Autor de mais de mais de 60 obras, entre contos e poesias, Hélio Serejo foi um verdadeiro historiador da cultura, atento observador dos costumes e tradições
Campo Grande (MS) – Escritor, poeta, jornalista, memorialista. Variedade extensa de obras criadas a partir do olhar sensível sobre a cultura brasileira. Esta é a marca de Hélio Serejo, um dos homenageados da 15ª edição do Festival América do Sul Pantanal, que acontece de 14 a 17 de novembro em Corumbá e Ladário.
Nascido em Nioaque em 1º de junho de 1912, Hélio Serejo passou a infância em Ponta Porã, onde iniciou os estudos. Com 14 anos de idade, na fazenda do pai, começou a trabalhar na lida da erva-mate nativa. Anotava tudo o que acontecia na cultura fronteiriça. Começou a escrever artigos sobre o assunto para a Folha do Povo e aos 15 anos manda textos para revistas do Rio de Janeiro, ganhando o concurso “Paisagens do Brasil” Seus 64 cadernos de anotações deram o embasamento para grande parte de sua obra.
Aos 17 anos serviu 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha no Rio de Janeiro e matricula-se no Pritaneu Militar no Rio de Janeiro – estabelecimento que deu origem ao Colégio Militar – para ser Engenheiro e construir pontes, seu maior sonho. Porém mantém o hábito da observação e da escrita: vence o concurso “Poetas Militares do Brasil” e “Rei Negro”, no Concurso do Círculo Americano de Cultura.
Aos 23 anos – em 1935, ao estourar a Intentona Comunista, por ter sido encontrado em seu quarto um livro sobre Luís Carlos Prestes, que pertencia a um colega de quarto, foi preso e levado para Ilha das Flores, onde ficou seis meses sofrendo maus tratos e privações, sendo ao final excluído do Exército. É anistiado em novembro de 2006, sendo reintegrado com todas as normas.
Seguiu por diferentes profissões: Investigador de Polícia Especial, no Rio de Janeiro; Oficial do Registro Civil, em Rio Brilhante; Fiscal de Rendas nas cidades de Rio Brilhante, Maracaju e Dourados; Delegado de Recenseamento da Região de Rio Brilhante; Escriturário e assessor da Comissão de Limites Brasil-Paraguai; Assessor de Gabinete do governador, auxiliar do Diretor de Imprensa, chefe do Departamento de Terras e Colonização e assessor do diretor do Diário Oficial do antigo Território Federal de Ponta Porã; Diretor de Assistência Social da Prefeitura de Presidente Venceslau-SP.
Publicou mais de 60 obras, foi membro de diversas instituições e academias no Brasil, dentre as quais o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, a Academia Mato-Grossense de Letras, além de instituições estrangeiras, como Centro Folclórico Sul-Americano de Bogotá, o Cultura Crioula de Paissandu, no Uruguai e a Sociedade de Pesquisa Folclórica de Lisboa.
Hélio Serejo faleceu em 8 de outubro de 2007 em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Entre os cerca de 60 livros publicados, destacam-se:
Tribos Revoltadas – Novela Íncola – 1935
Carreteiro de Minha Terra – 1936
Modismo do Sul de Mato Grosso – 1937
3 Contos – 1938
4 Contos – 1939
Homens de Aço – A Seita nos Ervais de Mato Grosso – 1946
Ronda Sertaneja – 1949
Rincão dos Xucros – 1950
Prosa Rude – 1952
Tinha um pé de maconha em casa -1955
Canto Caboclo – 1958
O Homem Mau de Nioaque – 1959
Poesia Mato-Grossense – 1960
Buenas Chamigo – 1960
De Galpão em Galpão – 1962
Versos da Madrugada – 1969
Carta de Presidente Venceslau ao Cumpadre Nasermo – 1970
Prosa Xucra – 1971
Pialo Bagual – 1971
Vento Brabo – 1971
Rodeio da Saudade – 1974
Vida de Erva – 1975;
Contas do Meu Rosário – 1975;
Zé Fornalha – 1976;
Abusões de Mato Grosso e de Outras Terras – 1976;
Campeiro da Minha Terra – 1978;
Fogo de Angico – 1978 ;
7 Contos e Uma Potoca – 1978;
Lendas da Erva-Mate 1 – 1978;
Pelas Orilhas da Fronteira – 1981; Lobisomem – 1982;
Palanques da Terra Nativa – 1983; Caraí – 1984
Acervo Familiar – Hélio Serejo
FASP – Uma oportunidade de enaltecer nossas identidades culturais e a união de nações com trajetórias muito próximas. O Festival América do Sul Pantanal promove encontros que valorizam a diversidade cultural do continente, a criação e fruição de riquezas, o intercâmbio, a revelação de experiências e debates de temas relativos à cultura, à cidadania, ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável.
Mais informações sobre o evento no site www.fundacaodecultura.ms.gov.br ou pelo telefone 3316-9109.
Publicado por: mbreda@fcms