Responsável clínico do Civitox-MS alerta no Bom Dia Campo Grande que picada do escorpião amarelo pode ser fatal e dá dicas para se precaver contra aracnídeo

O calor dos últimos dias volta a exigir da população alerta quanto a presença de animais peçonhentos em casa. E, dentre eles, o escorpião amarelo é um dos que causam mais preocupações, principalmente para quem tem crianças abaixo de 10 anos em casa. Responsável clínico do Civitox-MS (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica de Mato Grosso do Sul), o médico Sandro Benites afirma que práticas como vedar ralos e manter os terrenos limpos ainda são as mais eficientes para evitar acidentes com o aracnídeo.
Sandro participou do Minuto da Saúde do Bom Dia Campo Grande desta quarta-feira (11), onde respondeu a dúvida enviada pelo WhatsApp (67) 99333-1047 pela ouvinte Sônia do Carmo, moradora da Vila Alba, que disse enfrentar uma infestação de pequenos escorpiões que sempre voltam pelo ralo do banheiro mesmo quando se joga veneno e água sanitária e gostaria de saber o que fazer para se livrar de vez dos animais.
“Primeiro é importante lembrar que o veneno para insetos comuns, muitas vezes, não funciona nos escorpiões”, afirmou o especialista na Educativa 104.7 FM, advertindo que, muitas vezes, essas substâncias podem deixar o aracnídeo mais irritado. “O ideal, realmente, é usar a água sanitária e trocar os ralos por aqueles que fecham, com os quais a água consegue escorrer e o escorpião não sobe”.
“Em geral os escorpiões são pequenos. O grande perigo é o amarelo, com mais de 7 centímetros, que é uma espécie muito venenosa, a mais venenosa do país e a única que causa óbitos no Estado”, pontuou o especialista.
Ele ainda afirmou que os escorpiões não distinguem as estações do ano: basta estar calor para que ele saia da toca a fim de se alimentar e procriar. “O escorpião virou uma praga urbana no Brasil, não é privilégio de Mato Grosso do Sul. No país, até 2010, a maior causa de intoxicação sempre foram medicamentos. Desde então são os animais peçonhentos, que ultrapassaram graças ao escorpião amarelo”.
O aracnídeo não fazia parte da fauna sul-mato-grossense, mas atravessou as divisas com São Paulo e Paraná –onde são espécies comuns– e predou os escorpiões típicos do território sul-mato-grossense, que eram menores e serviram-lhe de alimento. Outro problema é que a espécie pode se reproduzir via partenogênese: as fêmeas podem produzir gametas masculinos e femininos.
O controle, destacou o especialista, passa, além da implantação de barreiras físicas dentro de casa, pela limpeza de quintais, removendo locais que podem servir de abrigo para escorpiões. “Restos de construção e sujeira, é onde eles se escondem”, disse. A dificuldade, aqui, é com a presença de lixo em terrenos baldios.
O combate também pode contar com a colaboração da natureza: aves como o bem-te-vi e o sabiá laranjeira são predadores naturais dos escorpiões. O extermínio de baratas, que servem de alimento para os aracnídeos, também colabora para evitar sua disseminação. “Quanto mais limpo, melhor”.
Vulneráveis
A preocupação com crianças menores de 10 anos se dá pelas menores área de superfície corporal e peso. “Com isso, a concentração do veneno do escorpião faz mais efeito”, explicou Benites. O veneno atinge principalmente as fibras do músculo cardíaco, provocando insuficiência cardíaca congestiva e edema agudo do pulmão. “A criança morre por insuficiência respiratória”.
Em caso de picada, o caso deve ser tratado como emergência médica. “É bom deixar claro que, em mais de 97% dos casos, o médico fará apenas o anestésico e o bloqueio na hora, principalmente em adultos. Até em crianças, na maioria dos casos, são situações consideradas leves. Mesmo assim, por se tratar de um caso potencialmente fatal nas crianças abaixo de 10 anos, deve-se agir”.
A luta contra o envenenamento é uma corrida contra o tempo, por isso, em vez de esperar o socorro por ambulâncias, a recomendação é que se busque uma carona e corra para uma unidade de saúde. “Pare um carro que esteja passando e leve até a unidade de saúde mais próxima, não para um hospital longe. No posto, o médico vai fazer a avaliação e contatar o Civitox, que passa as orientações. Se for o caso leve, fará só o bloqueio anestésico. De moderado a grave, aplicamos o soro antiescorpiônico, quando identificarmos sinais clínicos como dor abdominal, vômito, náusea e sudorese”, complementou.
O Minuto da Saúde é um dos quadros do Bom Dia Campo Grande que traz informações sobre temas de interesse da comunidade –como Direito do Consumidor (às segundas-feiras), Direito Civil e Trabalhistas (terças), Saúde (quartas), Mercado de Trabalho e Empreendedorismo (quintas) e Tecnologia (sextas). Os ouvintes podem participar enviando sugestões e perguntas, por mensagem de voz ou de texto, para o WhatsApp (67) 99333-1047 ou pelo e-mail reporter104fm@gmail.com.
Sintonize – Com produção de Rose Rodrigues e Alisson Ishy e apresentação de Maristela Cantadori e Anderson Barão, o Bom Dia Campo Grande permite a você começar o seu dia sempre bem informado, por meio de um noticiário completo, blocos temáticos e entrevistas sobre assuntos variados. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30, na Educativa 104.7 FM e pelo Portal da Educativa. Os ouvintes podem participar enviando perguntas, sugestões e comentários pelo WhatsApp (67) 99333-1047 ou pelo e-mail reporter104fm@gmail.com.