdade africana”, disse Herbie Miller, ex-gerente da Tosh, em sua biografia.
Entre suas muitas canções revolucionárias, ele gravou “Apartheid” (1977) em um movimento deliberado para denunciar o sistema opressivo no sul da África. Há apenas uma década, Tosh havia sido presa do lado de fora do Alto Comissariado Britânico em Kingston, protestando contra a aquisição de Ian Smith da antiga Rodésia (atual Zimbábue).
Como um defensor inabalável da igualdade social e racial, Tosh era conhecido por recusar ofertas e rejeitar prêmios se eles não representassem igualdade e justiça e se eles não tivessem nada a ver com a melhoria da vida dos negros no mundo inteiro.
Miller escreveu em artigo que Tosh se recusou a aceitar um disco de ouro na Holanda porque estava insatisfeito com as circunstâncias em que foi apresentado e com o que ele considerava o colonialismo holandês nas Antilhas. Também se recusou a se apresentar em Israel, em apoio à causa palestina. No Brasil, Tosh se apresentou em 1980 no 2º Festival Internacional de Jazz, no Anhembi, São Paulo, usando figurino de um palestino.
Também conhecido como Steppin’ Razor, Tosh também era um artista marcial perigoso, com o Kung Fu sendo seu favorito e especialidade. Ele costumava usar roupas ninjas durante suas apresentações, e o público ficou fascinado por seus movimentos. E era um ávido monociclista que costumava subir no palco durante suas apresentações.
Em 19 de outubro, ele faria 75 anos –faleceu em 11 de setembro de 1987, morto a tiros por assaltantes, deixando um rico catálogo de hinos de reggae, incluindo “Mama Africa”, No “Nuclear War” e “Legalize It”. Na data, o Museu Peter Tosh em parceria com a Pulse Mega Source Inc. foi marcado o Peter Tosh Music Festival, em New Kingston. O evento já é realizado há nove anos. Neste ano, até mesmo um simpósio sobre o artista e seu papel como revolucionário será realizado na Jamaica.
Jah Bless a todos os ouvintes!
Sintonize – Com produção e apresentação de Rasdair da Mata, o programa Xaymaca Reggae vai ao ar aos domingos, das 22h às 00h, na Educativa 104.7 FM, podendo ser acompanhado também pelo Portal da Educativa (na aba Ouvir a Rádio). Curta a página do programa no Facebook e acompanhe as novidades e curiosidades sobre o reggae no Brasil e no mundo.
(Fonte: Jamaica Observer)