Campo Grande (MS) – Dos estados brasileiros, Mato Grosso do Sul é o que mais esclarece homicídios, com índice de 69,7%. Em Campo Grande o esclarecimento de crimes com resultado morte é ainda maior e chega a 73%. Dados do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) apontam que a média nacional de elucidações de assassinatos não ultrapassa a casa dos 30%.
Motivo de orgulho, os percentuais são comemorados pela Polícia Civil, instituição responsável pela investigação dos homicídios, que são apurados a partir da instauração dos Inquéritos Policiais (IP). O titular da Delegacia Especializada de Homicídios, delegado Márcio Shior Obara diz que o índice é resultado da integração entre as forças, desprendimento e dedicação dos policiais.
“Este não é um trabalho exclusivo da Delegacia Especializada de Homicídios, mas também das delegacias de área e especializadas, Setor de Investigações Gerais, perícia criminal e Polícia Militar que também prende muitos autores em flagrante”, enfatiza Obara, lembrando que são encaminhados para a Homicídios aqueles crimes que não foram esclarecidos pelas outras unidades.
Diretora do Departamento de Polícia da Capital (DPC), ao qual está subordinado o Setor de Investigações Gerais (SIG), a delegada Sidnéia Catarina Tobias, explica que o percentual de elucidação dos crimes foi impulsionado nos últimos tempos pela forma como vem sendo conduzido o processo, desde o registro da ocorrência até a prisão dos acusados, passando antes disso pela capacitação dos policiais.
“Quando um crime é comunicado via CIOPS (Centro Integrado de Operações Policiais) de imediato comparecem ao local a Polícia Militar, uma equipe do SIG, composta por investigadores e delegado plantonista e peritos criminais, que preservam o local, buscam vestígios e de imediato iniciam as investigações a partir dos primeiros levantamentos”, esclarece a delegada.
Segundo a diretora do DPC as investigações são ininterruptas, iniciam no local do crime e só terminam com a prisão dos autores, e, mesmo que determinada ocorrência seja encaminhada para outra unidade policial, a quem cabe a responsabilidade do esclarecimento, continua sendo trabalhada e acompanhada pelos policiais do SIG.
Tirocínio
Atualmente são inúmeras as ferramentas utilizadas na elucidação de crimes, mas da química e física próprios da perícia, vestígios deixados no local do crime, que segundo a Polícia Civil “fala” mais que muitas testemunhas, o mais antigo e mais eficaz na opinião da grande maioria dos investigadores é o bom e velho tirocínio policial.
Cláudio da Natividade Pereira integra a competente equipe de investigadores do SIG de Campo Grande. Dos crimes que já ajudou a esclarecer e dos autores que prendeu, perdeu as contas e diz que os policiais do Setor de Investigações Gerais, que muitas vezes chegam aos locais antes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mais que levantar informações, utilizam o “faro” policial para identificar suspeitos.
“É muito importante preservar a cena do crime, pois ela fala muito sobre as circunstâncias, a vítima e principalmente sobre o autor, e quando chegamos ao local o primeiro passo é levantar informações, puxar os antecedentes da vítima, relacionamentos e parentescos o que na maioria das vezes faz com que a gente saia do local com o suspeito preso, ou no mínimo qualificado”, afirma o investigador.
Os dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), mostram que o índice de esclarecimentos vem aumentando e o número de homicídios, caindo. De janeiro a agosto deste ano a queda em Mato Grosso do Sul foi de -6,4%, com 294 mortes em todo o estado, contra 314 no mesmo período do ano passado. Em Campo Grande a redução foi ainda maior e ultrapassou -22% em comparação com o mesmo período do ano passado, com 63 homicídios.
Fonte: Notícias MS