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19 de abril de 2024 - 10:52

Selfiti: Tirar selfies em excesso pode ser uma doença

A fotografia nos dá a chance de guardar conosco registros de situações que valem a pena lembrar. Isso é ótimo, afinal nem sempre nossa memória dá conta de guardar tudo que precisamos. Dessa forma, ter um registro simbólico do que foi vivido ajuda a mantermos a conexão com o momento.

Uma das formas de captarmos esses registros é por meio da selfie – tipo de fotografia que consiste em tirar foto de si mesmo. As justificativas para tirar selfies são as mais variadas e podem ir desde querer registrar um local bonito que foi visitado, até guardar um autorretrato. Na verdade, por trás de todas as motivações para tirar uma selfie, existe uma vontade maior: a de mostrar algo. E isso também não é um problema. Afinal, vivemos em uma sociedade que valoriza a imagem e disponibiliza ferramentas para que fotos como selfies sejam divulgadas, como os aplicativos e as redes sociais.

No entanto, existem evidências de que tirar selfies e postá-las nas redes sociais adquiriu um significado maior do que apenas o autorretrato: ele virou um balizador de autoestima tão poderoso que psicólogos passaram a caracterizar o hábito como um possível transtorno obsessivo apelidado de “selfiti“.

O que é Selfit

Selfit pode ser entendido como um vício em tirar selfies. O termo foi divulgado a primeira vez em 2014 em uma notícia afirmando que a Sociedade Americana de Psiquiatria tinha definido o hábito de tirar muitas fotos de si mesmo para se autopromover como uma desordem psicológica. No entanto, a notícia em questão era falsa e a própria Sociedade Americana de Psiquiatria desmentiu o fato. No entanto, na sequência do engano, pesquisadores da Universidade de Nottingham Trent, de Londres e da Escola de Administração de Thiagarajar, na Índia, decidiram investigar se o fenômeno era verdadeiro. As universidades realizaram um estudo chamado .

 Para a realização da análise foram recrutados cerca de 400 estudantes, dos quais eram 230 homens e 130 mulheres de escolas superiores da Índia. O motivo de escolher a Índia como pólo de investigação foi o fato de o País concentrar o maior número de usuários de Facebook. Além disso, a Índia também é o país que registra o maior número de pessoas que morrem por tirar selfies em locais perigosos. Para se ter uma ideia, um levantamento realizado por pesquisadores americanos identificou que entre os anos de 2014 a 2016, cerca de 127 pessoas morreram ao não calcular os riscos no momento de tirar selfie. Destas 76 ocorreram na Índia. O estudo não registrou nenhuma morte no Brasil.
O Selfiti é uma condição psicológica ainda em estudo, portanto não é reconhecida pela Associação Americana de Psiquiatria ou pela Associação Brasileira de Psiquiatria como uma patologia.

De acordo com o psicanalista e doutor em psicologia clínica Eduardo Fraga de Almeida Prado, que também é professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o Selfiti deriva de um fenômeno mais amplo de medicalização da vida. Portanto é preciso cautela para abordar o assunto.

O psicólogo Cristiano Nabuco que também é coordenador do Programa de Dependência de Internet do Laboratório Integrados dos Transtornos do Impulso (AMITI) dos Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, reforça que vivemos uma tentativa de caracterizar tudo que pode ter relação com o uso abusivo de tecnologia. “Precisamos tomar cuidado para não criarmos um excesso de classificação relacionado à dependência de tecnologias, mesmo porque este exagero pode estar relacionado a algo maior, como um quadro de depressão, ansiedade ou tipo de transtorno que só poderá ser identificado por um profissional”, alerta.

Mesmo que o Selfit não seja identificado como um transtorno, a psicoterapeuta cognitiva comportamental Dora Sampaio Góes, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, afirma que é preciso estudar a complexidade do hábito de tirar muitas selfies. “A dependência de internet, que hoje é uma patologia, começou como uma observação clínica de profissionais que foram pesquisar. Não há como dizer se o Selfiti será considerado uma patologia, pois é necessário muito estudo para isso acontecer, mas a investigação é válida”, explica Dora.

