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20 de abril de 2024 - 05:28

Dourados: sua riqueza

Lélia Rita Euterpe de Figueiredo Ribeiro*

A Colônia Federal de Dourados observa-se tenha sido base do desenvolvimento rural agrícola do então Sul de Mato Grosso. Foi no governo de Arnaldo Estevão de Figueiredo, que se estabeleceu área e limites da citada Colônia, complementando e tornando realidade a obra magnífica do presidente Vargas. O Decreto Lei nº 5.941 de 28 de outubro de 1943, de criação da Colônia, não continha estes dados definidos, até que o citado governador pela Lei nº 87 de 20 de julho de 1948, estabeleceu os limites e mandou demarcar a área de 300.000 hectares, executando ali arrojado programa de vida e produção para o homem do campo.

Assim sendo, entre terras e águas dos Dourados, dos córregos Picada e Laranja Doce, do Barreirinho, Saltinho, pela divisa de Aral Moreira, seguindo o córrego Engano aos arroios Formoso e Pirajuí, caindo nas cabeceiras do arroio Pirarebê, confluência do Brilhante e mais abaixo do Ivinhema, foi se estabelecendo o alvorecer de uma nova era agrícola para o sul de Mato Grosso.

O “Gigante” ainda adormecido – acordara! Movimentando-se, ainda que lentamente, para o trabalho e a produção. Naquela época a população dos campos era maior que das cidades. Vivíamos o cotidiano da passagem da vida rural para a urbana, com toda sua problemática despontando o problema da integração.

Foi a Colônia a grande responsável pela expansão produtiva e territorial política do sul de MT. Nasceram, em tempo recorde, dentro do perímetro das terras do sul do estado, cerca de 30 municípios. Forte indício da Revolução Agrícola dos campos.

É preciso lembrar que a criação e instalação da Colônia Agrícola de Dourados foi uma das primeiras motivações para a paz e o trabalho, da região sul de MT, após o período da Grande Guerra (1875), Evidentemente, que isto é sentido com o passar do tempo e a reflexão sobre os fatos históricos. É notável o cuidado extremo que teve o governador em preservar aquela área para quem quisesse lavrar a terra, surgindo ali um dos grandes núcleos de produção agrícola, hoje um dos maiores do país. Nesse particular, o governador Arnaldo demonstrou rigor voltado para sua própria família e seu Escritório, proibindo-os de requerer terras na área da Grande Dourados, no intuito de evitar especulação política.

As ações técnicas de planejamento para a instalação da Colônia constituíram-se em exemplos a serem imitados: o governador ao passar o governo do estado para o seu sucessor o Dr. Fernando Corrêa da Costa, entregou-lhe os títulos das glebas, prontos e acabados, para que ele, por sua vez, fizesse a entrega aos Colonos. Diga-se que o Dr. Fernando era de partido político da oposição, a UDN, enquanto o governador Arnaldo, pertencia ao PSD, tradicionais opositores políticos.

Com esta atitude quis evidenciar o governador Arnaldo seu elevado apreço ao desenvolvimento do estado e o desejo de que houvesse continuidade pelos governos que o seguiriam da política agrária, que havia estruturado. Foi o que aconteceu com os governadores a seguir: Dr.Fernando Corrêa da Costa e João Ponce de Arruda, deram notável seqüência à política agrária expansionista, valorizando o homem e democratizando a terra pela produtividade, bem como continuaram a implantar o desenvolvimento através de outras obras de infra-estrutura – necessárias.

Anote-se que todo o trabalho da nova colonização no sul de Mato Grosso iniciou-se após o reingresso do território de Ponta Porã ao contexto de município de Mato Grosso uno, por ato do presidente Eurico Gaspar Dutra. Ação que antecipava o processo de cancelamento da concessão de terras da Cia Mate Laranjeira. Com a liberação das terras do Território e da Companhia Mate desencadeou-se a reintegração de dois milhões de hectares ao patrimônio público do estado.

Evidentemente que houve um planejamento comum entre estado e união para que estes óbices impeditivos da democratização dessas terras fossem eliminados. Somente após esta realização, surgiu de fato e de direito a Colônia Agrícola Nacional. Tornou-se assim, a Colônia orgulho não só de todos os mato-grossenses, mas também de brasileiros. Semente que viria a fazer germinar a primeira e maior Reforma Agrária no sul do estado de Mato Grosso pró-indiviso. Exemplos válidos, ainda hoje, inequívocos de que se pode, por meios pacíficos, realizar a justiça social nos campos pelos meios democráticos, basta para tal honestidade e trabalho.

Repetimos a palavra do governador Arnaldo: “Estas terras devem ser alienadas a particulares, que irão promover sua ocupação e exploração econômica, passando a gerar empregos e impostos. Tudo isso, porém, deve-se fazer com observância a leis normativas e disciplinadoras.”

(*) Lélia Rita Euterpe de Figueiredo Ribeiro, escritora e produtora cultural, faleceu no último dia 23 de agosto, vítima da Covid-19. Campo-grandense, tinha 84 anos e ocupava a cadeira de número 27 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. “Dourados: sua riqueza” foi o último artigo da escritora, publicado aqui em sua homenagem.

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