Giuliana Elisa dos Santos, professora da Uniderp, falou na Educativa 104.7 FM sobre concentração para a prova e meios que podem ajudar a escolher uma carreira profissional

A dez dias do início do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a preocupação com as provas e o desempenho tiram o sono de quem fará as provas e, também, das famílias, não apenas com o resultado, mas com a escolha do futuro profissional. Mas, no lugar da “vibe da pilha”, o mais apropriado é criar um ambiente que permita algum relaxamento aos candidatos, conforme aconselhou a psicóloga Giuliana Elisa dos Santos, professora da Uniderp, durante entrevista ao Bom Dia Campo Grande desta quinta-feira (24).
À Educativa 104.7 FM, Giuliana afirma que, faltando poucos dias para os candidatos serem examinados, muitos ainda não sabem que profissão seguir: preferem esperar o resultado do Enem para, a partir da pontuação, inscreverem-se via Sisu (Sistema de Seleção Unificado) em algum curso que tenham chances. O processo não é adequado, salientou a especialista.
“Há uma expectativa muito grande de se ‘fazer a escolha certa’, o que é muito complicado em um ambiente no qual se vive inseguro na sociedade. E perceber qual a demanda dentro desse nosso mundo volátil é incrível. Basicamente, aqui, é a velha história: ‘como eu me sinto em relação a isso’”, aconselhou Giuliana, segundo quem, para a escolha, o candidato deve antes de mais nada tentar se ver dentro das suas possibilidades, já que nem toda a atividade da qual se gosta poderia, necessariamente, ser uma profissão.
“Uma coisa que sempre falo para os jovens é o que eles acham que são as habilidades ou paixões que possuem, porque é mais fácil decidir a partir do que não se gosta e seguir por opções das mais fáceis, como cortar o meio do caminho, naquelas que encantam as pessoas. Realmente deixar para a última hora é muito preocupante”, alertou. A situação, prosseguiu a psicóloga, é muito comum.
O trabalho nessas horas é focado na escuta e autoconhecimento, de forma a encontrar os pontos fortes que o aluno possui e avaliar suas habilidades, que despontam desde as matérias que gostam, as relações que têm e os hobbies. “Tudo isso vai dando uma noção das preferências que ele possui”. E, nesta hora, há atenção também para os gostos pessoais, que nem sempre direcionam para uma atividade profissional viável.
“Um meio termo na situação sempre cai bem, porque é pela profissão que, basicamente, a pessoa vai obter renda. O prazer é importante, fundamental. A paixão que se tem, caso consiga aliar, vai motivar mais. Só que a questão financeira é necessária, e é aí que entra a história do pai que gostaria que o filho escolhesse uma profissão e outra, não”, contou, reiterando que, muitas vezes, o gosto pode ser melhor exercitado como um hobby na vida ou basta à pessoa abrir seu leque de oportunidades.
“É legal a agente observar isso e não necessariamente buscar profissões tradicionais, porque o número de atividades hoje é grande”, explicou Giuliana.
Análise
Durante a orientação, a psicóloga pede que os interessados analisem o panorama atual da sociedade, incluindo as tendências de mercado –que vão desde uma maior preocupação com a Saúde, avanços tecnológicos e de inteligências artificiais e análises de comportamento.
“Não é só falar de paixão ou da segurança, mas também de uma visão estratégica, sobre como é feito. Com muita pesquisa, e não só teórica, de ir no site e verificar. Por que não ir a universidades, feiras de profissões ou mesmo entrevistar profissionais da área?”, destacou Giualane.
Ansiedade

Para a professora, chegar ao momento da prova tendo consciência do que se deseja para o futuro “é metade do caminho” para controlar a ansiedade, que nada mais é do que a preocupação do que virá a ser. “Mas vale a pena tirar o mito de que a ansiedade não é boa. Ela é boa quando bem administrada, já que, se não fosse a ansiedade, você não estaria arregaçando as mangas e enfrentando desafios”, pontuou, reforçando que o extremo oposto –uma calma “total zen”– pode tirar o candidato do estado de alerta, sendo também prejudicial.
O equilíbrio, prosseguiu a especialista, passa também por saber controlar a autocobrança –especialmente para aqueles que já têm suas metas estabelecidas. Um dos pensamentos aconselháveis para este momento é o de “gratidão”. “Tente ser grato porque está tendo informações. Como a pessoa está excessivamente achando que não está preparado, a autocrítica é muito grande. Não: tem bagagem, tempo. E neste exato momento, há poucos dias, você se preparou, construiu o momento”.
Giuliana ainda recomenda que aquele que for prestar o Enem resista ao sentimento de tentar estudar 24 horas na reta final –o que pode gerar mais condições de ansiedade que, por sua vez, “materializa-se” no “branco” na hora de responder às questões.
A orientação da psicóloga é para que não se altere a rotina na reta final. “Não se exceda, isso vai piorar a questão”, afirma, recomendando ainda atividades físicas como caminhadas ao ar livre para oxigenar o cérebro e cuidar do corpo. “É necessário espairecer um pouco para que tudo flua melhor”.
Apoio
A dica vale também para a família. Giuliana afirma que posturas que aumentem a cobrança sobre o candidato só pioram o estado de ansiedade.
“A primeira coisa à qual o pai deve estar atento é dar segurança ao filho, Dizer que, se não passar, não é nenhum fim do mundo, que talvez não seja o melhor momento, mas que faça o melhor, aquilo para o que se preparou nos últimos tempos e que estão juntos para o que der e vier. Isso é fundamental, porque não existe a questão do ‘vai ou racha’”, opinou. “Sabemos que às vezes é pesado, mas a última coisa a se falar agora é a cobrança. O sentimento de culpa é tão prejudicial quanto a ansiedade”.
O Enem será realizado nos dias 3 e 10 de outubro. Até lá, a psicóloga recomenda que os candidatos busquem meios de intercalar relaxamento e “esvaziar a cabeça”. “Na hora que retornar, vai ser com energia, foco, determinação. Onde há ansiedade há aceleração de pensamento, que fica caótico. Olha a prova e não sabe por onde começar, entra em desespero se as questões forem difíceis”, ilustrou.

A psicóloga pede atenção até depois da prova, recomendando que os candidatos não vejam os gabaritos. “Deixe a prova te avaliar, mas não avalie a prova. Nossa percepção costuma ser errônea. Acha-se que foi mal em uma primeira e depois não tem jeito”, disse. “Não fique na vibe da pilha, é a principal questão”, finalizou.
Sintonize – Com produção de Daniela Benante, Eliane Costa e Alisson Ishy, reportagens de Daniela Nahas, Zilda Vieira, Katiuscia Fernandes, Bernardo Quartin e Gildo Pereira, apresentação de Maristela Cantadori e Anderson Barão, coordenação e edição de Rose Rodrigues e apoio técnico de Roberto Torminn e do DJ juju, o Bom Dia Campo Grande permite a você começar o seu dia sempre bem informado, por meio de um noticiário completo, blocos temáticos e entrevistas sobre assuntos variados.
O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30, na Educativa 104.7 FM e pelo Portal da Educativa. Os ouvintes podem participar enviando perguntas, sugestões e comentários pelo WhatsApp (67) 99333-1047 ou pelo e-mail reporter104fm@gmail.com.