Níveis de Selfitis

Para a realização do estudo, os participantes passaram por entrevistas com perguntas como: “O que te motiva a tirar selfies?”, “Você acha que uma pessoa pode desenvolver um vício em tirar selfies?”. Por meio dos questionários, os pesquisadores identificaram perfis comportamentais que poderiam ser classificados dentro de um comportamento obsessivo por autorretratos. Com as análises, os pesquisadores classificaram os participantes em três níveis distintos de “Selfitis”:

  • Borderline: pessoas que tiram fotos de si pelo menos 3 vezes por dia, mas não necessariamente publicam nas redes sociais
  • Agudo: pessoas que tiram fotos de si ao menos 3 vezes por dia e postam cada uma nas mídias sociais
  • Crônico: impulso incontrolável de tirar selfies e publicar as fotos mais de 6 vezes por dia.

Ao analisar o comportamento dos estudantes, os pesquisadores descobriram 40% dos jovens poderia se enquadrar no nível agudo de Selfiti. Cerca de 34% dos participantes se enquadrou ao nível borderline e os 25% restantes estariam entre as pessoas com um nível crônico de Selfiti.

O que pode desencadear o Selfiti

De acordo com a pesquisa, o que motiva pessoas a tirar um número excessivo de selfies é, entre muitos aspectos, o prestígio que recebem de seus seguidores depois que a foto é publicada. Segundo os cientistas, os jovens explicaram que quando divulgavam as fotos nas redes sociais ficavam felizes com o reconhecimento das outras pessoas. Alguns disseram que sentiam que sua vaidade era legitimada a partir do elogios que recebiam. Outros gostavam da competição que criavam com os outros amigos.

Para os especialistas entrevistados pela redação, o hábito de tirar muitas fotos de si demonstra, entre muitos aspectos, um sentimento de insegurança em relação à própria aparência. Pode parecer um paradoxo atrelar problemas de auto-aceitação com um excesso de autorretratos, mas os especialistas explicam que o hábito é justamente para tentar buscar, por meios externos, uma aprovação que não se tem de si mesmo.

“Quanto mais inseguro ou com incertezas o indivíduo é mais será necessário o hábito de tornar-se público. Isso porque esse indivíduo sente a necessidade de ser constantemente apreciado por quem o vê”, afirma Almeida Prado.

Essa não é a primeira vez que o excesso de fotos de si está relacionado com uma baixa autoestima. Um estudo realizado pela Brunel University London chamado “Facebook status updates reveal low self-esteem and narcissism” afirma que pessoas que tiram muitas selfies na academia tendem a ser narcisistas e inseguras.

O estudo foi realizado com 555 usuários do Facebook e lhes foi solicitado que respondessem a um questionário. Os pesquisadores descobriram que pessoas com personalidade narcisista, por exemplo, tendem a postar mais fotos na academia, pois esses ambientes costumam receber um número maior de likes em relação a outras situações cotidianas. Sendo assim, essas pessoas procuravam divulgar suas fotos nesses ambientes como forma de manter uma grande quantidade de likes.

A professora de psicologia Tara Marshall, da Brunet University London, explica que as curtidas e comentários postados nas fotos proporcionam uma sensação de inclusão social, enquanto as pessoas que não recebem nada sentem-se como se estivessem em um tipo de ostracismo.

Vale ressaltar que grande parte das fotos publicadas nas redes sociais conta com recursos de edição e embelezamento que possibilitam corrigir de forma rápida pequenas imperfeições, afinar o rosto, aumentar os olhos, deixar o sorriso mais atraente e até rejuvenescer a pele. Dessa forma a pessoa que posta a selfie mostra aos outros uma versão editada de si.

“Quando uma pessoa que não tem uma boa autoestima publica uma foto e recebe elogios, é como se ela adquirisse durante algum tempo uma autoestima adequada. Isso pode gerar uma dependência comportamental, pois o indivíduo sempre estará atrás de mais aprovação”, alerta Dora.

FONTE: Minha Vida

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