Presidente do PSDB Mulher e da Fundação de Cultura de MS reforçou necessidade de mobilizar mulheres a buscarem mandatos; entrevista à Educativa 104.7 FM também trouxe novidades da FCMS
Odontóloga por formação, Mara Caseiro é dona de uma extensa ficha de atuação política em Mato Grosso do Sul: foi vereadora, presidente da Câmara Municipal e prefeita de Eldorado por dois mandatos, elegeu-se deputada estadual em duas legislaturas e, hoje, preside o PSDB Mulher do Estado. A atual presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher foi entrevista pelo Bom Dia Campo Grande nesta quinta-feira (19) para tratar, entre outros temas, da importância da participação feminina na política, cada vez mais exigida pelas autoridades e, curiosamente, que dá sinais de redução –ao menos no Estado.
Mara falou à Educativa 104.7 FM sobre a exigência legal para que a cota de 30% de candidaturas femininas seja obedecida pelos partidos –que terão de cumprir essa exigência sozinhos, uma vez que a partir de 2020 estarão proibidas as coligações em eleições proporcionais.
“O PSDB e outros partidos terão de ter chapas puras e respeitar os 30% de mulheres, senão, não conseguirão fechar o número de candidatos. Nesse sentido, temos feito um trabalho de buscar mulheres para se filiarem ao partido e também teremos um calendário de formação política. Hoje temos o PSDB Mulher em 19 municípios de Mato Grosso do Sul, com diretório constituído e atuante. E temos vários pedidos de outros municípios para empossar outras secretarias”, explicou.
O esforço, conforme a dirigente, é importante para levar as mulheres ao debate e entenderem a importância de sua participação na política, rebatendo argumentos de que, por conta dos cuidados com a família e a parte profissional não há tempo para elas buscarem sua representatividade.
“Dá sim. Vamos encontrar tempo para que possamos participar dos destinos do nosso mundo, do nosso país e do nosso Estado. E como fazemos isso? Participando ativamente da política”, afirmou Mara. O primeiro passo, segundo ela, é buscar a filiação a um partido para, a partir daí, pleitear candidaturas –o que é possível a partir dos 18 anos.
A cobrança se faz necessária ao ser perceber que as cotas para candidaturas femininas existem desde 1995, porém, nos últimos anos, a representatividade delas caiu no Estado: em 2018, não foram eleitas deputadas para a Assembleia Legislativa e, em 2016, dos 29 vereadores de Campo Grande, apenas 2 são mulheres. “Dados também de 2016 mostraram que, dos 947 cargos eletivos do Estado naquele ano, 120 eram preenchidos por mulheres, ou 13%.
Mara Caseiro lembrou que, no quantitativo populacional, 52% –ou mais da metade da sociedade– é de mulheres, logo, deveriam ter maior presença. “Muitos deputados defendem a causa da mulher, mas não é a mesma coisa que a mulher defender”, ponderou, reiterando que há pouco mais de 80 anos as mulheres sequer tinham direito a voto. Para a dirigente partidária, deveria haver uma obrigatoriedade mínima não só de candidaturas, mas de assentos no Legislativo.
“Para fazermos com que o processo de igualdade aconteça, às vezes temos de tratar o desigual também com desigualdade”. A resposta, aparentemente radical, seria um meio de romper com um ciclo que relegou às mulheres ao papel de “mãe, dona de casa, submissa ao marido”. “Temos de mudar isso. Nada melhor que a mulher ocupar o seu espaço de poder”.
Segundo Mara, a busca por candidatas mulheres enfrenta o receio destas em adentrar na política, temendo, também, prejudicar sua imagem diante da imagem negativa do setor. “Temos de encorajar a mulher e saber que ela tem de ser protagonista de seu destino e de sua vida. É atingir este estado e apenas ocupar o espaço que já é nosso”, considerou, ao apontar, além da idade, a disposição das mulheres em “serem protagonistas da mudança, da transformação da nossa sociedade”.
Ainda de acordo com a presidente do PSDB Mulher, o papel das candidaturas femininas merecerá mais atenção dos partidos, diante de decisão da Justiça tomada nesta semana que prevê a anulação de toda a chapa caso sejam identificadas candidatas laranjas –que apenas se registraram na disputa para atender o percentual de 30%, inclusive abrindo mão de recursos de campanha. Investigações apontaram que algumas mulheres no país aceitaram a negociata.
“Não é com mulheres, apenas, mas com homens também. Mas é muito triste ver a mulher se prestar a esse papel. Temos de repensar isso, precisamos de candidatas que realmente tenham propriedade e saibam o que querem”, afirmou, reforçando que o espírito das candidatas deve ser o de buscar o mandato, e não simplesmente ajudar outro político a se eleger. “Se porventura ela não for eleita, que saiba que participou porque entendeu ser correto defender o propósito, projetos, e sair de consciência lima e alma lavada”.
Fundação de Cultura
Mara Caseiro aproveitou, também, para falar de suas ações à frente da FCMS, que assumiu no início deste ano. “Temos uma estrutura muito legal, com uma equipe que ama o que faz, e isso tem dado sustentação para levarmos em frente os projetos, além de um governador que pensa e se preocupa com a cultura, dando muita autonomia para trabalhar e buscar a democratização do setor”, afirmou a presidente da fundação, que agradeceu também a parceria com o secretário Eduardo Riedel (Governo e Gestão Estratégica, pasta a qual a FCMS é vinculada).
Mara recordou de projetos já anunciados, como a retomada de apresentações na Concha Acústica do Parque das Nações Indígenas, as atividades da Casa do Artesão, da Biblioteca Pública na sede da FCMS, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, do Museu da Imagem e do Som, do Arquivo Público e da segunda temporada de exposições do Marco (Museu de Arte Contemporânea), recentemente aberta à comunidade para visitação em todos os dias.
A presidente da FCMS ainda antecipou que, neste ano, devem ser lançados editais para contratação de projetos em áreas como música, dança, teatro e cinema, “para que possamos levar a partir do ano que vem esses segmentos a todo o Mato Grosso do Sul”. Da mesma forma, ela garantiu o lançamento de editais do FIC (Fun do de Investimentos Culturais) para o financiamento de projetos, e que deve contar com até R$ 7 milhões. “A execução vai ser para o ano que vem. Estamos organizando e planejando o 2020 para a Cultura do Estado”.
Ela também destacou a realização, entre 14 e 17 de novembro, do Festival América do Sul Pantanal, em Corumbá, que terá como tema o rio Paraguai. “Quando se pensa no rio, imagina-se que ele nos divide, mas na verdade nos une”, comentou. Atrações dos vizinhos Bolívia e Paraguai, além de Peru, Chile e Argentina, estão confirmadas.
Já as atrações nacionais incluem Zezé di Camargo e Luciano (14), Diogo Nogueira (15) e os Paralamas do Sucesso (16) –um último show está em fase de negociações. “Mas é bom que se diga que o festival não é só música: é teatro, cinema, literatura, gastronomia, artesanato e muitas atividades acontecendo”, finalizou.
Sintonize – Com produção de Rose Rodrigues e Alisson Ishy e apresentação de Maristela Cantadori e Anderson Barão, o Bom Dia Campo Grande permite a você começar o seu dia sempre bem informado, por meio de um noticiário completo, blocos temáticos e entrevistas sobre assuntos variados. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30, na Educativa 104.7 FM e pelo Portal da Educativa. Os ouvintes podem participar enviando perguntas, sugestões e comentários pelo WhatsApp (67) 99333-1047 ou pelo e-mail bomdiacampogrande2018@gmail.com.
