Após as geadas e a estiagem prolongada que atingiram as lavouras de milho em Mato Grosso do Sul, os produtores rurais têm procurado acelerar a colheita para atender aos compromissos de venda já assumidos e, nos casos onde houve maior perda, acionar o seguro junto ao banco. De acordo com o boletim 419 do Projeto SIGA/MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio), coordenado pela Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) junto com a Aprosoja/MS (Associação de Produtores de Soja de MS), 20,1% do milho 2ª safra 2020/2021 já foi colhido no Estado.
Apesar das intercorrências climáticas e do ritmo de colheita considerado lento, a Aprosoja/MS mantém projeção de área plantada para o milho 2ª safra, de 2,003 milhões de hectares, com aumento de 5,7% quando comparada com a área da safra 2019/2020, que foi 1,895 milhão de hectares. Após as geadas a produtividade foi revisada para 52,3 sc/ha, gerando uma expectativa de produção de 6,285 milhões de toneladas.
“Temos situações extremamente críticas, mostrando praticamente a perda total em algumas lavouras por conta das geadas e da estiagem. Continuamos estimando em torno de 6,2 milhões de toneladas e estamos articulando com o Banco do Brasil a questão dos seguros. Aqueles produtores que têm o Seguro Safra já estão acionando. O banco está com uma equipe fazendo uma força -tarefa de perícia, com análises via satélite ou in loco para fazer a verificação dessas perdas para o produtor poder acionar o seu seguro. Essa é uma ação forte que a gente tem feito principalmente com o Banco do Brasil para que isso ocorra”, comentou o secretário Jaime Verruck, da Semagro.
De acordo com o presidente da Aprosoja/MS, André Dobashi, Mato Grosso do Sul atingiu a casa de 20,1% da sua colheita, puxada principalmente pela Região Norte, nos municípios de Chapadão do Sul, Coxim e Alcinópolis, que já contam com 46% colhido. “Isso deu uma oxigenada na colheita nos últimos dias, que foram bastante secos e com a temperatura bastante elevada, dando esse impulsionamento na colheita da Região Norte”, afirmou.
Na Região Centro, marcada pelos municípios de Campo Grande e Rio Brilhante (o mais afetado pela estiagem e depois pela geada), foi atingido o patamar de 27,5% na colheita. Na região Sul, com as maiores plantações de milho no Estado, foram colhidos 13,2% da safra. “Os municípios de Dourados, Caarapó, Itaporã e Laguna Carapã foram os que mais aumentaram a velocidade de colheita e esses 20,1% alcançados no Estado tiraram um pouco do atraso da média histórica, mas ainda temos um ritmo muito fraco de colheita, com médias bastante frustrantes para o produtor”.
Segundo André Dobashi, “temos registrado lavouras com produtividade abaixo de dezesseis sacos por hectare, com alguns produtores colhendo oito, sete sacos. Estão só passando a máquina para fins de seguro. Outros, que infelizmente não têm seguro, estão em uma marcha de colheita bastante frustrante. Importante lembrar que a comercialização dessa segunda safra de milho está em 58%. Ou seja, dos seis milhões de toneladas, mais ou menos que a gente espera produzir nessa segunda safra, praticamente 60% disso já está comercializada ou já foi comercializado pelos produtores”.
O secretário Jaime Verruck acrescenta que “as entidades também têm feito uma negociação junto às empresas sobre a necessidade da entrega. Também nos preocupa, obviamente, o abastecimento no país. O governo federal já está adotando medidas para facilitar a importação desse produto, com aquisições da Argentina para cobrir essa diferença de quebra de safra registrada não somente em Mato Grosso do Sul, mas em vários estados brasileiros. Teremos uma necessidade de aumento das nossas importações e haverá uma pressão nos custos de produção de carne e no preço final para o consumidor. Essa é a lógica do mercado e as medidas estão sendo tomadas visando reduzir o impacto ao produtor rural e ao consumidor”, finaliza o titular da Semagro.
Marcelo Armôa, Semagro
Foto: Saul Schramm