Estudo Matemático mostra que em Campo Grande uma pessoa infectada transmite a doença para mais 1,7. No Estado, pico do coronavírus chegaria em 13 dias
Em Campo Grande, uma pessoa infectada transmite a Covid-19 para 1,7 indivíduos, o que indica risco muito alto de propagação da doença. Esse dado foi incluído no relatório semanal sobre a modelagem matemática das quantidades de casos confirmados da Covid-19 no Estado e na Capital, realizado pelos professores da UFMS Erlandson Saraiva (Inma) e Leandro Sauer (Esan). “A informação sobre o número de reprodução da doença é obtido de acordo com a escala denominada de Covidímetro, proposta por professores da UFRJ”, expõem os pesquisadores.
Com dados analisados desde 14 de março até 26 de julho, os professores apontam que o mês de julho está sendo um mês muito crítico, com aumento significativo do número de casos; passando de 2.241 casos em 30 de junho para 8.883 casos em 26 de julho, o que significa um aumento de 296,39%. Os 6.642 casos registrados somente no mês de julho representam 74,77% do total de casos confirmados.
“Estamos em cenário de crescimento exponencial de casos. Infelizmente, se nada for feito para conter a proliferação da doença, continuaremos neste cenário por todo o mês de agosto. Somente no início de setembro que começará a diminuir, com pico estimado para 23 de setembro com 86.325 casos. Além disso, os dados mostram que a quantidade de casos dobra em média a cada 13 dias”, explicam os pesquisadores.
Conforme o modelo ajustado, a quantidade de indivíduos diagnosticados com a Covid-19 que precisarão de atendimento em leitos clínicos superará a quantidade de leitos disponível (341) no dia 31 de agosto.
Já com relação aos leitos de UTI, é estimado para 16 de agosto a superlotação. “Esses resultados mostram a necessidade de a população continuar seguindo as orientações de especialistas da área da saúde para se manter o isolamento social sempre que possível. Este procedimento é necessário para que as quantidades registradas em uma semana estejam sempre abaixo da curva estimada. Pois somente desta maneira obteremos o desejado “achatamento” da curva e evitaremos o colapso do sistema de saúde pública da cidade de Campo Grande”, avaliam.
No Estado, o número de reprodução é de 1,2, conforme o Covidímetro, sendo estimado para o dia 10 de agosto o pico da doença. Em 30 de junho eram 7.965 casos, e até ontem o número saltou para 21.514, com aumento de 170,11%. As projeções do modelo Gompertz indicam colapso do sistema público de saúde no estado em relação aos leitos de UTI para 11 de agosto.
O último boletim epidemiológico, divulgado nesta terça-feira, indica que Mato Grosso do Sul já tem 22.443 casos confirmados de Covid-19. Destes, 641 são de novos casos confirmados em relação à última atualização. Então, quase metade (302) desses novos casos foi registrado somente em Campo Grande.
Mato Grosso do Sul soma 328 mortes, um índice de letalidade de 1,5%. A maioria dos óbitos, 106, ocorreu em Campo Grande. Outros 53 em Dourados e 31 em Corumbá.
Na macrorregião de Campo Grande, outro dado que preocupa as autoridades é a ocupação de leitos, que está em 96%.
Com informações de Paula Pimenta – UFMS