Renato Levien, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenador da comissão julgadora do Prêmio Gerdau
A fase vivida pelo agronegócio, comparada à de outros setores da economia, é motivo de comemoração. Afinal, o bom desempenho da agricultura, que em 2015 registrou crescimento de 1,8%, evitou uma queda ainda maior do Produto Interno Bruto nacional (-3,8%). Para 2016, apesar de todas as variáveis negativas apresentadas até o momento, como a turbulenta política interna, a seca e o excesso de chuvas em importantes regiões produtoras, analistas prevêem que o setor continue em expansão entre 1,5% a 2,2%, com aumento das exportações e da produção.
Esse panorama, porém, não deve durar por muito tempo. Para 2017 as projeções indicam um cenário mais desafiador para o setor, com recuo na oferta de crédito, consequência do ajuste fiscal. Isso significa que o agronegócio pode não segurar as pontas da economia brasileira por muito tempo. Por isso, uma das alternativas que deve ser explorada é o apoio à implantação de novas tecnologias para que o setor não sucumba diante da crise.
O Brasil é considerado hoje uma referência em ciência e inovação para a agricultura. Esse status só foi possível graças à fundação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e ao trabalho de pesquisa e de desenvolvimento de institutos e universidades. A consequência foi a grande expansão da produção agrícola brasileira. A área plantada de grãos, por exemplo, mais que dobrou: passou de 27 milhões de hectares em 1970, para 58 milhões de hectares no ano passado. Já a produção neste período saltou de 29 milhões de toneladas para quase 200 milhões de toneladas.