O Mato Grosso do Sul é o quarto estado do Brasil com o maior número de suicídios. Em 2022, foram 211 casos, sendo 91 adultos, 80 jovens, 22 idosos e 20 adolescentes. Já em 2023, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), 127 pessoas foram vítimas de suicídio. Os homens representam 66.9% das ocorrências e as mulheres 17.3%, enquanto 15.7% não tiveram o gênero identificado.
Para falar sobre saúde mental, o programa Rádio Livre, da Rádio E 104.7 FM, recebeu nesta segunda-feira (16) a psicóloga Karen Puck, que apontou as principais medidas de combate aos transtornos de ansiedade e os cuidados a serem tomados para evitar o agravamento dos quadros.
Em relatório divulgado em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que quase um bilhão de pessoas viviam com algum transtorno mental, incluindo 14% da população adolescente mundial. Indivíduos que sofrem com condições graves de saúde mental morrem, em média, 10 a 20 anos mais cedo do que a população em geral e 58% dos suicídios ocorrem antes dos 50 anos de idade. “A saúde mental em si é você estar bem consigo mesmo e com outras pessoas, uma mente que não está saudável não vai conseguir lidar com processos estressantes, com preocupações e isso começa a dominar a vida das pessoas”.
Karen destaca que a ansiedade é natural do ser humano, despertada como um mecanismo de defesa em situações de perigo, preocupação e medo intenso, mas que deve levantar preocupação quando evolui para um quadro patológico. “Uma ansiedade que sai fora do controle, é aquela que está levando a pessoa a uma preocupação excessiva em tudo e isso está afetando a vida dela. Isso leva a outros transtornos e começa a afetar relacionamentos sociais, a pessoa começa a deixar de viver a vida”, explica a psicóloga.
Os transtornos psicológicos aumentaram durante e após a pandemia de COVID-19. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) indica que a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou 25% em meio ao período pandêmico e que a saúde mental dos jovens foi a mais afetada, devido ao risco desproporcional de comportamentos suicidas e automutilação. “No pós-pandemia os mais afetados foram adolescentes, porque os jovens atualmente, com as redes sociais, vem uma vivência nas redes sociais que às vezes não condiz com a realidade deles e o desejo de viver isso faz vir a frustração, por fazer uma comparação.
“É se imaginar ou querer ter o que o outro tem, que não seja tão próximo”
A profissional explica que o processo de terapia com pessoas que sofrem de ansiedade patológica tem como objetivo ajudar o paciente a lidar com os acontecimentos do cotidiano e ressignificar situações e vivências. “Muitas pessoas já querem remédio de cara, sendo que você não precisa necessariamente tratar a ansiedade com medicamentos, ela pode ser tratada na terapia, ressignificando seus pensamentos, trabalhando sua mente e seu corpo. Esse processo é multidisciplinar, é um acompanhamento conjunto, o psiquiatra com certeza vai te encaminhar para você fazer uma psicoterapia”.
Mente e corpo
A psicóloga ainda destaca a importância dos exercícios físicos para a saúde mental e na prevenção de transtornos psicológicos. “Eu sempre falo para se colocar numa rotina e fazer atividades físicas, quem não faz, começa com o mínimo, uma caminhada já suficiente. Isso trabalha o nosso cérebro e com os nossos hormônios que regulam isso, que são a dopamina e a serotonina, que fazem a regulação das emoções”.
Os sintomas de ansiedade patológica estão conectados com a baixa produção dos ‘hormônios do prazer’ no cérebro humano, que precisa de um estímulo. “O exercício é um dos maiores meios para você conseguir lidar com esses processos do cotidiano, porque quando a gente faz exercício físico estamos trabalhando nosso corpo e nossa mente, não pela estética, mas pelos benefícios mentais”.
Conteúdo importantíssimo!
Parabéns ao portal e essa excelente psicóloga.
Muito bom entender sobre o assunto. Estamos vivendo em momentos difíceis. Conhecer e fortalecer para combater, ajudando a si e ao próximo.