Um dos grandes nomes da 18ª edição do Festival de Inverno de Bonito, Ney Matogrosso, que sobe ao palco principal neste sábado (29), conversou com a imprensa na noite de ontem (28) e em um papo descontraído, contou um pouco de sua história e destacou o prazer de fazer um show em praça pública. Ney também foi enfático ao dizer que não deve haver distinções entre os gêneros musicais, seja ele qual for.
“É um público que possivelmente não poderia assistir no teatro, generalizando claro, e o fato de poder estar mostrando em praça pública, para mim é muito prazeroso, poder trazer para junto de mim essas pessoas e eu poder fazer o meu trabalho para elas”, destacou.
Sobre as polêmicas envolvendo a escolha da dupla Jads e Jadson para abrir o FIB 2017, Ney se mostrou incrédulo, afirmando que ‘não acreditar que ainda hoje existam discussões do tipo’. “Meu Deus ainda! Eu acho uma loucura isso ainda causar algum tipo de reação, por faz parte do espectro da música brasileira. Não é uma novidade. É uma música que faz parte do espectro. E qual é o problema dela estar aqui? Eu não entendo. Eu não sei nem como é que pode ter causado uma reação uma coisa dessas”.
Ainda segundo o artista, não existe uma justificativa plausível para a intolerância, nem mesmo a justificava de que o sertanejo seria meramente um gênero comercial. “Eu acho que tudo é comercial. Tudo que é feito na música é para vender. Portanto tudo é comercial. Então eu não entendo essa coisa de que sertanejo é comercial e as outras não são. Tudo é comercial. Até musica clássica é comercial”, frisou.
Sobre a possibilidade de dividir o palco com outros artistas durante o show em Bonito, Ney explicou que deve acontecer, por seu trabalho ser muito ‘fechado’. “Ele não tem brecha. Não dá para você acoplar nada”.
A indagação é motivada pelo show que antecede o seu, da dupla Tetê Espíndola e Alzira E, que em ocasião anterior, cantaram ao lado do belavistense. “Eu fiz recentemente com a Alzira e com a Tetê e até ‘Índia’ eu cantei e você não sabe como eu adorei cantar ‘Índia’, mas elas sobem antes e eu já vou estar todo montado, e eu não vou subir montado no palco para cantar”.
Ney também foi questionado sobre a possibilidade de gravar um álbum voltado para a música fronteiriça e destacou que está aberto, mas não tem nada programado. “Eu não me sinto obrigado a fazer, mas tem coisas que eu gosto muito e também não tenho nada contra a ideia. Eu adorei cantar Índia, já cantei Chalana com Almir, foi um repertório todo voltado, começava com Meu Primeiro Amor, que é uma música linda, então não tem problema com isso, só não sei, tem que caber dentro do momento que eu estiver vivendo, quem sabe lá para frente”.
Neste ano Ney foi homenageado na vigésima oitava edição do Prêmio da Música Brasileira e durante a entrevista, explicou a sensação de receber a homenagem. “Estou aprendendo a receber homenagens. Toda vez que alguém falava em me homenagear eu me fechava. E to apreendendo como é. Me abri para isso, para receber. E nem dói! Eu que era maluco, eu que tinha problema. Mas que bom que eu ainda tive oportunidade de aprender isso. Porque é uma coisa que eu não pedi, me ofereceram. E eu não vou receber, não vou aceitar! Como não vou aceitar? To louco!”.
Por fim, o artista comentou sobre o espetáculo ‘Atento aos Sinais’ que apresenta esta noite no palco do FIB. Ele destacou que é uma experiência única, que por algum motivo especial, tem se prolongado por mais tempo que as anteriores. “Isso que está acontecendo com esse trabalho nunca aconteceu antes. Nunca fui eu quem decidiu o fim de um trabalho, é naturalmente. E esse não, esse não chega ao fim. Quando eu penso em parar surgem mais convites e convites e eu vou indo”, concluiu.
Ney Matogrosso se apresenta no FIB 20017 neste sábado (29), a partir das 21 horas, na Praça da Liberdade de Bonito. Antes dele, Tetê Espíndola e Alzira prometem emocionar o público em um show único, onde as homenageadas desta edição, Beth e Betinha sobem ao palco para comporem uma apresentação exclusiva.
