Na época foi aberto concurso para definição dos símbolos do Estado que escolheu a bandeira, o brasão e o hino, porém conforme o documentário “Hino – Glória e Tradição de uma gente audaz” – dirigido por Guilherme Cavalcante, Lizandra Moraes e Marcia Furtado – nenhum texto agradou o suficiente a comissão julgadora, e as vésperas da cerimônia de posse, durante o recesso de natal, os membros da academia sul-mato-grossense de letras foram chamados para compor a letra do hino em cima da melodia/partitura vinda do Rio de Janeiro. “Cinco dias no bairro Amambai fechados para finalizar o hino”, conta em trecho do documentário Jorge Siufi (in memorian), um dos compositores.
A letra enaltece as belezas naturais do Estado, do potencial solo fértil que MS representava a época, para o futuro do Brasil, e dá destaque a figuras importantes de episódios históricos como a Retirada da Laguna e a Guerra do Paraguai. Entre os nomes que aparecem, o do político Vespasiano Martins, defensor da emancipação do sul do Mato Grosso; do Coronel Carlos de Morais Camisão que liderou a Retirada da Laguna; do Tenente Antônio João, um dos heróis da Guerra do Paraguai; Guaicurus são os guerreiros índios que lutaram na guerra; e Ricardo Franco engenheiro e militar português fundador do Forte Novo de Coimbra.
Essa história não poderia ser contada sem a ajuda da escritora e musicista Lenilde Ramos, que participou desde a criação da letra, ensaio primeira apresentação, e atualmente é a interprete oficial do hino de MS mundo afora. “Tenho forte ligação com o hino de Mato Grosso do Sul. Tive a oportunidade de fazer parte da equipe de transição que criou a primeira Fundação de Cultura do Estado, no período de junho a dezembro de 1978. Naquele período, mergulhei fundo na gestação do Mato Grosso do Sul, e uma das minhas tarefas foi acompanhar a materialização da letra. E também acompanhar os ensaios com a orquestra que iria executar o hino” descreve.
A primeira apresentação foi na cerimônia de instalação do Estado, em 1° de janeiro de 1979 no Teatro Glauce Rocha. “A partir daquele momento, ele passou a fazer parte do meu trabalho. Tomei gosto por tocar e cantar o hino, e por divulgá-lo também”. A artista foi a primeira a adaptar o hino para a sanfona, ampliando ainda mais a identidade cultural do hino com as raízes sul-mato-grossenses. “A sanfona foi um caminho natural, pois foi um instrumento que me permitiu ir com facilidade aos lugares, as cidades do interior, depois algumas capitais brasileiras, já cantei o hino em Brasília algumas vezes, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Goiânia, e até nos Estados Unidos, quando cantei o hino de Mato Grosso do Sul na sede das nações unidas (ONU). Hoje algumas pessoas se referem a mim como a mulher do hino, e eu fico feliz e honrada com essa referência, pois eu me sinto inteira uma representante da vida e da cultura de Mato Grosso do Sul”, declara com orgulho.
Mireli Obando, Subsecretaria de Comunicação de Mato Grosso do Sul
Fotos: André Bittar/ Chico Ribeiro