Na contramão das empresas públicas espalhadas pelo país e enfrentando os impactos da pandemia de Covid-19 na economia, as estatais de Mato Grosso do Sul concluíram o ano de 2020 com um lucro estimado de R$ 92 milhões. O número é uma previsão dos presidentes das empresas, já que os balancetes ainda não foram concluídos.
A Sanesul, que em 2019 se manteve entre as 1.000 maiores empresas do país, conforme ranking do jornal Valor Econômico, deve repetir o bom desempenho, com receita estimada de R$ 600 milhões e lucro de R$ 80 milhões em 2020. O balancete será fechado em março. A MSGÁS também terminou o ano com resultado positivo, com faturamento de R$ 400 milhões até novembro e um lucro estimado em 2020 de R$ 12 milhões.
O lucro dessas empresas significa mais investimento público para a população. No caso da Sanesul, o recurso é reinvestido na própria empresa, sendo utilizado na ampliação das redes de abastecimento de água e de coleta e tratamento de esgoto, garantindo mais saúde para a população.
“A Sanesul se reinventou e, há 10 anos, vem de maneira crescente dando lucro. Ela dá lucro porque se reestruturou. Com isso, o Estado ganha e os municípios menores podem receber mais investimento. O Governo do Estado prioriza que todo lucro seja reinvestido. Isso deu condições de universalizar o abastecimento de água e avançar na coleta e tratamento de esgoto. Com a PPP [Parceria Público-Privada] e os investimentos da Sanesul, Mato Grosso do Sul vai ser o 1º estado do Brasil a ter 100% de esgoto tratado”, explicou o diretor-presidente, Walter Carneiro Junior.
Já no caso da MSGÁS, o dinheiro volta para o caixa do Governo do Estado, que pode utilizar o recurso em áreas essenciais como saúde, segurança, educação e infraestrutura. Conforme o diretor-presidente, Rui Pires dos Santos, a empresa vem apresentando um desempenho positivo desde 2015.
“Antes da gestão de Reinaldo Azambuja, a empresa dava prejuízo e não gerava dividendos para os sócios que são o Governo do Estado, com 51%, e a Gaspetro, com 49%. Hoje, a MSGÁS é uma empresa lucrativa. Tem dado lucro de R$ 12 milhões a R$ 14 milhões por ano. Em 2020, teremos R$ 12 milhões. É uma prova de que uma empresa pode ter o Estado como sócio e ser lucrativa. Esse recurso que volta para o Estado não é um dinheiro carimbado e com certeza é utilizado para melhorar a vida das pessoas”.
Não é o que acontece no cenário nacional. Os estados tiveram prejuízo de cerca de R$ 14 bilhões em 2018 com empresas estatais, segundo o Tesouro Nacional. Os governos locais repassaram R$ 16,1 bilhões a empresas públicas, entre reforço de capital e subvenções, mas receberam apenas R$ 2,2 bilhões em dividendos.
Sanesul
A Sanesul é uma empresa de economia mista. Atuando em 68 dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, ela conta com 589 mil unidades consumidoras de água e 338 mil de esgoto, atendendo a 1,1 milhão de habitantes. São 9.036 km de rede de água e 3.262 km de rede de esgoto.
Para enfrentar o impacto econômico da pandemia, a estatal teve que tomar decisões difíceis no período de março a maio, cortando despesas como gastos com viagens e combustíveis, renegociando contratos e suspendendo as promoções dos funcionários. A Sanesul tem cerca de 1,4 mil colaboradores diretos e 600 indiretos.
E mesmo com a queda na arrecadação, ela manteve os investimentos e tem R$ 857 milhões contratados para os próximos quatro anos (2021-2024) nos 68 municípios, sendo que 62 obras estão em fase de encerramento, 58 em execução e 49 em fase de licitação. As obras serão custeadas por recursos próprios da estatal e do FGTS, por meio do programa Avançar Cidades.
Além desses investimentos, Mato Grosso do Sul vai receber R$ 3,8 bilhões por meio da PPP com a empresa Aegea Saneamento e Participações S.A, sendo R$ 1 bilhão em obras de implantação e expansão de sistemas de esgoto e R$ 2,8 bilhões na operação e manutenção dos serviços.
A empresa privada venceu o pregão no ano passado, com a oferta tarifária de R$ 1,36 por m³ de esgoto – um deságio de 38,46% em relação ao preço inicialmente fixado pelo edital, de R$ 2,21 (m³). O contrato deverá ser assinado em 1º de fevereiro e a Agea começará a operar no Estado no segundo semestre deste ano.
MSGÁS
Atuando em Campo Grande e Três Lagoas, a MSGÁS multiplicou o número de clientes desde 2014, passando de 3 mil para 11 mil. A estatal conta com 365 quilômetros de ramais, mas tem um projeto audacioso de investimento de R$ 154 milhões até 2025, com mais 180 quilômetros, chegando a Ribas do Rio Pardo e a Sidrolândia, atingindo 18 mil clientes, e visando alcançar Maracaju e Dourados.
“Somos ousados e temos capacidade para isso”, resumiu o diretor-presidente, Rui Pires dos Santos. A empresa conta com 116 colaboradores, entre funcionários, terceirizados e estagiários.
Paulo Fernandes – Subsecretaria de Comunicação
Fotos: Chico Ribeiro (destaque) e Saul Schramm