Bruno Wendling comemora resultados com o Rally dos Sertões e prevê consolidação da cidade como um atrativo turístico variado no país
Com a largada do Rally dos Sertões no último fim de semana, Campo Grande espera se consolidar como mais do que a “porta de entrada” para outras regiões turísticas do Estado, como Bonito e o Pantanal, apresentando-se como destino turístico que vá além da área de negócios. A expectativa foi apresentada por Bruno Wendling, diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, durante entrevista ao Bom Dia Campo Grande desta terça-feira (27), ao comemorar os resultados do rali para a Capital e o Estado no setor.
“Trata-se de um dos maiores ralis do mundo que, pela segunda vez, vem ao Estado. Em 2017 a chegada foi em Bonito, e agora conquistamos a largada que, historicamente, acontece em Goiânia. Mais de duas mil pessoas entre staffs das equipes e pilotos ficaram entre cinco e seis dias, para testes de adaptação e turismo. Foi um belo evento, que alçou o nome de Campo Grande ao cenário turístico internacional, com emissoras internacionais cobrindo o evento”, destacou Bruno na Educativa 104.7 FM.
O diretor-presidente da Fundtur afirma que, com eventos deste porte, o turismo no Estado segue em sua tendência de crescimento, ao contrário de outros setores da economia. Para balizar este trabalho, usam-se informações do Observatório de Turismo que, em seu anuário de 2018, garante dados “para não ficar no achismo”.
“Com ele, sei o número de desembarques em Campo Grande, para onde vão e quanto tempo ficam, direcionando campanhas e dando informações para o empresário saber como investir”, explicou. No ano passado, 716 mil pessoas desembarcaram no aeroporto da Capital, sendo 516 mil turistas. Destes, 210 mil seguiram para Bonito, 198 mil ficaram em Campo Grande e 53 mil partiram rumo ao Pantanal.
Peculiaridades
Bruno Wendling afirma que Campo Grande detém predicados que a tornam um destino turístico viável. “É uma capital belíssima. Planejada, bem arborizada, que difere das outras capitais. Com estrutura de hotelaria e uma gastronomia que cresceu. Antes, era difícil ter diversidade e, nos últimos anos, modificou com os corredores gastronômicos, uma rota cervejeira. O empresário entendeu que gastronomia não é um item, mas um fator de deslocamento”, avaliou.
Ele apontou, ainda, que a observação de aves é outro setor que vem merecendo atenção. Só nos Estados Unidos, por exemplo, são 40 milhões de pessoas que se dedicam ao hobby. “Queremos transformar Campo Grande na Capital de Observação de Aves. No Parque das Nações Indígenas vivem mais de 300 espécies”, disse, afirmando que tal trabalho vem sendo coordenado junto à Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo) visando ao levantamento de pontos de observação e apoiando a capacitação –detalhes sobre a prática já estão disponíveis no site Visite MS.
O diretor-presidente alerta, porém, que o empresariado deve se adaptar para a demanda dos públicos que passam a frequentar a cidade –no caso da observação de pássaros, trata-se de um público que acorda de madrugada, dependendo assim de refeições antes do sol raiar. “Observadores gastam R$ 20 mil, R$ 30 mil com máquinas fotográficas, e vão onde houver espécies que nunca viram. Temos aqui espécies só nossas”, disse.
Aquário e Rota
Outra aposta para a atração de visitantes está no Aquário do Pantanal, que teve lançada licitação para seu término. “Com certeza, ficando pronto, o Aquário vai adicionar 100 mil visitantes por ano, em uma conta baixa envolvendo só quem vai a Bonito e está em Campo Grande e não consome produtos daqui no turismo de negócios e gastronomia”, pontuou, frisando ainda os valores investidos na obra.
Outra aposta, mais em médio prazo, envolve a Rota Bioceânica, que promete abrir um novo caminho rodoferroviário entre o Brasil e portos no Oceano Pacífico, na qual Campo Grande tenta se consolidar como ponto de partida –seguindo depois por Porto Murtinho, Paraguai, Argentina e costa do Chile, em um trajeto de mais de 2 mil quilômetros rumo a portos com direção ao mercado asiático. Bruno afirma que o turismo surge como uma vertente a ser explorada nesse trajeto.
