No elo da corrente de solidariedade, dinheiro com venda de máscara ajuda custear produção de outras máscaras e doação de água, alimentos, álcool em gel e ração: “Nossa preocupação não ficou somente na proteção em relação ao vírus, mas nas necessidades que já existiam e pioraram com a pandemia. Uma delas, a fome”.
Cláudia Meneghetti Traldi, prestadora de serviços e fornecedora de produtos utilizados por companhias aéreas, muito antes da pandemia do novo conoravirus chegar ao Brasil, já antevia eventual demanda por máscaras de proteção. Tanto para atender as companhias aéreas quanto para a população em geral. Uma tia alertou ela sobre as dificuldades em outro país onde mora. Daí surgiu uma ideia, que tinha o aspecto comercial, mas que chamou a atenção para a possibilidade de ajudar uma questão social e humanitária. Era o momento de uma iniciativa reversa.
“Eu tenho meu trabalho, onde atendo companhias aéreas em diferentes produtos e no final de fevereiro minha tia me ligou alertando sobre o uso de máscara, pois no país em que ela mora a situação estava complicada. Comecei a me informar e ir atrás desse produto para oferecer nas empresas de aviação e outros clientes. A pandemia nem tinha chegado com tudo aqui no Brasil e logo percebi a grande dificuldade que encontrariamos para comprar as máscaras. Minha maior preocupação passou a ser as pessoas que realmente precisariam se proteger, por pertencerem a grupo de risco. E quem também não teria condições financeiras”, conta Cláudia. A partir dali começou a pensar em um trabalho conjugado, de produção para atender a demanda e também para ajudar quem precisa em outras necessidades, inclusive para a ameaça da fome.
Com a ajuda de dois amigos (Vanessa e Masato), a empresária começou a produzir EPIs Equipamentos de Proteção Individual). Iniciou-se a venda de máscaras para empresas e o dinheiro arrecadado passou a custear novas máscaras para doação. Quem compra uma máscara acaba contribuindo para que outras pessoas, de vulnerabilidade social, tenham acesso a equipamento de proteção e produtos de higiene e limpeza, como o álcool em gel. Tudo é feito por meio de canal no Instagram Máscara Solidária. Basta entrar em contato com a Cláudia, quem quiser comprar para uso ou venda e quem precisa de doação.
“Comecei a pesquisar tudo o que envolve o universo de EPI ‘s e então com a ajuda da Vanessa conseguimos costureira e começamos o trabalho de confeccionar. Para levantar renda para as doações resolvi vender as máscaras e reverter o lucro para doação. Nós doamos máscara N95 + álcool em gel + tecido para pessoas em grupo de risco (tratamento oncológico, hipertensão, diabetes, idosos, outros tipos de doenças e necessidades) e a campanha avançou para doação de máscaras e álcool em gel para albergues, asilos, ong’s que servem alimento nas ruas e seus voluntários estavam sem, entregadores de aplicativos, etc. Meu amigo Masato, além de ajudar no projeto, ainda se dispôs a fazer as entregas aqui em São Paulo e agora estamos fazendo também o frete solidário onde a pessoa doa alimento ou ração pelo frete”.
Segundo a idealizadora do projeto, estão sendo doados máscara, álcool em gel, alimentos, água mineral, ração e roupas. “Nossa preocupação não ficou somente na proteção em relação ao vírus, mas tentando ajudar nas demais necessidades que já existiam e que pioraram com a pandemia. Uma delas, a fome”.
Cláudia diz que usa o Instagram para divulgar as doações e para que as pessoas vejam e também se solidarizem, façam o melhor que puderem para ajudar quem não tem como se proteger.
“Estamos fazendo nosso melhor e esperamos que em cada cantinho desse país outros façam o mesmo. Conhecemos pessoas incríveis que ajudamos e que nos ajudaram. É um trabalho maravilhoso que jamais pretendo parar. Sempre fiz minha parte e que sirva de exemplo para tentarmos tornar o mundo e a vida das pessoas um pouco melhor. Sou pequena mas Deus é maravilhoso e tem nos abençoado nessa ação. E todos juntos somos mais fortes”.
(Edmir Conceição)
