
Por acontecer, em sua maioria, em ambientes domésticos, a utilização de armas brancas (facas) são quase que unanimidades nos casos de feminicídio. Isso sem contar com o requinte de crueldade das situações mais recorrentes, o que torna clara a existência do ódio. As informações são da delegada titular da Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (Deam), Elaine Benicasa, que concedeu entrevista na manhã desta sexta-feira (11) ao programa Rádio Livre, da Educativa FM 104,7, sob o comando do radialista Bernardo Quartin e da jornalista Eva Regina.
“É muito triste, é cruel. Os crimes são de ódio. Percebe-se nitidamente, no local do crime, o ódio que o autor tem da mulher pelas marcas nas mãos e braços. A gente percebe que ela tenta se defender, ele retalha a mulher!”, contou a delegada relembrando a morte recente da jovem Natali Gabrieli da Silva Souza, 18 anos, ocorrida no mês passado no bairro Lageado, em Campo Grande.
Durante a entrevista, a delegada lembrou que é muito comum receber denúncias e que, na verdade, há um incentivo para que as pessoas façam isso. “Incentivamos isso porque em briga de marido e mulher deve se meter a colher, sim”, afirmou, lembrando que no caso da jovem morta pelo marido, as vizinhas chegaram a relatar que ouviram os gritos e a correria, mas que preferiram não se envolver.
A delegada explica ainda que apenas casos de denúncias de ameaça precisam ser representadas pelas vítimas, caso contrário, qualquer pessoa pode e deve denunciar casos de agressão contra mulheres.
Recentemente, a Delegacia da Mulher deflagrou a operação Bellatrix, uma referência ao nome que, em latim, quer dizer guerreira, “uma homenagem àquelas que conseguem se desvencilhar da violência”, para cuprir mandados de prisão contra agressores de mulheres.
A delegada ressalta a importância de se divulgar as informações para que as mulheres tomem cada vez mais consciência sobre os instrumentos protetivos criados por força da Lei Maria da Penha como forma de alerta para aquelas que se encontram em um ciclo de violência doméstica e procuram ajuda.
“Fora também, que eu sempre digo, sobre a importância da auto valorização, quando a mulher já sabe sobre o relacionamento que quer ter e nem entra no ciclo da violência doméstica”, afirmou.
De acordo com ela, cem por cento dos casos de feminicídio ocorrem por conta de relacionamentos abusivos, onde há sensação de posse, de ciúme extremo, de suspeita de traição.
Durante o bate papo ela lembrou ainda que o último ano fechou com oito mil boletins de ocorrência registrados pela Deam, o que é algo bastante positivo pois indica que a mulher entendeu que pode denunciar e buscar ajuda.
A entrevista com a delegada pode ser assistida na íntegra pelo canal do youtube da Rede E.
Vivianne Nunes