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Institucional

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17 de abril de 2024 - 20:22

Novo modelo de Brasil deve nascer de maneira democrática

Dimas Eduardo Ramalho*

Crises profundas se assemelham em certa medida a doenças crônicas. Ambas, quando se aproximam do fim, aceleram o ritmo dos acontecimentos, como se obedecessem a uma dinâmica cinematográfica. Todos os envolvidos, sobretudo a plateia — em parte saturada —, já olham para além da tela, perplexos e ansiosos pelo desfecho que está por vir.

Em minha vida pública — que teve origem no Ministério Público, inclui mandatos de deputado federal e de deputado estadual, além de cargos no Executivo — conheci protagonistas e coadjuvantes bons e ruins ligados a diversas cores partidárias. Sinto e sei que, neste momento, todos os bons desejam uma solução, que aponte caminhos, que saia da mesmice, que evite linchamentos, mas que siga o curso da história.

Gramsci (1891-1937) desenvolveu o conceito de interregno para descrever momentos históricos em que o modelo velho já morreu (ou não passa de um moribundo errante) e o novo ainda não está pronto ou não tem forças para romper aquilo que o impede de nascer. Nesse intervalo, muitas coisas estranhas podem acontecer, encontrando terreno fértil e pouca capacidade de reação do modelo decrépito e também do nascituro. É aí que cabe a nós, democratas, garantir que o novo tenha um final de gestação regido pela calma, tolerância, e prudência.

É dever nosso garantir que todos possam se expressar livremente. Só assim as instituições, incluindo a maior de todas elas, nossa Constituição, permanecerão fortes e deixarão a vontade popular realizar-se plenamente. Não é a primeira nem a última vez que enfrentamos um cenário nebuloso. E o caminho ou o atalho para a saída que vislumbramos passa necessariamente pela política, porque do contrário seria guerra, algo que não desejamos e nem permitiremos.

É justamente nestas horas que todos aqueles que exercem poder devem se posicionar e opinar em busca de soluções. Afinal, não foi para isso que lutamos tanto contra a ditadura e pelas liberdades democráticas? Adversários não podem ser vistos como inimigos a serem exterminados. São vozes e ângulos distintos que têm essencialmente o mesmo lastro: as garantias democráticas.

Todos que quiserem devem se manifestar, porque assim são as democracias. O que temos de evitar é a violência, o ódio, as provocações e a vingança, porque no final deste filme, continuaremos convivendo e construindo este país. Neste início de outono, estamos escrevendo mais um belo capítulo da história do Brasil. Sejamos dignos dos que nos antecederam e cuidemos de nossas conquistas para aqueles que virão. Que as investigações atinjam a quem dever, qualquer que seja o cargo, partido ou Poder, pois só a ordem constitucional nos traz coesão e segurança para manter vivo e forte este país.

(*) Dimas Eduardo Ramalho é presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

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