“É a mesma distância daqui para praias e se abre um caminho para carros. Trata-se de uma belíssima rota, comparando com a Rota 66, nos Estados Unidos, com a diferença de que esta tem paisagens iguais do Arizona à Califórnia. Nossa rota terá um trajeto mais curso, de 2 mil quilômetros, e ainda falta integrar a estrutura logística, o acesso a postos de combustíveis, celular, seguro de carro e facilitar a aduana com simplificação de documentos. Mas, estando pronto, em médio prazo porque não quero ser ansioso, teremos um belo produto”, ilustrou.
As atrações na Rota Bioceânica incluem das praias no Chile à Cordiilheira dos Andes, além de trechos do Pantanal, que servem para atrair turistas de diferentes locais. “Campo Grande pode ser um ponto de partida e um ponto central para rotas rodoviária e aérea”, considerou. Segundo o diretor-presidente da Fundtur, grupos temáticos dos países já começam a levantar as fichas de produto –como hotéis e atrativos– para identificar o que os une no segmento e os gargalos a serem superados.
Em Mato Grosso do Sul, UFMS (Unidade Federal de Mato Grosso do Sul), Uems (Universidade Estadual) e a Abav-MS (Associação Brasileira das Agências de Viagem) conduzem os estudos a fim de levantar as informações e estabelecer táticas de comunicação, bem como identificar quem são os turistas que, hoje, vão aos locais.
Aumento
Bruno Wendling também falou ao Bom Dia Campo Grande sobre o Decola MS, projeto do governo estadual que reduziu a tributação sobre o combustível para empresas aéreas a fim de baratear o transporte. Segundo ele, o fato gerou interesse de companhias, aliadas a outras ações –como a reforma da pista do aeroporto de Bonito–, que permitiu a retomada de negociações para a Gol trazer de volta linhas ao Estado.
“Começamos a ‘namorar’ também empresas internacionais. Com o Decola MS, o Estado ganha competitividade. No fim do ano passado, com a quebra da Avianca, tivemos um momento difícil, mas com o capital estrangeiro no setor a expectativa é positiva”, pontuou.
O diretor-presidente ainda destacou que o turismo vive um bom momento. Com a alta do dólar, viajantes que seguiam para o exterior voltaram a olhar para o interior do Brasil. “Dados do Observatório do Turismo de Bonito vê aumento de 5% na visitação neste ano na comparação com o ano passado, que já teve o melhor março em 5 anos e o melhor janeiro em 3 anos. Há sinais de aumento do fluxo também em Campo Grande, medidos a partir do aeroporto”, lembrou.
Os dados citados por Bruno podem ser acessados no Observatório de Turismo do Estado, o qual ele destaca haver, além do anuário, boletins de demanda e de qualidade dos serviços. “Todo mundo pode acessar e obter a informação que mais lhe interessa, desdobrá-la e tomar suas decisões. O investidor, também: quem vem para investir quer saber quantos turistas temos, para onde vão, como gastam”, destacou. Com tais dados, é possível identificar regiões que aguardam por tais investimentos.
Por fim, o diretor-presidente da Fundtur destacou que, em 19 de novembro, será entregue o prêmio Isto É Mato Grosso do Sul, em celebração aos 40 anos do primeiro órgão estadual de turismo. Será uma homenagem aos gestores e empreendedores, com a identificação de homenageados a partir de estudos conduzidos por uma equipe técnica.
“Serão premiados hotéis, agências, bares e restaurantes, academias, o poder público e o terceiro setor”, pontuou. A solenidade será realizada no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande, reunindo ainda palestras e treinamentos em gestão. As ações visam a mostrar o bom momento do setor –inclusive incentivando capacitações de profissionais.
Sintonize – Com produção de Rose Rodrigues e Alisson Ishy e apresentação de Maristela Cantadori e Anderson Barão, o Bom Dia Campo Grande permite a você começar o seu dia sempre bem informado, por meio de um noticiário completo, blocos temáticos e entrevistas sobre assuntos variados. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30, na Educativa 104.7 FM e pelo Portal da Educativa. Os ouvintes podem participar enviando perguntas, sugestões e comentários pelo WhatsApp (67) 99333-1047 ou pelo e-mail reporter104fm@gmail.com.