Fazer selfies e ensaios no campo de girassóis da Fazenda Cinco Estrelas virou modinha para os campo-grandenses. A pé e até de carro, muitos estão danificando as plantas, além de arrancá-las para comporem fotografias com buquês. Entretanto, tal comportamento pode acabar com este belo cenário.
“Tem gente que entra e respeita, mas quem entra com o carro, é difícil”, lamenta o caseiro Carlos de Lima Rosa, que trabalha na fazenda há 10 anos. “Teve um dia que eu fui até no canto dizendo ‘gente, põe o carro na beira da estrada’. Fui falando. Quando voltei, tinha um monte (de carros) no mesmo lugar. Desisti”, conta ele.
Pela observação do caseiro, neste ano a quantidade de visitantes aumentou cerca de cinco vezes em relação a 2016, primeiro ano que a fazenda se dedicou ao cultivo do girassol no período da safrinha.
Cenário danificado
Em poucos passos, não foi difícil encontrar plantas pisoteadas. Muitas flores que poderiam desabrochar, tiveram seus caules amassados.
Próximo à estrada que dá acesso a sede da fazenda, um grande corredor foi aberto por carros. Conforme testemunhas, no dia 13 de junho – feriado de Santo Antônio – a área estava coberta por girassóis.
Em outro ponto, há até um automóvel batido abandonado no meio do campo de girassóis. Aparentemente o motorista perdeu o controle do veículo, que colidiu com o poste.
Além de causarem danos com os veículos, há quem arranque as flores para fazer fotos ou levar como recordação. “Se um começa a levar, todos levam. Imagina, 200 pessoas vindo aqui, esses dias acho que tinha mais de 200, todo mundo, cada um arranca 10 cabeças (de girassol)”.
O campo de girassóis
A Fazenda Cinco Estrelas, de propriedade de João Carlos Stefanello, destina cerca de 200 hectares para a cultura. Na área onde normalmente é plantado o milho na safrinha, por questões de mercado, o girassol foi escolhido novamente, como em 2016.
Muitas das flores já estão próximas de serem colhidas, mas há uma porção da terra que recebeu plantio mais tarde e estarão no ponto de colheita somente em agosto. As sementes são utilizadas para alimentação ou para a produção de rações animais.
Segundo o caseiro, seu João Carlos pretende introduzir outras espécies de girassol, com flores coloridas. Interessou? Não tão depressa. Os planos incluem também uma mudança na área em que a cultura é plantada.
“A próxima planta vai ser um (girassol) diferente, mas não vai mais plantar aqui na frente (da fazenda). Eu acho que o certo era não plantar mais na frente da fazenda, esconder a planta , lá pro fundo, ou plantar em outras fazendas, longe aqui. Mas não temos previsão, não sabemos se vai ser ano que vem, depende do mercado”, explica. “Mas vou insistir pra não plantar mais na frente da fazenda”, ressalta.
Texto: Tatiana Marin – Midiamax
Fotos: Henrique Kawaminami
