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19 de abril de 2024 - 15:27

Era uma vez um conto que faz um ponto

João Carlos da Silva*

Em uma cidade dos contos de fadas certo dia o menino Zezinho chegou da escola e fez várias perguntas para sua mãe. Queria saber muitas coisas enquanto se preparava para almoçar. Sua mãe serviu o almoço e começou a conversar com ele sobre tudo que desejava saber. Zezinho tinha curiosidade sobre os professores, como era a escola, que lugar ficava e se tinha merenda gostosa. A mãe de Zezinho começou contar para ele como era a escola do seu tempo. Começou falando que tinha colegas e amiguinhas que todos os dias iam e voltavam juntas numa rua bem cuidada e usavam a calçada para não correrem riscos de serem atropeladas. Usavam uniforme bonito que a escola fornecia através da Prefeitura da cidade. Tinham livros , cadernos, lápis, canetas e borracha e mais uma pasta escolar e também uniformes. Faziam todas juntas tarefas e deveres que professores determinavam na sala de aula. Na hora de começarem o dia de aula cantavam o hino nacional e o da cidade em posição de sentido. Era uma alegria só. Quando o recreio era anunciado todos corriam em direção da cantina para a merenda do dia. Ela disse ao filho que tinha leite com Nescau, bolachinha, pão com manteiga, queijo, sopa, suco e uma fruta todos os dias. Eram três merendas por turno. Ela disse ao filho que sempre merendou na sua escola e chegava na sua casa e contava para seus pais o que tinha sido servido na merenda do dia. Só de contar em casa era uma festa. Zezinho ficou pensativo em tudo que sua mãe dizia e almoçava como criança em fase de crescimento. Foi então que sua mãe fez uma pergunta: “ Filho, você quer saber da escola da mamãe por ser curioso?”. Zezinho olhou o último pedaço de bife que estava no prato, alfinetou o garfo e comeu. Tomou o suco que estava no copo e respondeu para sua mãe com a inocência que uma criança carrega na alma. “ Mamãe, lá na minha escola a gente não canta mais hino não mas nos divertimos muito. Meus coleguinhas chegam para a aula cada um com um uniforme diferente. Tem amiguinho meu que vai até com camiseta de sair no domingo, sabia? Eles falaram para mim que não tem uniforme novo e nem sabem se terão. Na hora do recreio a senhora precisa ver a correria que é! Tem um amiguinho nosso que traz de casa bastante bolachinha e refresco e divide com a gente , sabia? A gente não tem merenda faz um tempão! Sabia que o gatinho da vizinha da escola bebe leite todos os dias e a gente fica olhando pela janela com inveja dele? Quando vamos voltar para casa temos que vir cuidando para não cairmos e esfolarmos todos. A calçada só dá para passar um de cada vez e na rua não dá para andarmos , sabia mamãe? Tem muito buraco! A senhora fica olhando eu comer bastante para ficar forte e não pode brigar comigo, sabia? Se na escola eu e meus amiguinhos não temos o que comer ou uniforme para vestir , é nas nossas casas que a gente vai encher a nossa barriga mamãe!” Ouvindo o conto do filho a mãe de Zezinho ficou com os olhos cheios de lágrimas. Não poderia ela transmitir ao filho o que foi sua vida escolar no passado sem citar todos esses fatos que faziam com que se orgulhasse da sua escola, dos seus professores e da sua cidade.

Era uma vez  um breve conto que faz um ponto de reflexão em todos nós para que o abraço que a mãe de Zezinho lhe deu após ele contar o seu dia na escola não seja apenas uma fantasia contada na floresta encantada. Isso tudo é uma infeliz verdade diante da feliz vida de outrora de quem viveu a própria história em uma realidade muito diferente. O menino Zezinho e a sua mãe não são ficção para quem entendeu a gravidade do ponto.

(*) João Carlos é jornalista, articulista e consultor

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