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29 de março de 2024 - 02:17

Especialista fala ao Bom Dia Campo Grande sobre Práticas Integrativas na Medicina

Antes conhecidas como “Terapias Alternativas”, técnicas visam a melhorar a qualidade de vida dos pacientes; professor doutor Ricardo Monezi Julião de Oliveira veio à Capital participar de eventos sobre a temática
Oliveira ´é um dos principais pesquisadores de Práticas Integrativas na Medicina do Brasil. (Foto: Pedro Amaral/Fertel)
Oliveira ´é um dos principais pesquisadores de Práticas Integrativas na Medicina do Brasil. (Foto: Pedro Amaral/Fertel)

O Bom Dia Campo Grande desta segunda-feira (29) entrevistou o professor doutor Ricardo Monezi Julião de Oliveira, que veio à Capital sul-mato-grossense para participar de conferências a respeito de práticas integrativas e complementares na saúde –que, até pouco tempo atrás, eram conhecidas como “terapias alternativas”, termo que, à Educativa 104.7 FM, ele revelou discordar, uma vez que as técnicas por ele defendidas podem ser praticadas concomitantemente com as mais tradicionais.

Professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), onde é pesquisador do Grupo Interfaces Psicobiológicas do Desenvolvimento Humano, e da pós-graduação do Hospital Oswaldo Cruz, além de pesquisador associado do Laboratório de Estudos em Práticas Integrativas e Complementares da Unisinos (RS), Oliveira também tem pós-doutorado em Saúde Coletiva pelo Departamento de Medicina Preventiva e doutorado em Ciências pelo Departamento de Psicobiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), mestrado em Ciência pela USP (Universidade de São Paulo) e coordenador da área de Pesquisas da Unidade de Pediatria Integrativa do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas, bem como pesquisador do Grupo de Pediatria Integrativa do Instituto da Criança e do Instituo de Tratamento de Câncer Infantil.

O currículo extenso, que envolve algumas das principais escolas brasileiras de medicina, corrobora a tese de que as Práticas Integrativas são levadas a sério por profissionais por conta de seus resultados. Oliveira foi o pioneiro no Brasil a estudar o Reiki, alvo de pesquisas em todo o mundo e que, atualmente, integram o SUS (Sistema Único de Saúde, que oferta 29 procedimentos do gênero à população). Em Campo Grande, ministro palestra na Santa Casa no fim de Semana e nesta segunda, das 14h às 17h, fará exposição sobre Práticas Integrativas na Câmara Municipal.

Complementar

Ao Bom Dia Campo Grande, Oliveira destacou que, há 20 anos, houve a readequação da nomenclatura, substituindo o termo “Terapia Alternativa” por Prática Integrativa. “Alternativa significa que você escolheu uma coisa ou outra. Falar em Prática Integrativa é tratar de um conjunto de recursos que querem cuidar do ser humano de maneira integral, das suas dimensões biológicas, psicológicas, sociais e até de sua espiritualidade, além de querer a integralidade e a complementação com a medicina convencional”, explicou.

O especialista destacou que os estudos ganharam terreno diante de complicadores a partir do uso de medicamentos, como o aumento da resistência nas bactérias e outros micro-organismos.

“A medicalização vem sendo utilizada em excesso, o que vem atrapalhando alguns setores da vida. O interessante é que, na Prática Integrativa, nunca vão chegar ao paciente e falar para que pare de tomar o remédio, mas sim que tenha uma alternativa complementar à sua medicação”, disse, apontando que a área acadêmica revela pesquisas comprovando o uso das técnicas e a redução no uso de medicamentos, “trazendo maior qualidade de vida e promovendo a saúde às populações”.

Oliveira e Josiane Roque, da Associação de Terapias Florais do Estado. (Foto: Pedro Amaral/Fertel)
Oliveira e Josiane Roque, da Associação de Terapias Florais do Estado. (Foto: Pedro Amaral/Fertel)

Oliveira explicou que sua tese de doutorado foi balizada no uso do Reiki –uma das práticas que vêm da ancestralidade, segundo ele, assim como as bênçãos e outras técnicas com imposição das mãos. “Somos pesquisadores, investigamos processos, analisamos fenômenos ao ponto de as universidades se abrirem para estudos sérios e de metodologia rigorosa”, apontou.

Conforme o especialista, um dos campos nos quais as técnicas têm um maior aproveitamento é na área de controle da ansiedade e estresse –experiência que Ricardo Monezi Oliveira disse ter convivido de forma pessoal. Práticas como a yoga e meditação vêm sendo difundidas em municípios brasileiros, explicou ele, assim como a dança circular, “as cantigas, as danças de roda, para aliviar essas questões tensionais”, florais e outras. Atualmente, o país está “dois ou três passinhos atrás em alguns termos de pesquisa”, citou el, “mas estamos léguas à frente, por exemplo, em relação a conhecimentos e saberes populares e tradicionais”. Ele citou como exemplo as culturas indígenas de Mato Grosso do Sul, que se vale fortemente da fitoterapia (com o uso de ervas medicinais).

No Brasil, prosseguiu, o avanço das técnicas no campo acadêmico avançaram a partir do ano 2000, com a elaboração de Políticas de Práticas Integrativas –na esteira de um movimento ampliado em 1993 nos Estados Unidos. “Hoje estamos em uma produção muito boa, grande, com grupos estruturados no país inteiro”.

Reiki

Sua tese de mestrado, em 2013, avaliou o uso do Reiki para melhorar a qualidade de vida dos idosos. A técnica, destacou Oliveira, surgiu em sua vida quando enfrentou um episódio de depressão, que o levou a optar pelo seu estudo e, na sequência, levá-lo à parcela da população que mais cresce no mundo e que está entre as mais vulneráveis.

“Localizando quais são as demandas do idoso, o que o fazia adoecer, chegamos ao estresse, que junto com a depressão e a ansiedade causa uma mortalidade muito grande. O idoso era literalmente envelhecido muito mais pelo estresse do que pelo passar do tempo. Tivemos, então, a ideia de congregar uma prática extremamente acolhedora, que trabalha com preceitos científicos, como a questão que traz extremo conforto e relaxamento, que é o Reiki”, contou.

Desde 1991, destacou o pesquisador, o Reiki é alvo de estudos na Inglaterra que apontavam sua influência no acionamento de mecanismos internos naturais que poderiam levar a processos par aumento da imunidade e redução do estresse, tirando os idosos do quadro de depressão e ansiedade e dando mais qualidade de vida. Do grupo que integrou seu estudo, 86% saíram dessas condições e, com o tempo, passaram a disseminar as técnicas entre seus familiares e em unidades de saúde.

“Isso estreitou laços familiares, os tirou da marginalidade, da solidão”, destacou. “É como dizia Cora Coralina: o importante é quando toca a vida das pessoas. E esse tocar é com o Reiki”.

Sintonize – Com produção de Rose Rodrigues e Alisson Ishy e apresentação de Maristela Cantadori e Anderson Barão, o Bom Dia Campo Grande permite aos ouvintes começarem o dia sempre bem informados por meio de um noticiário completo e entrevistas sobre temas variados. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30, na Educativa 104.7 FM e pelo Portal da Educativa.

One Comment on “Especialista fala ao Bom Dia Campo Grande sobre Práticas Integrativas na Medicina”

  1. Estou agradecidissima com a oportunidade de estudar a Tese de Doutorado do Ricardo. Gratidão pela oportunidade de poder encontrar uma dedicação com tanta humanidade no meio científico.

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