Na oficina de costura do Estabelecimento Penal Feminino “Luiz Pereira da Silva”, em Jateí, já foram confeccionados mais de 198 jogos de paramentos cirúrgicos, peças que estão ajudando a restaurar vidas não só dos pacientes atendidos no maior hospital da região, mas também dentro dos muros da prisão, com qualificação profissional e ocupação produtiva às custodiadas.
Pelas mãos de reeducandas, são costurados campos cirúrgicos, aqueles tipos lençóis utilizados para cobrir os pacientes durante as cirurgias no Hospital da Vida de Dourados. Ao todo, já foram entregues mais de 790 peças, já que cada jogo é composto por quatro campos cirúrgicos, além dos avulsos disponibilizados.
A iniciativa integra parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Fundação Municipal de Saúde de Dourados (Funsaúde), que é a administradora do hospital.
“Essa parceria é de suma importância, primeiro porque sem esse material não tem condições de realizar as cirurgias, que atualmente são 14 por dia”, comenta o gerente da Funsaúde, Jone Roberto Benites Fernandes.
Segundo ele, outro fator importante é a economia gerada, visto que na maioria das vezes o tecido é de doação por meio do Ministério Público. “Somente o último, que compramos tecido, mas mesmo assim gerou uma economia de 70% do valor se fosse comprar por meio de licitação”, reforça. “A verdade é que com a ajuda das internas do presídio de Jateí temos salvado vidas e estamos economizando”, agradece.
O gerente destaca que a Agepen tem contribuído bastante com a pasta da Saúde em Dourados. “Temos também os pães que são produzidos na Penitenciária Estadual distribuídos para o Hospital da Vida e às unidades de pronto-atendimento; além da utilização da mão de obra de internos do regime semiaberto”, informa.
De acordo com a diretora do presídio de Jateí, Solange Pereira da Silva, essa parceria na confecção surgiu no início da pandemia da Covid-19, quando máscaras para o hospital foram confeccionadas na unidade prisional. “A gerência da Funsaúde nos relatou a precariedade e dificuldade nas realizações cirúrgicas daquele hospital e a necessidade dessa confecção”, comenta.
O setor de costura do EPJateí conta com quatro internas, que recebem remição de um dia na pena a cada três de serviços prestados, conforme estabelecido na Lei de Execução Penal.
O diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, ressalta que, assim como no exemplo de Jateí, as equipes de servidores penitenciários têm se empenhado para tornar possível a realização de projetos que beneficiam a população fora dos muros da prisão.
“São várias as ações que a Agepen realiza, envolvendo obras em prédios públicos, hortas sociais, fabricação de brinquedos, de cadeiras de rodas etc”, detalha, reforçando que é uma forma do sistema penitenciário ter também este caráter retributivo e social.
Keila Oliveira, Agepen