Quem passou pela Praça da Liberdade de Bonito (MS), nos últimos dias ficou um pouco intrigado com as cores do Monumento Piraputangas, que desde o dia 14 de junho está passando por reformas. O tradicional dourado foi substituído por tons mais escuros, como o chumbo e vermelho e deixou os moradores curiosos, questionando se os peixes iriam receber uma nova ‘roupagem’.
“Eu até assustei quando eles começaram a pintar. Fiquei pensando: ‘e essa cor esquisita’, mas aos poucos a gente vai vendo o trabalho do artista e percebendo que o processo é divido em várias etapas, até chegar ao resultado final que a gente já conhece”, detalhou Osvaldo Pereira Bambil, que é responsável pela praça.
E o resultado, segundo Cleir, artista plástico que criou o monumento em 2007 e está fazendo a reforma dos peixes, será igual ao original. “Elas vão sofrendo transformações durante a reforma. A gente vai cruzando cores, porque peixe é furta-cor, e é de tom em tom que a gente chega ao ponto exato”, explicou.
Ainda segundo o artista, a curiosidade no processo de criação e de reforma é natural e recorrente. “Eu fiz elas em 2007, reformei em 2011 e agora novamente, e toda vez é a mesma coisa. O povo vem perguntar se vai ficar desse jeito, se vou mudar a cor, é sempre um susto, mas no final eu garanto que o resultado será fiel ao original”, afirma.
Mesmo durante a reforma, os peixes, considerados símbolos da riqueza ambiental da Capital do Turismo, continuam sendo plano de fundo para as fotos dos visitantes. O casal de São Paulo fez questão de dar uma paradinha e garantir a selfie com as Piraputangas de Bonito. “A gente nem sabia como elas eram antes. Vimos algumas durante o passeio e elas têm uma tonalidade meio dourada e avermelhada nas extremidades. Lindas, assim como essas estão ficando”, destacaram Suelen Carvalho e João Paulo Dourado.
O escritor e poeta Chico de Arruda, que está auxiliando Cleir na reforma dos peixes, explicou que conhece o trabalho do artista desde 2002 e aprendeu com ele, a dar vida e cor aos objetos. “Eu comecei ajudando o Cleir e acabei descobrindo esse ‘talento’. Na verdade nem sei se a gente aprende isso, ou é algo que já está na gente e só falta um estalo para descobrir. Mas de qualquer forma, o trabalho dele é ótimo, e como toda obra arte, demanda tempo e dedicação. Mas o final com certeza será muito satisfatório”.
Cleir também explicou que além de reforçar a estrutura do monumento e refazer a pintura, foram realizadas manutenções no encanamento e serão trocados os bicos de água da fonte, para que não jorrem mais sobre os peixes, evitando o desgaste por conta da água calcária. “O calcário é muito nocivo para a estrutura. Algumas partes estavam totalmente corrompidas e a pintura branca. Agora eu usei uma tinta diferente, que uso na pintura dos prédios e é mais resistente, além de programar os bicos para que joguem água com a mesma intensidade, mas sem agredir o monumento. Coisas que a gente vai aprendendo com o tempo”, detalha o artista.
O monumento deve ser entregue até sábado, garantiu o artista. “Esperem até domingo e eu garanto que vão se surpreender”, concluiu.
A reforma custou R$ 49,5 mil aos cofres públicos. O prazo de execução dos serviços era de trinta dias, contados a partir da publicação no Diário Oficial, em 14 de junho, podendo ser aditado ou prorrogado.
Premiadas
Intitulada “Café da Manhã com Frutos”, a foto de piraputangas se alimentando com figos silvestres na mata ciliar do Rio Olho d’Água em Jardim, de autoria do biólogo José Sabino, conquistou o segundo lugar no VI Prêmio de Fotografia – Ciência e Arte, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em março deste ano.
Dos rios para o papel
Além de serem famosas nos rios da região da Serra da Bodoquena, as Piraputangas também deram o nome ao Distrito de Aquidauana, fundado em 1938, situado acima da estação ferroviária, nas terras da antiga Fazenda Palmar.
O nome PIRAPUTANGA originou-se de um peixe com contrastes vermelhos e amarelos, devido a sua grande quantidade no rio AQUIDAUANA, que margeia a cidade.
No idioma TUPI – PIRAPUTANGA, significa PEIXE VERMELHO, da região Amazônica e sub-amazônica. No idioma GARANY – PIRA-PUYTÃ. Os colonizadores da região não conseguindo a pronúncia correta para PUYTÃ, começaram a falar PIRAPUTANGA.
Há outras explicações para o nome Piraputanga, diz que esse nome origina-se do Tupi e significa “Pira = peixe e putanga = é uma modificação de pitanga = vermelho. Piraputanga = peixe vermelho”.
