O rádio foi o primeiro grande veículo de comunicação de massa e dele vieram os primeiros profissionais e até os programas da TV. Antes das telenovelas, por exemplo, existiam as radionovelas. Os ouvintes escutavam os capítulos da mesma maneira que hoje, só que tinham que “ver” as cenas em sua imaginação.
Neste dia 25 de setembro é comemorado em todo o Brasil, o Dia Nacional do Rádio. E o programa Rádio Livre, da FM Educativa 104,7 FM entrevistou dois grandes profissionais da “Casa” e que fazem parte da história do rádio em Mato Grosso do Sul, o diretor Jonas de Paula e o radialista Gildo Pereira, ambos com uma longa jornada e histórias da mais marcantes.
“O rádio continua sendo o veículo de massa com maior abrangência, com maior audiência porque você ouve rádio em qualquer lugar e a qualquer momento. O rádio tem uma facilidade de alcançar as pessoas em qualquer atividade humana”. Foi dessa forma que o radialista e atual diretor de rádio da Rede E, Jonas Paula, começou o bate-papo, de forma bem descontraída, nesta segunda-feira.
Ele lembra que no período da pandemia, as pessoas se reencontraram com o rádio, principalmente por causa do período de isolamento. “Trinta, quarenta anos atrás, para as pessoas nas fazendas, chácaras, locais mais afastados da população, o único meio de comunicação que acessavam era o rádio. Isso porque tinha a questão da falta de energia em regiões mais isoladas. Não tem energia elétrica, mas o rádio funciona com a pilha. Se ela vai ficando fraca, põe na janela pra tomar sol, ela volta”, brincou, fazendo referência a costumes antigos.
O rádio, segundo Jonas, faz parte do consciente das pessoas, que acreditam no que ouvem, buscam o entretenimento e a música sempre vai tocar os outros. Também tem
a prestação de serviço que se faz, o comunicador com quem ou ouvinte se identifica, o carisma do rádio. “Até hoje com tantos meios de comunicação que temos o rádio continua tendo sua magia”, pontuou.
Gildo Pereira começou no rádio aos 15 anos, na cidade de Aquidauana, onde morava. Durante a entrevista, de uma forma bastante saudosista, Gildo lembrou com carinho que todos os dias, no período de intervalo do trabalho onde atuava como ferreiro, ia até a Rádio Independente para acompanhar o trabalho do irmão mais velho. E foi o jornalista Antonio Rodrigues Garcia quem lhe deu a oportunidade em sua primeira transmissão. Era ele quem lia os comerciais da época que, diferente da tecnologia que se apresenta hoje, era feito com textos grafados em cartolinas em uma prancheta. “A gente tinha que ler, fazer invenção e tal”, contou. Segundo ele, depois desse período, ele teve seu primeiro programa com a apresentação de músicas sertanejas, que começavam às cinco da manhã.
Entre risadas e memórias que surgem como se tivessem acontecido ontem, Jonas e Gildo lembram que os agrados vinham em forma de presentes dos mais diferentes possíveis. “Era queijo, rapadura, porco”, lembraram.
Durante os anos 80 e 90, Gildo trabalhou como radialista em Bela Vista, na região quase fronteiriça do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. “Eu sou quem sou hoje, um profissional do rádio, porque daquela época, com 15 anos, me deram uma oportunidade! Em Bela Vista fiz escola e graças a Deus é o que me sustenta até hoje e eu tenho muito orgulho de ser radialista”, afirmou.
Durante essa entrevista, importantes nomes que também fazem parte da história do rádio foram lembrados, como é o caso de Juca Ganso, Ramão Achucarro, Eli Souza, Zé do Brejo e vários outros.
Até mesmo os efeitos sonoros de Zé do Brejo foram destaque nas histórias de Jonas de Paula, lembrando que havia um objeto para cada etapa do “roteiro” que era só dele. “Pandeiro, apito, tinha um balcão enorme com tudo o que ele precisava”, contou.
O Rádio Livre vai ao ar de segunda a sexta-feira pela FM 104,7, neste mês de setembro com a apresentação de Bernardo Quartin e Vivianne Nunes e também vai ao ar pelo Youtube.